Sete temas de investimento para desenvolver durante o Ano da Cabra

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sptn., Flickr, Creative Commons

Como já lhe referimos, o novo ano chinês é o ano da cabra. Este signo simboliza a honestidade e a sinceridade, mas também a teimosia. Este ano em particular, a cabra está associada ao elemento da madeira. Sob a sua influência, o indivíduo mostra-se espirituoso, atento e dependente dos desejos dos demais. Tendo em conta que se espera que o Partido Comunista Chinês  acelere o ritmo das reformas estruturais, supõe-se toda uma declaração de intenções.

Três temas de investimento para 2015 da Franklin Templeton...

Eddie Chow, diretor de gestão da Templeton Emerging Markets, acredita que “as ações chinesas poderão continuar a comportar-se bem este ano, mas acreditamos que será difícil repetir a forte rentabilidade de 2014”. As razões que apresenta são conhecidas: as valorizações subiram, mas não melhoraram em demasia as previsões sobre os lucros empresariais e as margens de financiamento aumentaram até níveis elevados, o que fez com que o Governo cortasse as taxas de juro. A este nível Chow considera que “o Governo poderia aprovar mais medidas para ajudar os pequenos investidores a evitar um excesso de alavancagem e o sobreaquecimento do mercado”. 

O especialista também menciona alguns temas de investimento com os quais está a trabalhar na Franklin Templeton Investments para este ano. Começa por se fixar na influência positiva para a China da queda dos preços do petróleo, dado que é um país importador: “O Governo aproveitou-se da situação ao aumentar o imposto sobre o consumo de combustível no final do ano passado, beneficiando por isso de novas receitas”. No entanto, considera que se se tiver em conta a queda do preço como um indicador da saúde económica mundial, então “a tendência vai sugerir que a procura global poderá continuar débil”. Isto não seria positivo para o sector exportador e manufactureiro da China”, porque a produção industrial e a procura doméstica poderão estar sob pressão. Da Franklin Templeton estão confiantes que, se este cenário acontecer, o Banco Popular da China atuará com medidas de estímulo quantitativas se assim considerar necessário.

O segundo tema de investimento é precisamente a divergência crescente entre as políticas monetárias. “Embora acreditemos que a liquidez continuará a fluir a partir da Europa e do Japão, o impacto de uma subida das taxas nos EUA seria geralmente negativa sobre os países emergentes, ao induzir fluxos de fundos de volta para os EUA”, diz o especialista. Contudo da gestora acreditam que “muitos destes países parecem estar bem preparados para uma subida das taxas”. No caso concreto da China, prevê que seja provável que vá beneficiar da queda do crude e ao mesmo tempo possa conservar um superavit comercial. Pelo contrário, os países exportadores de matérias primas como o Brasil ou a Rússia poderão ter que subir as taxas para travar os fluxos de saída, o que vai incentivar ainda mais a divergência entre políticas monetárias.

O terceiro tema de investimento tem a ver com a reforma das empresas estatais. Os especialistas da Franklin Templeton concebem um mundo de novas oportunidades de investimento neste campo, assim como em segmentos que tenham reduzido o seu excesso de capacidade, como é o caso dos produtores de papel e cimento.

... e outros quatro da Fidelity

Os especialistas da Fidelity Worldwide Investment também celebraram a mudança do ano chinês com um relatório no qual analisam as temáticas de investimento mais atrativas para este ano. A primeira delas tem a ver com o crescimento de dividendos e não é exclusiva da China, pois estende-se a todo o continente asiático. “À medida que a Ásia vive uma história de crescimento, também se converte numa história de receitas”, indicam da gestora. Acrescentam alguns dados para apoiar esta afirmação: cerca de 95% das empresas da Ásia Pacífico (excluindo o Japão) já remuneram os seus acionistas, e o pay out medio é de 40%. No caso da China, a rentabilidade do dividendo do sector bancário  (incluindo o ICBC e CCBCC) situa-se em torno dos 5,5%, e é superior aos 4% no seio das empresas ferroviárias. Para além disso, um dos planos do governo consiste em incentivar as empresas do estado a começar a remunerar os seus acionistas.

A segunda temática tem a ver com o turismo: “espera-se que os chineses viajem mais do que nunca durante este ano, levando com eles milhões de dólares para gastar em companhias aéreas, hotéis, atrações e bens de consumo em todo o mundo”, explicam os autores do relatório. Recorde-se que no ano passado até 109 milhões de turistas saíram da China para viajar, tendo gasto cerca de 130.000 milhões de euros nas suas viagens. “Parece que o ano da cabra vai superar esse record, devido à subida dos salários, às menores restrições no uso dos visa, ao boom das companhias low cost e a um desejo de conhecer o mundo, fazer compras, relaxar e namorar”, indicam os especialistas da Fidelity. Japão e Estados Unidos encontram-se à cabeça dos destinos turísticos favoritos para os chineses em 2015, graças à flexibilização de ambos os países no que diz respeito ao uso do cartão de crédito. Por outro lado, devido ao câmbio do yan contra o euro, os países europeus poderão beneficiar da chegada de turistas desejosos de comprar objectos de luxo. Na verdade, segundo o relatório, os turistas chineses gastam mais dinheiro em França, do que outros turistas. 

A volatilidade é para a gestora a terceira grande temática a ter em conta se se quer investir nas ações chinesas durante este ano. Falam sobretudo das ações classe A. “Creio que o rally do mercado chinês pode no entanto ir mais longe. Contudo, não manterá o caminho do último trimestre e será volátil”, afirma Jing Ning, gestor do FF China Focus Fund. “O mercado ainda oferece valor para os investidores mas prevejo vaivéns no sentimento guiado por notícias estruturais positivas, mas sem a suavização de notícias negativas em áreas cíclicas do mercado. No entanto, a implementação de reformas e projetos de investimento serão positivas para o mercado no longo prazo”, acrescenta.

A demografia é outra das ideias de investimento na lista da Fidelity. Embora a cabra não seja o signo mais popular do horóscopo chinês – por exemplo a natalidade aumentou cerca de 5% na Ásia quando o ano coincidiu com o do dragão, em 2012 – da gestora acreditam que este ano se poderá assistir a um boom de natalidade (até 9,5 milhões de nascimentos no ano) graças à flexibilização da política do filho único, que definem como “um tema de investimento multianual”. “O consumo em artigos para bebés  - brinquedos, fraldas, comida, roupa, medicamentos, educação – deverá assistir a um crescimento sustentável nos próximos anos”, indicam os especialistas.

No entanto, a razão principal para que as autoridades do Partido Comunista estejam dispostos a mudar as suas políticas de natalidade é porque se prevê que a mão de obra caia nos próximos anos, “o que conduzirá à necessidade de níveis superiores de automatização”, diz a análise. Por sua vez, a melhoria dos avanços tecnológicos vai revelar que será mais barato comprar um robot em vez de se contratar um trabalhador, o que abre outra frente de oportunidades para o investidor. Mas esta ‘história’ corresponderá a outra mudança de ano.