A gestora oferece índices feitos à medida para clientes institucionais, como fundos de pensões, gestores de ativos de bancas privadas, bancos de investimento, seguradoras ou fundos soberanos.
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As soluções que as gestoras oferecem aos seus clientes institucionais continuam a evoluir. A Robeco tornou-se provedora de índices para clientes, como fundos de pensões, gestores de ativos de bancas privadas, bancos de investimento, seguradoras ou fundos soberanos.
Joop Huij, diretor de soluções de índices sustentáveis da Robeco, conta a génese desta linha de negócio: “Anteriormente, fui responsável de investimento em fatores, que inclui estratégias smart beta e investimento quantitativo. Oferecíamos fundos e mandatos a clientes e os índices surgiram nesta área. Tudo começou em 2015 com um grande cliente que estava muito interessado nas estratégias, mas que também queria que as implementássemos in-house”. Para dar resposta a esta procura, Joop Huij e a sua equipa pensaram que, com a criação de índices, poderiam gerar uma carteira modelo para o cliente de forma robusta e segura. “Este último aspeto é muito importante, porque quando partilhamos uma carteira modelo com um cliente, temos informação do que se vai executar nos próximos dias, pelo que tudo tem de ser muito confidencial”, esclarece.
Desta forma, começaram não só a oferecer fundos e mandatos, como também índices como forma de aceder às estratégias. A procura foi aumentando e o Comité Executivo da Robeco decidiu começar uma linha de negócio exclusiva dedicada a índices em 2017.
As consequências da transparência dos índices
“Oferecemos estratégias ativas, temáticas e/ou sustentáveis concebidas à medida através de índices. Dada a nossa experiência como gestores, quisemos diferenciar-nos de outros provedores de índices, analisando a questão da transparência pública”, afirma. O gestor explica que têm vindo a estudar e a analisar, em colaboração com a Universidade Erasmus de Roterdão, as consequências dessa transparência e do que significa investir em índices publicamente transparentes.
“Os resultados mostram que, por vezes, os compradores do índice podem ficar em desvantagem quando outros participantes do mercado tomam posições antes de os ETF negociarem as alterações nos índices”, afirma. Isto é possível porque a informação desses instrumentos é pública, tanto a sua metodologia como os dados pro forma estão disponíveis. “Nós apenas partilhamos a nossa metodologia com os nossos clientes, são produtos muito ajustados às suas preferências, são feitos à medida”, afirma.
Já construíram dezenas de índices, mas, além disso, para alguns clientes também gerem a capacidade, algo exclusivo para estes. Outros podem partilhar um índice, mas as consequências que isto pode ter são sempre abordadas. “É precisamente a nossa experiência prévia como gestores que nos permite avaliar os problemas de capacidade. De facto, é chocante que alguns índices muito populares tenham milhares e milhares de investidores. Quais são as consequências? São muito baratos, mas se muitos investidores estão a entrar nas mesmas ações ao mesmo tempo, pode dar-se o chamado overcrowding, o que faz com que os preços de certas ações sejam sempre elevados e tenham menos retorno potencial”, explica.
Tipos de índices
Os índices mais procurados foram, inicialmente, os smart beta, mas nos últimos anos, a procura do mercado inclinou-se mais para os índices sustentáveis. Para Joop Huij, um dos principais dilemas dos índices sustentáveis é que as pontuações ESG comuns não estão correlacionadas, pelo que não é claro se se adequam bem às preferências dos investidores.
Estas dificuldades levaram-nos a pensar numa metodologia diferente, focando-se numa análise menos normativa e baseada em factos. “Revimos as listas de exclusões de muitos fundos em todo o mundo e analisamos qual era a pontuação média de uma empresa que constava na maioria das listas de exclusão, segundo os ratings dos principais provedores de ratings ESG. Esperávamos que a maioria dessas ações presentes na maioria das listas de exclusão tivessem um rating ESG baixo, mas estávamos enganados: cerca de metade tinha um rating positivo, incluindo 25% das empresas de tabaco. E isso preocupou-nos porque, de certa forma, demonstra que a maioria dessas classificações não estão muito de acordo com a ideia de sustentabilidade de muitos investidores”, afirma.
Para resolver este problema, procuraram uma linguagem comum que os investidores pudessem entender e olharam para os ODS como um ponto de partida. “A Robeco tem uma estratégia comprovada para investir de forma alinhada com os ODS que utiliza como referência para conceber as próprias pontuações ODS. Ao aplicar este quadro de referência, os resultados mostraram que 95% das empresas mais excluídas (em comparação com 50% do primeiro modelo) tiveram uma pontuação negativa. É uma abordagem diferente da que encontramos no mercado, mas mais ajustada com a ideia de sustentabilidade de muitos dos nossos clientes”, esclarece.
Caraterísticas dos índices
Os índices que constroem podem ser muito diferentes, podem ter 1.000 ações ou 50, sempre de acordo com o que os investidores estão à procura. “Para alguns, o mais importante é o clima e, para outros, o alinhamento com os ODS. Também acreditamos que as estratégias podem ser alteradas ao longo do tempo, sobretudo se as preferências dos clientes mudam. É por isso que a flexibilidade de gestão que estes índices permitem é importante”, afirma.
Com os índices, a Robeco procura uma forma flexível de fornecer soluções de investimento aos clientes. Atualmente, existem apenas de ações, por questões de liquidez. A Robeco é a administradora e é responsável pelos reequilíbrios, mas para a manutenção dos índices também trabalha com agências de cálculo que intervêm se houver eventos corporativos.
Quanto ao número ótimo de posições num índice, Joop Huij considera que é preciso encontrar um equilíbrio entre manter liquidez e não exceder a capacidade. “É uma questão muito importante, sobretudo no campo da sustentabilidade. Teoricamente, temos aprendido que o ideal seria diversificar tanto quanto possível, mas, na prática, há um ponto em que a diversificação já não acrescenta mais valor e pode mesmo diminuí-lo, porque acrescentar muitas empresas pode potencialmente acrescentar risco de reputação adicional. Temos estudado o trabalho de Markowitz e 600 nomes chegam, embora, naturalmente, em certos investimentos temáticos, não haja tantas empresas”, refere.