“Mudanças sensíveis na indústria de fundos de investimentos” no Brasil

luis_roberto_zaratin
Cedida

2012 foi o ano em que as taxas de juros, nominais e reais (descontada a inflação), caíram de forma expressiva no Brasil – Os juros nominais estão em 7,25% ao ano (SELIC) e os juros reais em torno de 1,8% a 2% ao ano. A sensação que temos aqui é que talvez tenham caído em uma velocidade tal, que não permitiu acompanhamento por parte dos indivíduos e das empresas do país, acostumados com altos juros com risco baixo, proporcionado pelos títulos do tesouro nacional, principalmente os vinculados à remuneração da SELIC e os que remuneram inflação (CPI) mais juros reais.

Tal cenário provocou e continuará a provocar mudanças sensíveis na indústria de fundos de investimentos no Brasil, “empurrando” os investidores a modalidades de maior risco. Não observamos ainda uma migração importante para a categoria de ações, e sim para fundos multimercados, que abrigam uma gama enorme de estratégias, podendo ter comportamento de portifólios que fazem apostas maiores em juros e moedas, fundos balanceados ou mistos e até fundos com comportamento de hedge funds. Esta categoria recebeu ao longo de 2012 até dia 19 de dezembro BRL 31.489 milhões em investimentos. Os fundos DI (atrelados à taxa diária de juros) receberam apenas BRL 9.187 milhões; os de renda fixa BRL 19.670 milhões e os de ações apenas BRL 4.713 milhões. Os fundos de previdência estão na frente com BRL 32.733 milhões, mas dentro da categoria, os previdência multimercados são o carro chefe. No ano a industria brasileira cresceu BRL 120.134 milhões em todas as categorias, incluindo private equity  (BRL 17.157 milhões, maior que DI e renda fixa).

O investidor brasileiro possui perfil bastante conservador e ainda prefere produtos de investimento com menor risco aparente, ao menos na teoria: fundos de crédito privado e títulos high yield, que no dia a dia parecem não ter volatilidade e proporcionam ganhos parecidos com um passado que vai ficando para trás. Talvez este seja o maior motivo para não termos assistido uma migração maior para as ações, que será inevitável no futuro, mas certamente não é o único: os riscos que a economia global ainda enfrentará, a composição do índice BOVESPA (e a maioria dos fundos disponíveis são “indexados”), mais diversificado que no passado, mas ainda concentrado e a apreensão com o tratamento do governo aos setores sob concessão também afastam possíveis investidores. As previsões de abertura de capital pelas empresas também decepcionou: eram esperados cerca de 12 IPOs para 2012 e tivemos apenas 3.