O interesse por fundos mistos disparou no ano passado, no entanto a oferta é mais limitada quando comparada com as classes de ativos mais tradicionais. Conheça os produtos estrela das entidades internacionais.
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2014 foi um ano muito bom para os fundos de investimento. Os fundos mistos ganharam uma grande popularidade ao longo do ano passado, com o segmento a registar um forte crescimento. Esta tendência foi também vivida a nível europeu. Os últimos dados da Lipper Thomson Reuters, referentes ao final de outubro, mostram que nos últimos doze meses os produtos mistos captaram 109.000 milhões de euros, sendo a categoria com maior procura nesse período.
Apesar do grande interesse por estes produtos, a oferta é limitada. Um recente estudo realizado pela Funds People mostra que é nos fundos mistos que a oferta é menor, mas com as entidades internacionais a fazerem um grande esforço ao nível da inovação.
E quais são os produtos estrela de cada entidade para este ano que agora começou? Conheça a escolha de cada gestora.
O fundo misto escolhido por Nuria Trio para 2015 é o Amundi Patrimoine. Segundo explica a diretora-geral adjunta da Amundi é um produto flexível de gestão ativa que procura rendimentos consistentes a longo prazo, através de múltiplas classes de ativos, zonas geográficas e sectores. “Num contexto de recuperação a distintas velocidades, a diversificação na escolha de ativos e a seleção de empresas é essencial. O fundo faz uma gestão ativa e flexível para poder adaptar-se às condições dos mercados, procurando os ativos ou temáticas mais rentáveis em cada momento e evitar zonas mais turbulentas para obter rendibilidades consistentes e duradouras. O seu controlo de risco é estrito o que permite resistir melhor às quedas e mudanças da tendência dos mercados”.
A escolha de Luís Martín, director de vendas da BlackRock para a Ibéria é o BGF Global Multi-Asset Income. A flexibilidade deste fundo permite investir em mais de dez classes de ativos que geram rendibilidade, em mais de 40 países e 20 sectores diferentes, desde bens imóveis a infraestruturas, passando por crédito estruturado e obrigações sem grau de investimento. Em vez de centrar-se no rendimento em toda a escala, o gestor Michael Fredericks tem atenção especial à gestão de risco e tem como objetivo a proteção face ao risco em mercados em queda. “Agora, mais do que nunca, é necessária uma maior amplitude para encontrar rendibilidades atrativas. A combinação entre as taxas de juro baixas e a volatilidade crescente do mercado significa que pode ser necessário repensar onde e como procurar rendibilidade”.
Luis Ojeda, responsável da Deustche Asset & Wealth Management para Portugal e Espanha considera que, em 2015, o ambiente de mercado não será muito diferente ao que vivemos nos últimos meses de 2014, embora previsivelmente com maior volatilidade. “Com as taxas de juro perto de zero, o investidor irá continuar a procurar produtos que ofereçam rendibilidades mais interessantes do que os depósitos a prazo ou as obrigações. Atualmente já estamos a ver como é que os fundos multiativos estão a crescer em importância como alternativa de investimento dos investidores, uma tendência que, provavelmente, vai continuar nos próximos meses. Por isto, na gestora, destacamos o Deustche Invest I Concept Kaldemorgen, um fundo flexível com objetivo de gerar rendibilidade absoluta, e que investe tanto em ações como em obrigações, divisas, ouro e outros instrumentos financeiros. A estratégia não está ligada à evolução de um índice de referência e trabalha com uma escolha dinâmica entre ações e obrigações, com uma visão de 360 graus dos mercados de capitais. A equipa de gestão procura um perfil assimétrico de retorno/risco comparado com as ações (2/3 da subida; 1/3 em queda) e com um objetivo de volatilidade (não garantido) de apenas um dígito. Por este motivo, integra-se a análise e o controlo do risco no processo de gestão, seguindo-se de muito perto o orçamento de risco”, explica.
