Um quadro macro incomparavelmente benigno, com as ações europeias a beneficiarem de um ‘cocktail perfeito’

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O quadro global macroeconómico revela-se amplamente favorável, traduzindo a perspectiva de aceleração do crescimento mundial (+3,5%), impulsionado pelo desempenho mais positivo das economias desenvolvidas – EUA, Europa e Japão – em contraste com a manutenção de tendências marcadamente assimétricas observadas por um conjunto de economias emergentes e que cristalizam o perfil idiossincrático da severa amplitude do Mundo Emergente – substanciais diferenças de competividade estrutural, níveis de dívida pública e externa, drivers de crescimento potencial, critérios geo-políticos, entre outros.

Outros factores que consubstanciam o nosso optimismo em torno do quadro macroeconómico em 2015 passam por um cenário de neutralidade fiscal – a qual revela particular importância face ao passado recente na Europa – em simultâneo com a manutenção de políticas monetárias ultra-expansionistas, mesmo num contexto de tentativa inicial de normalização de taxas promovida pelo FED. Esta divergência do quadro macro-económico e monetário entre os EUA e a Europa deverá acentuar a trajectória de valorização relativa do USD, gerando impactos distintos ao nível dos fluxos comerciais (alargamento do défice externo norte-americano) e das diferentes classes de activos – poderá inclusive colocar pressão adicional sobre a evolução do preço do crude nos mercados internacionais em função do elevado nível de correlação histórica (negativa) entre estes dois activos.  

Do ponto de vista de alocação geográfica, acaba por ser relativamente intuitivo a nossa preferência por acções do mercado Europeu, as quais beneficiam praticamente de um “cocktail perfeito” assente na eficácia das políticas de QE anunciadas pelo BCE (compras mensais de activos no valor de EUR 60 mil mn) e que já produziram um efeito substancial sobre o actual movimento de depreciação do Euro e na quebra das yields de dívida Soberana na Europa – em particular na Periferia e nas maturidades mais longas – conduzindo a um extraordinário flatenning das curvas de rendimento na generalidade dos países Europeus.

Para além do quadro macro incomparavelmente benigno, o nível de liquidez manter-se-á excepcionalmente elevado, o que num contexto de “taxas de juro zero” deverá suportar a evolução do mercado accionista – cujo nível de avaliação se revela consistente com a actual fase do ciclo e bastante atractivo em relação a outras classes de activos.  O estágio do ciclo de resultados das empresas Europeias também revela um amplo espaço de crescimento face a níveis observados nos anos pré-crise (2008-10), factor que deverá conter o movimento de expansão indiscriminada dos principais múltiplos fundamentais.

O índice PSI-20 poderá arrecadar em 2015 valorizações superiores aos peers Europeus, recuperando assim “parte do terreno perdido nos últimos anos” ao beneficiar do duplo efeito: i) breakout do crescimento económico com o progressivo kick-in das reformas estruturais implementadas; ii) divergência do histórico movimento de valorização da dívida Soberana Portuguesa face a uma tépida recuperação protagonizada pelo Equity sugere um amplo espaço de revalorização do PSI-20 no médio-longo prazo