As gestoras estrangeiras acreditam que o governo e as autoridades vão continuar a apontar baterias no sentido de minimizar os danos na economia do país.
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No rescaldo das correções da bolsa chinesa, as gestoras internacionais vão emitindo alguns pareceres não apenas sobre o ‘estado’ do mercado de ações, mas também acerca das próprias medidas que o governo chinês tem vindo a implementar durante os últimos tempos.
“A correcção que estamos a ver na bolsa chinesa era previsível e inevitável”. Isto é o que pensa Jing Ning, gestora do FF China Focus Fund. “As valorizações tinham subido sem que em paralelo se tivesse produzido uma melhoria dos fundamentais. No entanto, a magnitude da queda do mercado é maior do que se tinha esperado”, entende a profissional. Para a profissional da Fidelity Worldwide Investment, “o sell-off começou de forma indiscriminada, mas passado um tempo, os investidores encontraram empresas com valorizações favoráveis e fundamentais atractivos, e essas empresas serão relativamente imunes às flutuações do sentimento”.
Relativamente à política monetária do gigante asiático, “importa referir que o país acaba de começar a flexibilizar a sua política monetária, visto que as taxas não começaram a baixar até novembro de 2014 e têm margem para continuar a baixar”. No entanto, da entidade, alertam que “convém estar atento às respostas das autoridades, já que existem indícios de que esta resposta vai acelerar à medida que o período de desaceleração económica se vá estendendo. Os cortes das taxas de juro e as grandes iniciativas públicas a longo prazo, como o ‘One Belt One Road’, são exemplos de como o governo está a responder e a gerir as difíceis condições económicas”.
Da Invesco entendem, por seu lado, que o governo fez o que deveria ser feito para travar a espiral de quedas da bolsa. “Dado o frágil estado dos mercados na China, onde 85% do mercado de ações série ‘A’ é guiado pelos investidores de retalho, acreditamos que as recentes medidas do governo eram necessárias para acalmar o pânico causado pela dissolução das posições das margens financeiras”, reiteram. Também a Fidelity enfatiza a intervenção do governo chinês, referindo que o executivo “redobrou os seus esforços para colocar um travão às quedas”, ao passo que “as autoridades chinesas e os principais atores de mercado anunciaram uma série de medidas de apoio durante a última semana para restaurar a confiança dos investidores”.
Em termos económicos, ambas as gestoras continuam a acreditar que o governo chinês fará tudo para suportar a situação do país.Da Fidelity Jing Ning reforça que “o governo comprometeu-se a estimular o crescimento do PIB, e o mais provável é que mantenha o impulso reformador”. Da Invesco esperam que o impacto da política monetária mais flexível esteja de volta, e “deva guiar a melhoria dos dados económicos durante a segunda metade do ano”.
Ações série ‘H’: deve ser o foco de atenções
Tal como outras entidades já tinham enunciado, também da Invesco falam da crença nas ações série ‘H’. “Apesar das recentes correções do mercado de ações chinês, não mudámos a nossa visão e continuamos positivos nas ações ‘H’, porque os fundamentais mantêm-se intactos e as valorizações são atractivas”, referem. Na opinião da gestora, o mercado de ações referido “está melhor posicionado para suportar a volatilidade do mercado, porque oferece valorizações mais razoáveis, bem como uma base de investidores mais diversificada”.
Afinal como funciona o mercado de ações chinês?
Numa explicação dada há mais de três anos, o guru dos mercados emergentes, Mark Mobius, escrevia no seu blog um post sobre as principais características do mercado accionista do país, que por esta altura faz todo o sentido recuperar.
Segundo o gestor da Frankin Templeton Investments, as ações série ‘A’ são aquelas de empresas chinesas locais denominadas em renmibis, e negociadas principalmente entre investidores locais nas Bolsas de valores de Xangai ou Shenzhen. Os investidores institucionais estrangeiros qualificados que obtiveram uma permissão especial do governo chinês também podem participar neste mercado.
No que diz respeito às ações série ‘B’, Mobius indica que estas representam empresas chinesas com um valor nominal em renminbis, mas registadas para transações principalmente de investidores internacionais em dólares norte-americanos na Bolsa de valores de Xangai, ou dólares de Hong Kong na Bolsa de Shenzhen. Os investidores da China continental também podem negociar com ações série ‘B’ mediante contas legais em moedas estrangeiras.
As ações série ‘H’, referidas atrás como um ponto de atractividade neste momento, representam empresas chinesas reguladas por leis chinesas, mas qualquer pessoa pode realizar transações com elas. As ações série ‘H’ estão registadas em Hong Kong e são negociadas em dólares de Hong Kong; por essa razão chamam-se de ações série ‘H’. Neste sentido, os red chips representam as empresas constituídas em Hong Kong, mas cujos interesses comerciais primários estejam na China continental.
Mas as classes de ações enunciadas são as únicas que representam o mercado de ações do gigante asiático. Mobius assegura que alguns investidores também têm como referência as empresas que podem não estar constituídas na China, mas que têm o seu negócio principal ali. É o caso das ações ‘L’ (negociadas na Bolsa de Londres) e as ações série ‘N’ (que negoceiam na Bolsa de Nova Iorque, no Nasdaq ou na American Stock Exchange).