Apresentamos as perspetivas nacionais para 2024. Susana Vicente, da GNB GA, aborda os principais riscos a ter em conta e destaca as obrigações para o novo ano.
COLABORAÇÃO de Susana Vicente, responsável da área de Investimentos, da GNB Gestão de Ativos.
A inflação terá atingido o seu topo, mas o caminho em direção aos desejados 2%, pelos bancos centrais, poderá demorar algum tempo (mais nos EUA que na Europa) e passará por um abrandamento económico (mais na Europa que nos EUA).
Tendo este contexto em mente, o ambiente em 2024 será, ainda, de taxas de juro altas, mas com uma tendência descendente em ambos os lados do Atlântico.
Principais riscos
Os riscos a este cenário não são negligenciáveis quando se mantém uma grande incerteza a nível geopolítico, com dois conflitos relevantes a decorrer, no Médio Oriente e no Leste da Europa, ao mesmo tempo que se realizarão eleições em muitos países, com destaque para as Presidenciais nos EUA, com impacto no resto do Mundo, e em Taiwan, que poderá catalisar mais tensões com a China.
Por outro lado, o preço da energia é também um risco, já que, qualquer fator que puxe o preço do petróleo para cima, colocará em cheque toda o caminho, descendente, já feito pela inflação.
Obrigações em destaque para 2024
Em função deste contexto, e dos riscos indicados, consideramos que 2024 será um ano em que o ativo obrigações terá a melhor relação risco/retorno. Geograficamente, será muito importante a diversificação, nomeadamente ter exposição em Mercados Emergentes e Japão.
Como critérios de investimento, no próximo ano deverá voltar a ser muito relevante ter uma estratégia de seleção nome a nome, quer estejamos a falar de ações, quer de obrigações. Isto significa conseguir encontrar as empresas que tenham capacidade e/ou oportunidades de negócio num ambiente de menor crescimento económico e com custos de financiamento altos, durante um período mais longo no tempo. Esta seleção, bottom up, será crítica quer ao nível das ações, quer ao nível das obrigações.
Identificados estes os critérios de seleção, podemos passar à identificação dos temas em que achamos relevante ter exposição. Assim, e por um lado, o movimento da desglobalização e da descarbonização continuará a avançar, permitindo oportunidades de negócio para as empresas capazes de ultrapassar e substituir as cadeias de abastecimento, de forma mais eficiente, assim como de desenvolver e adotar novas tecnologias de geração de energia não fóssil, respetivamente. Por outro lado, o mundo da Inteligência Artificial (seus fornecedores e utilizadores) continuará debaixo de olho de todos os investidores em função, não só, do seu potencial crescimento individual, assim como, do seu contributo para uma economia mais eficiente que poderá ajudar, inclusive, no processo de descida de inflação.
Os fundos mistos
Os fundos mistos, balanceados, são aqueles que, naturalmente investindo em diferentes tipos de ativos e podendo ganhar exposição a diferentes estratégias, continuam a ser o tipo de fundos que achamos mais interessantes. Este é um meio que permite aos investidores participarem numa gestão que, diariamente, se tenta adaptar às oportunidades de mercado e procura, ativamente, evitar os riscos, com perfis de risco/volatilidade perfeitamente identificados.