O fundo misto escolhido por Sebastián Velasco, diretor-geral da Fidelity Worldwide Investment é o Fidelity Funds Global Multi Asset Income. O fundo investe em todo o tipo de ativos a nível mundial. O gestor afirma que, em geral, as rendibilidades da maioria dos ativos serão baixas durante os próximos anos. O motivo são as altas valorizações atuais, depois da recuperação mundial em 2014. No que diz respeito ao investimento orientado para as rendibilidades, os baixos rendimentos levaram os investidores a irem mais longe em busca de ganhos. “À medida que avançamos em 2015, os investidores que procurem rendibilidades irão, provavelmente, encontrar as melhores oportunidades longe dos ativos mais tradicionais. Isso vai aliená-los, provavelmente, dos títulos de dívida pública. Mas, por outro lado, irá trazê-los para investimentos menos convencionais, como é o caso as obrigações high yield, empréstimos e ações”, explica o especialista.
Ramón Pereira, escolhe para 2015, o Franklin Income. É um fundo misto norte-americano cujo principal objetivo é a geração de rendibilidades. Segundo explica o diretor-geral da Franklin Templeton Investments para a Ibéria, é um dos fundos com mais história no mercado. A versão americana do fundo nasceu em 1948 e a versão SICAV é de 1999. “Num ambiente de baixas rendibilidades em obrigações, um fundo com exposição a ações entre 30% e 50% parece-nos ser a melhor alternativa para um aforrador que procure rendibilidade e apreciação de capital a longo prazo. 65 anos de história sem deixar de distribuir rendimentos e mais de 100.000 milhões de dólares sob gestão são a melhor garantia de uma gestão consistente”.
O fundo misto que Javier Dorado considera mais apropriado para 2015 é o JPM Global Income Fund. Trata-se de um fundo global misto, que procura distribuir trimestralmente o maior rendimento possível. Segundo explica o diretor-geral da J.P. Morgan AM para Portugal e Espanha, o fundo “é gerido por uma equipa de especialistas em alocação de ativos que investem de forma diversificada numa gama ampla de ativos com o objetivo de encontrar dividendos e cupões para distribui-los aos investidores. É um fundo que proporciona um complemento perfeito às rendibilidades tradicionais dos aforradores e investidores, sobretudo tendo em conta que estas fontes de pagamento recorrentes hoje em dia pagam ganhos muito baixos (até de forma negativa se se ajustar a inflação). O seu perfil de risco equilibrado permite gerar rendibilidades muito atrativas ajustadas ao risco desde o seu lançamento”, assegura.
O fundo Loomis Sayles Multisector Income é uma estratégia flexível global, com um bias para o mercado norte-americano, procurando retornos consistentes e combinando as tradicionais obrigações, as obrigações convertíveis e as ações. Segundo explica Sophie Del Campo, diretora geral da Natixis Global AM para a Ibéria, América Latina e US Offshore, trata-se de uma estratégia que encaixa perfeitamente na filosofia de construção de uma carteira mais duradoura no tempo. “As obrigações cresceram muito nos últimos tempos e há o perigo de se criar uma bolha. Nesse sentido, acreditamos que seja interessante para o investidor incluir na carteira estratégias de obrigações globais e flexíveis que podem diversificar, tanto a nível geográfico como a nível de qualidade creditícia ou de classe de ativos. Isto tornará a carteira mais robusta e sólida para os investidores, ao mesmo tempo que serão capazes de encontrar rendibilidades mais atrativas. O Loomis Sayles Multisector Income poderá definir-se como um fundo de obrigações misto, que com uma estratégia flexível a nível global procura retornos consistentes, combinando as obrigações tradicionais, obrigações convertíveis e ações quando é oportuno (4,5% no final de outubro e 9% como máximo desde do seu lançamento). A principal vantagem do fundo é a sua flexibilidade, ou seja, a capacidade dos gestores em tirar o maior partido das distintas classes de ativos dentro das obrigações, que funcionam como o núcleo central da carteira, combinando-a quando a equipa de gestão considera oportuno e com uma percentagem limitada de obrigações convertíveis e de ações”.
