Há um ano a população mundial começava a ver a luz ao final do túnel que dá pelo nome COVID-19. A 9 de novembro de 2020, as farmacêuticas Pfizer e BioNTech anunciavam que as últimas provas clínicas na sua fase 3 mostravam uma efetividade de 90% na sua vacina contra o coronavírus. Uma notícia que marcou o princípio do fim do COVID, e também um brutal rally bolsista que, com os seus altos e baixos, mantém-se até hoje.
O mercado enfrenta agora novos riscos, com uma inflação que pode não ser transitória, uma crise de fornecimento que ameaça a recuperação mundial, ou preços de energia a disparar, com o efeito que isso tem também na inflação. Mas nada disto é comparável a uma pandemia global. Tudo isto, juntamente com a política de taxas 0% e as ajudas aprovadas por governos e bancos centrais, explica os bons resultados que se continuam a ver nos mercados.
Mencionando alguns exemplos, no último ano, índices como o S&P500 ou o Nasdaq têm avançado mais de 30%. E números muito similares foram vistos também em índices como o Eurostoxx 50. Além disso, nessa ocasião, os fluxos acompanharam, tal como mostram os últimos dados publicado pela Morningstar. Embora sejam números de fecho de setembro (resta ver os fluxos do mês de outubro), vê-se claramente como os investidores, pelo menos os que têm fundos de investimento ou ETF europeus, elegeram as ações como o seu destino favorito nos últimos doze meses.
Concretamente, entraram 447.000 milhões de euros em fundos e ETF de ações, quase o dobro dos fluxos registados pelas obrigações. A pior situação ficou reservada para os fundos monetários já que é a única categoria da qual saiu dinheiro neste último ano, segundo dados da Morningstar.
O que esperar do último trimestre
No entanto, haverá que ver se esta tendência de mais ações e menos dívida continua no último trimestre do ano, que vai estar marcado pelas dúvidas sobre o crescimento económico – de facto, nas últimas semanas tem-se falado muito de termos como deflação. De momento, o consenso do mercado continua otimista num contexto de taxas 0%, embora tenha elevado a cautela. “Historicamente, as valorizações das ações conseguiram suportar taxas de inflação de até cerca de 4% nos países desenvolvidos. As obrigações, pelo contrário, sofrem quando há uma elevada inflação. É provável que o contexto de taxas baixas e negativas seja um motor importante”, explicam a partir da Allianz GI.
Uma ideia de que também partilham na Fidelity, sobretudo depois da última reunião da Fed, na qual se confirmou que de momento não se esperam subidas de taxas. “É provável que as taxas reais se mantenham em território negativo num futuro previsível – o objetivo implícito dos responsáveis políticos – e deverão continuar a proporcionar apoio aos ativos de risco a médio prazo”, afirma Anna Stupnytska, economista global da gestora.