Schroders: Japão tem razões poderosas para se comportar bem este ano

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Os especialistas acompanham de muito perto as movimentações da economia japonesa e os efeitos da experiência quantitativa de Shinzo Abe e Haruhiko Kuroda para devolver de uma vez por todas o caminho do crescimento ao país do sol nascente. Para marcar a saída da recessão da economia nipónica depois de dois meses de crescimento negativo - o PIB do último trimestre cresceu 0,6% - o economista-chefe da Schroders, Keith Wade, comenta que este ano existem dois poderosos factores que vão contribuir para a recuperação do PIB do país.

Wade afirma que relativamente à melhoria do crescimento “enquanto esta é uma boa notícia, os mercados foram à procura de lucros mais fortes, pelo que, havia um elemento de decepção e preocupação desde que os dados mensais publicados durante o trimestre tinha como alvo um resultado mais robusto”. Assim, durante o último trimestre do ano os gastos com consumo cresceram cerca de 0,3%, enquanto a habitação e os gastos de capital foram medíocres. Em contraste as exportações subiram 2,7% , com este valor a sustentar cerca de metade do crescimento do PIB.

Dito isto, Wade enfatiza que na Schroders esperam que a economia japonesa se comporte bastante bem em 2015 e têm razões para pensar assim. A primeira é atribuída ao efeito positivo da queda dos preços do petróleo: “O Japão é um grande importador de petróleo e, portanto, a queda dos preços do crude levou consigo a inflação, significando que os rendimentos reais no país foram positivos e essa é uma grande ajuda para o consumidor. E estes também vão beneficiar em 2015 porque a queda dos preços vai compensar a subida do IVA, que causou muitos danos em 2014”.

O economista-chefe da Schroders deixa para segundo lugar o factor que considera mais importante: “O iene em baixa implica que o sector corporativo japonês seja mais competitivo e acredita que isso se vá refletir num crescimento mais forte das exportações. Além disso também vai apoiar o crescimento do PIB este ano. Portanto, pensamos que 2015 vai ser um bom ano para a economia nipónica”, sublinha.

Para o especialista, a pergunta que vai ser mais difícil de responder é onde é que esta recuperação vai deixar o programa de flexibilização quantitativa do Banco do Japão (BoJ). “A produção em alta indica que não são precisos mais estímulos. No entanto, a inflação mais baixa sugere o contrário, dado o objetivo de 2% por parte das autoridades monetárias”. Wade afirma que “o BoJ vê a queda da inflação puramente como uma consequência dos preços mais baixos do petróleo, em linha com a FED ou o Banco de Inglaterra, pelo que não veremos, infelizmente, mais ação em 2015”. No entanto, considera que se o BoJ adoptasse uma abordagem mais aproximada à do BCE “se iria centrar na inflação global, em vez da subjacente, podendo existir um maior estímulo quantitativo à vista”.