Especialistas do Deutsche AWM, Morgan Stanley e PwC dão três pontos de vista sobre o presente e o futuro da indústria de gestão passiva.
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A indústria de ETFs não para de crescer em todas as partes do mundo. Mas há questões que importa responder: Como cresce? Até onde se dirige? Continuará a manter as mesmas dinâmicas nos próximos cinco anos? PwC, Morgan Stanley e Deutsche AWM participaram numa sessão conjunta sobre megatendências de investimento em gestão passiva, na qual deram resposta a estas e outras perguntas.
Em suma, as três casas acreditam que a ascensão do uso desta classe de produtos de gestão passiva vai continuar a ser rápida e firme, e vai estar apoiada nas mudanças regulatórias, ao mesmo tempo que a oferta existente vai ser influenciada no curto prazo por factores macro.
Para Keshava Shastry, responsável de ETP e mercados de capitais do Deutsche AWM, atualmente existe uma tendência muito clara em fundos cotados, e uma procura de produtos que permitam investir num variedade de classes de ativos ampla, com cobertura de risco cambial, para que se possa superar a guerra de divisas impulsionada atualmente pelos bancos centrais. Shastry indica que a empresa optou por lançar produtos com distintas classes denominadas em várias divisas que permitam que os investidores se possam mover de uma para outra com liberdade em função da sua visão tática e de uma forma mais eficiente do que fazendo a transferência do dinheiro de um fundo para outro, visto que todas as classes partilham o mesmo subjacente.
Outra das ideias que também foi levada a debate a partir das propostas e observações dos clientes foi a da criação de ETF com risco de taxa de juro coberto, que permite desta forma que os investidores de obrigações joguem com a compressão de spreads evitando flutuações nas taxas.
No entanto, esta não é a ideia prevalecente na indústria. No seu papel de fornecedor agnóstico de liquidez em ETF, assim como de fornecedor de análise, aconselhamento e execução, da Morgan Stanley detectam três mudanças estruturais na indústria de ETF, que são explicadas por Dorcas Philip, diretor executivo da empresa. Na opinião de Philips, as mudanças regulatórias dos últimos anos mudaram a dinâmica do mercado, encarecendo os serviços de broker e reduzindo o uso de futuros por parte de agentes de mercado, como os hedge funds, enquanto que, paralelamente, também se reduziram os retornos. A conclusão da especialista é que “para os investidores estratégicos de longo prazo, agora os ETF são uma forma mais eficiente e barata de construir exposição, enquanto que os futuros são mais adequados para os investidores táticos de curto prazo”.
A segunda mudança estrutural tem a ver com a réplica sintética vs física. “Embora a réplica sintética tenha vindo para ficar, cada vez mais índices estão em réplica física. Por exemplo, 60% dos ETF de ações da db x trackers já estão em réplica física”, comenta a este nível. Finalmente, a terceira mudança estrutural remete para a já referida procura de produtos com cobertura de risco das divisas. Da Morgan Stanley detetaram fluxos de entrada significativos nesta classe de fundos e, para além disso, observam uma consolidação dentro da categoria, marcada por uma forte competição entre fornecedores.
Rumo a 2020
E do presente, para o futuro. Nigel Brashaw, sócio da PwC, encarrega-se de analisar as principais conclusões do questionário PwC ETF 2020, realizado pela empresa de consultoria a partir de mais de 60 entrevistas a fornecedores de ETF, sponsors, gestores de ETF e gestoras que não contem com produtos de gestão passiva na sua gama de nove países distintos, e que em conjunto englobem aproximadamente 70% do património global em fundos cotados.
Uma das tendências detetadas a partir da sondagem é que, enquanto a Europa é a região com maior número de fundos cotados registados (mais de 2.000), por outro lado os EUA são a região na qual se pode encontrar a maior parte do património, cerca de 2 biliões de dólares face aos menos de 500 milhões registados na Europa.
Outro dado curioso é que os participantes na sondagem preveem que o volume de ativos sob gestão mais do que duplique em apenas cinco anos, passando dos 3 biliões de dólares atuais para os 7 biliões em 2020. Entre os principais motores de crescimento assinalados para os próximos três anos destacaram o crescimento do uso de fundos cotados por parte de investidores institucionais (por exemplo nos EUA estes produtos são utilizados principalmente por investidores de retalho), a adoção por assessores financeiros e familly offices, a melhoria da educação financeira dos investidores (que lhes permita compreender como funcionam estes produtos) e a sua penetração no mercado de pensões.
O último resultado importante é o consenso de que os impostos e a regulação têm um impacto significativo sobre o crescimento e a capacidade de inovação destes instrumentos (64% concordam, nas empresas americanas e 60% em empresas de outras regiões).