O produto misto que é a aposta de Laura Donzella para 2015 é o Nordea 1 – Stable Return Fund. A diretora de vendas da Nordea para a Ibéria e América Latina explica que se trata de uma carteira equilibrada, centrada na preservação de capital e na geração de rendibilidades estáveis. “O fundo, gerido por uma equipa de multi-ativos da entidade, segue um estrito orçamento de risco para obter os melhores resultados possíveis, a partir de uma combinação de fontes verdadeiramente descorrelacionadas”. Segundo Donzella, num ambiente de rendibilidades muito baixas, com diversas classes de ativos próximas dos máximos históricos em termos de valorização, as obrigações tradicionais não oferecem proteção suficiente em caso de queda dos mercados. “Os investidores espanhóis de perfil conservador podem contar com esta alternativa excepcional como base para construir as suas carteiras, sem temer pela segurança das suas poupanças”.
Para Isabel de Liniers, responsável de vendas para Portugal, da Pioneer Investments, e para Teresa Molins, diretora de vendas de clientes institucionais da entidade, o produto escolhido é o Pioneer Funds – Global Multi Asset Target Income. É um fundo da gama de “Target Income” da entidade, e que pode investir em todos os ativos globais (ações, obrigações, commodities e REITs). A exposição máxima a ações será de 50%, em função da visão macro. A qualidade média da carteira de obrigações é A e a duração média será entre 3,5 e 4 anos. O fundo pode investir em derivados de forma táctica para gerir a sua exposição ao crédito. Neste sentido, utiliza estratégias com derivados para complementar os cupões e dividendo obtidos, mas a maior parte dos rendimentos distribuídos é conseguida com os instrumentos tradicionais. O gestor fixa um objetivo de rendimentos (em 2014 foi de 5% em dólares) com uma meta de volatilidade entre 5%-10%. Por último, destacam que o fundo é gerido de forma muito ativa com a filosofia de preservar capital, o que, segundo explicam, faz com que tenha um perfil de retorno/risco muito atrativo.
O contexto económico que separa 2014 e 2015 é marcado por um crescimento lento, acompanhado de alguns riscos que irão causar volatilidade. Na equipa dirigida por Carla Bergareche, diretora geral da Schroders para Espanha e Portugal, acreditam que será importante selecionar estratégias flexíveis que se podem adaptar a diferentes mercados. “Os fundos multiativos oferecem uma solução de investimento neste contexto já que contam com uma ampla gama de instrumentos de investimento para diferentes perfis de risco. O Schroders ISF Global Dynamic Balanced oferece potencial de valorização ao mesmo tempo que gere de forma ativa as quedas do mercado. Este fundo constrói a carteira tendo em atenção o retorno/risco que oferece cada um dos ativos (prémios de risco), e centra-se naqueles que oferecem melhores oportunidades. O fundo está desenhado para aqueles investidores com um perfil médio que querem “apanhar" parte da subida dos mercados mas que não estão dispostos a sofrer potenciais quedas bolsistas. Na Schroders sempre quisemos criar carteiras globais e diversificar os riscos de aprofundamento que há por trás de cada classe de ativos para conseguir maior proteção em períodos de mercados mais complicados”.
O fundo misto escolhido pela equipa ibérica da UBS Global AM para 2015 é o UBS (Lux) Strategy Fund Balanced. Segundo explica Juan Infante, o fundo gerido por Marc Both e Robert Hellstrand, investe em obrigações, principalmente de qualidade alta e em instrumentos de mercado monetário, e ainda em ações. Investe globalmente e em proporção praticamente igual, tanto em ações como em obrigações. Em linhas gerais adopta uma relação de paridade entre ações e obrigações. A ponderação das diferentes classes de ativos é mantida dentro de um intervalo concreto para ter em conta o perfil de risco do produto. “O fundo tem uma gestão ativa e proporciona ao investidor um acesso cómodo e direto à visão interna da UBS, que se baseia em ideias de investimento dos especialistas da entidade em todo o mundo”, afirma Juan Infante.