Tendências de trimestre em trimestre

00tres
Carbon Arc, Flickr, Creative Commons

O ano de 2014 tem sido propício em acontecimentos que têm "mexido" com os mercados financeiros, tanto globais como nacionais. O primeiro trimestre foi marcado pelo efeito do tapering americano nos mercados emergentes e pela subida da bolsa nacional; o segundo período foi marcado pelo fim do programa de ajustamento da troika enquanto os últimos três meses foram dominados pelo que aconteceu no Banco Espírito Santo (BES).

Em todos os períodos atrás descritos, conseguimos identificar tendências através dos fundos nacionais que apresentam melhor performance precisamente em cada trimestre.

No primeiro trimestre podemos destacar os fundos de ações nacionais e os fundos poupança ações. Foram eles que dominaram o mercado, apresentando as melhores rendibilidades nas mais de duas centenas de produtos disponibilizados pelas gestoras locais.

O período de abril a junho foi um misto entre a recuperação nos mercados emergentes e a menor rendibilidade por parte dos fundos de ações nacionais. Desta feita, produtos que investem no Brasil e nos mercados emergentes saíram beneficiados, sendo os melhores fundos do trimestre.

No terceiro trimestre do ano, a tendência manteve-se e foi acentuada com a crise no BES. Neste período do ano o destaque foi para os fundos de ações da América do Norte que foram beneficiados pela subida dos índices norte-americanos para consolidarem as suas posições no topo.

Os fundos que mais repetem

Nos três período de análise, existem quatro produtos que aparecem na lista dos “15 melhores” de cada trimestre e que se repetem noutro período. Todos eles têm um universo de investimento fora da Europa, evidenciando que os mercados fora do Velho Continente têm apresentado boas rendibilidades e uma boa consistência. 

Os fundos Caixagest Acções Japão, da Caixagest, o ES Mercados Emergentes da ESAF, o Montepio Multi Gestão Mercados Emergentes da Montepio Gestão de Activos e ainda o BPI África da BPI Gestão de Activos aparecem em dois trimestres nos 15 produtos com melhor performance nesse período.

Há alguns denominadores comuns nestes quatro produtos. O facto de todos terem como core de investimento regiões fora da zona europeia e do mercado norte-americano, as rendibilidades menos positivas no primeiro trimestre e a excelente recuperação nos trimestres seguintes ou ainda o facto de serem todos fundos de ações.

O fundo da Caixagest tem toda a sua carteira alocada em ações nipónicas. Na suas posições destacam-se empresas com a Yamaha Motor, a Astellas Pharma e ainda a Otochu Corp. O primeiro trimestre foi mais negativo, mas o produto apresenta rendibilidades de 5,13% e 5,30% nos segundo e terceiro trimestres do ano. O fundo fechou o mês de setembro com mais de 13 milhões de euros em ativos sob gestão, segundo os dados da Morningstar.

O produto da ESAF é mais variado, tendo em carteira produtos de diversos países. O produto apresenta um volume sob gestão superior a 10 milhões de euros e apresenta como posições principais cotadas como a Taiwan Semiconductor Manufacturing de Taiwan, a sul-coreana Samsung ou ainda o grupo financeiro Banorte do México. A carteira apresenta, também, alguns futuros sobre índice de países considerados emergentes. Em termos de valorização, o primeiro trimestre foi negativo, mas nos restantes os crescimentos foram acima de 5%.

Apostando numa lógica em que a carteira é composta com fundos de entidades internacionais vem o produto da Montepio Gestão de ActivosTendo em carteira produtos que investem nos mercados emergentes de entidades como a BlackRock, a Fidelity ou a Schroders, o fundo consegue ter uma rendibilidade nos últimos dois trimestres de 7,76% e 4,26%, respetivamente. Segundo a Morningstar, o produto tem mais de 7 milhões de euros em activos sob gestão.

A fechar o lote vem o fundo da BPI Gestão de Activos que investe no continente africano. Países como a África do Sul, a Nigéria ou o Egipto aparecem representados nas maiores posições. Em termos de rendibilidade os últimos dois trimestres foram  positivos, com os ganhos a atingirem os 5,36% e os 5,21%.