O gestor da DeAWM compara a gestão do fundo a uma equipa de futebol. Com uma rotação baixa da carteira, o especialista enumera razões para se estar investido na economia mais forte da Europa.
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Com mais de 50 anos de experiência na gestão de fundos de ações alemães, a DeAWM apresenta uma das maiores equipas da indústria no que diz respeito à gestão de ações. Com 4 mil milhões de euros sob gestão o DWS Invest German Equities apresenta-se como sendo um dos fundos estrela da casa. Numa altura em que os fundamentais da economia alemã são os mais fortes da Europa, que valor pode acrescentar um produto que foca precisamente as empresas capitalizadas do país?
Em entrevista à Funds People Portugal, Tim Albrecht, Head of German Equities e gestor do fundo DWS Invest German Equities, concorda que pelo facto da Alemanha estar na proa da Europa, as empresas do país não são propriamente um destino barato. Referindo que no ano passado o crescimento do país foi de 0,5%, e que este ano se espera que ascenda a 1,5%, o especialista confessa que apesar de factores como o crescimento do consumo e o baixo endividamento das empresas serem abonatórios, “a maior parte já estão de facto incluídos no preço, porque a sobreponderação em Alemanha tem vindo a ser feita nos últimos anos”. Ainda assim, o gestor do fundo acredita que “as ações alemãs não estão de facto baratas, mas também não estão muito caras. O preço está ali algures no meio e atingiu o fair value”, reitera.
Especialização e proximidade
Nesta crença de “justo valor”, o gestor do fundo acredita que o extremo conhecimento do mercado e a proximidade são valores chave na gestão. “Temos uma equipa extensa, de sete pessoas, que se dedica exclusivamente às ações alemãs”. Para Tim Albrecht a consistência da equipa é fundamental aliada a uma grande especialização: “cada elemento está focado em empresas cotadas no DAX, em pequenas empresas, em blue chip companies, etc”, refere. O contacto rápido e fácil com essas companhias é outra das vantagens apontadas.
Em termos de abordagem de produto o especialista indica que a entidade tem essencialmente uma abordagem de stock-picking, que revela o ímpeto competitivo do DeAWM, já que “existe a necessidade de nos focarmos apenas numa única escolha de ações de cada vez”. No processo de seleção de títulos a entidade executa um terço da carteira com um estilo top down, existindo “uma discussão de base empírica, com reuniões, que visam estabelecer a alocação de ativos e onde se definem também as regiões e sectores que devem estar sub ou sobreponderados”. Os restantes 2/3 do processo de investimento são feitos numa lógica de stock picking, que Tim Albrecht define como característica “clara” da equipa. No entanto, o especialista realça que em relação às empresas existe uma espécie de abordagem “oportunística”. “Quando consideramos que é uma boa altura para as ações em crescimento (growth stocks), compramos. Quando sentimos que os mercados se estão a tornar mais complicados reduzo essa exposição e opto por um estilo valor”, explica.
Crença nos emergentes a longo prazo
Nunca esquecendo a força exportadora da Alemanha, Tim Albrecht realça que também o DWS Invest German Equities tem uma componente relacionada com exportação bastante forte, uma vez que 30% das vendas das empresas em que investem são feitas nos mercados emergentes. Desviando-se de grandes alarmismos, o especialista acredita que a recente situação nos emergentes “não irá durar para sempre”. Apesar de logo a seguir ao tapering, no final do quarto trimestre, as empresas alemãs se terem ressentido, o gestor acredita que não se pode “comparar esta situação com aquela que ocorreu em 1997 e 1998 na Ásia”, já que “as empresas atualmente estão numa situação muito melhor”. Para o responsável de ações europeias, os emergentes “vão crescer no futuro, com taxas mais altas do que os países desenvolvidos”.
Não se mexe na equipa que ganha
Apesar desta “crença” nos emergentes, e ainda que o fundo esteja com uma sobreponderação no sector das exportações, o especialista indica que “nos últimos tempos tem sido feita uma redução neste sector devido aos últimos acontecimentos”. O gestor diz que atualmente o fundo sobrepondera o sector do consumo discricionário, principalmente nas empresas ligadas ao sector automóvel. Outras mudanças foram feitas também nas utilities e nas telecomunicações, sectores onde exibem atualmente uma subponderação “porque apesar do dividend yield que oferecem, têm baixos crescimentos de lucro”.
Com uma baixa rotação da carteira do fundo, Tim Albrecht indica que a primeira coisa para a qual olha na seleção de uma empresa é a sua posição de liderança no mercado. Seguem-se factores como o track record em tempos económicos difíceis, os modelos de negócio, os balanços, etc. “Quando temos a carteira formada eu comparo-a a uma espécie de equipa de futebol. Enquanto os jogadores ganham, continua a existir confiança neles. Se eles perderem um jogo, ou então um jogador está em baixo de forma durante por exemplo dois jogos, não vamos imediatamente pô-lo no banco. Mantemo-nos firmes à carteira. Para se vender um título são precisas razões muito fortes”, conclui.