Dados do Banco de Portugal mostram um aumento da liquidez no balanço dos fundos de investimento nacionais, provável reflexo de uma atitude mais defensiva por parte das equipas de gestão.
Na mais recente publicação do Boletim Estatístico do Banco de Portugal, com dados referentes ao final do primeiro mês de 2016 é referido que o “valor das unidades de participação em circulação dos fundos de investimento (valor líquido global) atingiu 23,4 mil milhões de euros”, o que representa o menor valor desde dezembro de 2000. São essas as informações que se podem ler no documento oficial do Regulador. Este valor representa um recuo de cerca de 300 milhões de euros, face ao último mês de 2015 e 1.366 milhões face ao mês homólogo de 2015.
Segundo o Banco de Portugal isto deve-se a uma “redução de atividade de todo o tipo de fundos”, que se pode sintetizar em dois grandes factores: a desvalorização dos valores mobiliários e o resgate de unidades de participação verificada durante o mês. No primeiro caso, e a título de exemplo, deve recordar-se que o PSI-20 caiu durante o primeiro mês de 2016 cerca de 4,7%. Relativamente ao segundo factor, os dados da Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Patrimónios – APFIPP – mostram que os resgates superaram as subscrições em 152 milhões de euros, no mês de janeiro.
Os dois gráficos seguintes mostram a tendência de queda no que diz respeito às unidades de participação. No primeiro gráfico pode ver-se a redução do valor líquido global de 26 mil milhões em janeiro de 2011 para 23,4 mil milhões de euros no final de janeiro último.
No que toca aos principais sectores investidores em unidades de participação, destaque para a inversão da tendência de crescimento das posições de ‘instituições financeiras monetárias’ e para uma tendência de longo prazo de declínio das posições de ‘particulares’ e ‘sociedades de seguros e fundos de pensões’.
Fonte: Banco de Portugal
Investimento mais defensivo em ritmo ascendente
Quando consideramos a desagregação dos ativos em balanço dos fundos de investimento nacionais, nos últimos seis anos, é patente a preponderância de ativos imobiliários, representados pela categoria ‘ativos não financeiros’, mas a variação mais evidente no passado recente passou pelo aumento da liquidez em balanço. Efetivamente os dados do Banco de Portugal mostram que existiu um incremento de 1.367 milhões de euros na categoria de ‘depósitos e equiparados’, nos últimos seis anos, o que em termos percentuais representa um valor próximo dos 38%. Estes ativos aumentaram a sua presença na carteira dos fundos de investimento de 10% para quase 19%, no período já referido.
Desde janeiro de 2010 até janeiro último, o maior aumento percentual ocorreu no investimento noutros fundos, que passou para um total de 2.835 milhões de euros, depois de um crescimento de 60%, ou seja, pouco mais de mil milhões de euros. Em sentido contrário seguiram os restantes ativos. Destaque principal para os títulos de dívida que recuaram mais de 65% no mesmo período para um total investido por parte dos fundos de investimento de 3.686 milhões de euros.
carregue no gráfico para o aumentar