Um olhar sobre o arranque do ano depois de anunciado o QE

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Valentí Parrilla Aixelà, Flickr, Creative Commons

O primeiro mês de 2015, segundo o Banco Best, iniciou-se com os mercados europeus a obterem um melhor desempenho face aos EUA. Prova disso é o registo de uma queda por parte do S&P 500 nos dias já decorridos de janeiro.  

No entanto, na perspetiva do Banco, os EUA continuam a viver uma clara fase de aceleração, enquanto a Zona Euro segue o seu trajeto da recuperação. “A economia europeia tem revelado um crescimento anémico, ao passo que a americana se apresenta numa fase de crescimento sólido decorrente da sua maior flexibilidade”, indica Carlos Almeida, diretor de investimentos da entidade.

QE: dar tempo aos governos

Para o Banco Best, as taxas de juro baixas na Europa deverão manter-se por mais algum tempo. O anúncio do QE e a sua manutenção por parte de Mario Draghi, permite uma espécie de “compra” de tempo para que “os governos possam ter oportunidade de implementar as reformas estruturais necessárias em cada um dos países”.

Numa comparação com a economia norte-americana, que para além do foco na criação de emprego “se tem preocupado com factores como a qualidade do mercado de trabalho, a produtividade e o rendimento por hora”, da entidade ressalvam que na Europa deve partir-se em busca de uma “boa inflação”, que seja fruto da melhoria dos salários e de uma maior competitividade. “É importante criar linhas de crescimento sustentáveis”, referem, nomeando, por exemplo, a importância do reforço da indústria tecnológica na Europa, ajudando ao crescimento da região. Em suma, perante um cenário de baixas taxas de juro na Zona Euro, ao qual acresce o preço do petróleo em rota descendente, fica a pergunta retórica: “Onde se pode ganhar competitividade na Europa?”, indicou o diretor de investimentos. Em sentido contrário, o motor da economia mundial em 2015 deverá ser os EUA, onde se prevê uma contínua apresentação de bons resultados por parte das empresas.

Componente “surpresa”

As decisões divergente dos Bancos Centrais serão outro factor marcante em 2015. Embora o anúncio do QE europeu já tivesse sido descontado pelos mercados, há que salientar a surpresa provocada pelas comunicações de outras autoridades bancárias. Tendo em conta que nos últimos seis meses de 2014 muitos foram os acontecimentos anormais nos mercados, como por exemplo a queda de 57% do Brent desde julho ou a desvalorização de 20% do euro face ao dólar em seis meses, o mercado terá que se preparar para ajustamentos rápidos. “Nas últimas semanas, os mercados foram surpreendidos com movimentos não expectáveis por parte dos Bancos Centrais”, refere Carlos Almeida, lembrando que o Banco Central do Canadá, Dinamarca ou o da Índia baixaram as taxas de juro repentinamente.