O renminbi e o mercado de obrigações "dim sum"

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Cedida

Nos últimos três anos, a China tem feito enormes esforços para internacionalizar o renminbi (RMB). As trocas comerciais em RMB aumentaram, o mercado de obrigações "dim sum" (denominadas em RMB) desenvolveu-se e alguns bancos centrais começaram a incluir o RMB nas suas reservas. Estes esforços de internacionalização fazem parte do mais recente plano de 5 anos, lançado em 2010, e dão aos investidores a oportunidade de entrar num mercado novo e atrativo.

Numa perspetiva de futuro, há três perguntas que importa fazer. Até que ponto o RMB ainda está subvalorizado? Irá a China permitir uma maior apreciação do RMB? E, por último, quais são os riscos de potenciais perdas (downside)?

A nossa estimativa aponta para uma subvalorização entre os 10% e os 15%, deixando assim margem para uma maior apreciação. O que nos leva à segunda questão: como o mercado espera e pressiona por um RMB mais forte, acreditamos que a China permitirá uma ligeira apreciação da sua moeda. Não obstante os potenciais efeitos negativos nas exportações chinesas, uma moeda mais forte contribuirá positivamente para objetivos como o aumento do consumo interno, uma melhor distribuição da riqueza e a promoção de indústrias chinesas com maior valor acrescentado. No entanto, tendo em conta que as exportações ainda representam cerca de um terço do PIB chinês, uma apreciação forte e abrupta afigura-se muito pouco provável. Uma outra questão é o valor do RMB face a outras moedas que não o USD. Nos últimos três anos, o RMB valorizou 25% face ao iene japonês (que representa 7,5% do total de exportações), mas apenas 4% face ao euro, que representa 17% do total de exportações. As notícias recentes sobre um alargamento da banda de flutuação para além de 1% sugerem que a China está disposta a dar às forças de mercado uma maior margem de manobra para determinar o valor - algo que, embora venha a implicar mais volatilidade, também deve ser encarado como um fator positivo.

No que diz respeito a riscos de potenciais perdas (downside), nunca se pode descartar uma eventual depreciação da moeda. No entanto, uma decisão política de forte desvalorização da moeda iria certamente destruir a confiança dos investidores na moeda e prejudicar seriamente o processo de internacionalização, o que é claramente contrário às metas estabelecidas pela China. Daí, a nossa avaliação: um RMB com mais riscos de potenciais ganhos (upside) do que riscos de potenciais perdas (downside).

Além da moeda, consideramos o mercado de obrigações atrativo. O nível de rendibilidade (yield) de Hong Kong está cerca de 150 pb acima da do USD. Isto significa que os investidores que apostam num desempenho positivo do RMB ainda são brindados com uma rendibilidade atrativa. Com uma duração bastante curta, de cerca de três anos, o risco de taxa de juro que os investidores enfrentam é baixo. Por último, para um investimento de sucesso no mercado de obrigações "dim sum" é crucial uma gestão do risco de crédito. Sendo a maioria dos emitentes entidades sedeadas na China ou em Hong Kong, o conhecimento específico local é um fator fundamental e, obviamente, espera-se que seja uma fonte de alfa.