Numa altura em que os receios voltaram aos mercados, a M&G Investments veio a Lisboa lembrar que há pontos positivos a reter. Houve ainda tempo para atualizar os últimos movimentos do M&G (Lux)Optimal Income em termos de duração.
Ainda a tentar perceber-se a direção dos mercados depois do caso SVB e, mais recentemente, depois do sucedido com o Credit Suisse, a M&G Investments trouxe a Lisboa a sua M&G Market Conference. Os especialistas da gestora inglesa mostraram-se firmes em revelar aos presentes previsões sólidas que, de certo modo, contextualizem o que está acontecer, e que, ao mesmo tempo também indicam o caminho que se vislumbra do outro lado da estrada. A verdade é que, genericamente, o tom dos oradores foi positivo.
Laura Frost, diretora de investimentos da equipa de Dívida da gestora, foi uma das que expressou exatamente esse positivismo. “Tenho algumas boas notícias, e era isso que gostava de partilhar convosco hoje”, iniciou.
# 1ª boa notícia - inflação
A primeira boa nova trazida por Laura Frost tem que ver com a inflação geral e é um lembrete que não quis deixar de fora das boas notícias. “O número da inflação global está a começar a cair, e à medida que oferta monetária se reduz e a liquidez vai sendo removida do sistema, esse número cairá ainda mais”, iniciou.
# 2ª boa notícia - mercado de trabalho e consumo
Sobre o mercado de trabalho nos EUA, a especialista relembrou que este continua “muito, muito apertado”. Atualmente, estimam, existem 1.9 trabalhos disponíveis para cada pessoa que necessita de trabalhar ou que está à procura de emprego, o que é “extremamente saturado”.
Por outro lado, Laura Frost recordou que existe “muita alavancagem do lado governamental, mas muito menos alavancagem no balanço do consumidor, bem como no balanço das próprias empresas”. Um cenário que, lembrou também, resulta das poupanças acumuladas durante a crise de COVID-19. Tudo isto são fatores que na perspetiva da profissional “conduzem a um soft landing, ou até mesmo à inexistência de uma recessão”.
# 3ª boa notícia - atratividade da yield real
Num flashback, a profissional lembrou a sua entrada nos mercados. Em 2001, as taxas das obrigações soberanas rondavam os 6% e a inflação era cerca de 3%. Depois do taper tantrum e da crise da zona euro, as yields caíram. “Tínhamos obrigações do tesouro com yields de 3%, e inflação de 2%, o que nos oferecia uma yield real de 1%”, recorda. Seguiu-se o COVID: “Taxas soberanas muito, muito baixas e uma inflação enorme”, reitera.
Entretanto, a mudança de regime monetário deu-se, como é sabido. “Escapámos do limite 0 das yields. A inflação subiu, é verdade, mas está a descer. Por isso, as yields reais são agora muito mais atrativas”, diz. O ponto de entrada é agora, aponta a especialista. “O risco-retorno está de volta às treasuries. Existe valor na duração e nas obrigações governamentais”, frisou.
M&G Optimal Income: duração
No mítico fundo M&G (Lux) Optimal Income, gerido por Richard Woolnough, e detentor de Rating FundsPeople, a gestão da duração foi um dos pontos destacados pela diretora de investimentos. “O que tem sido interessante para mim é a evolução da duração deste fundo. O Richard tem vindo a subponderar duração e tem estado, muito, muito curto em duração nos últimos 10 anos. As yields em máximos dos últimos 10 anos fizeram com que, naturalmente, também a duração subisse e esta esteja agora também ela em máximos da última década no fundo”, explicou a profissional.
Por outro lado, debruçando-se sobre a composição dessa duração, a especialista explicou também que é “a primeira vez numa série de anos que o fundo tem mais duração europeia do que dos EUA”. E, na sua opinião, existem mais formas de obter essa duração do que apenas entrar em bunds alemãs. “Atualmente obtém-se um pickup muito maior em obrigações do estado francês de longo prazo, por exemplo, já que as curvas de yields estam muito íngremes. Desse modo, neste momento, investimos tanto em títulos franceses, comoespanhóis de longo prazo, a 30 anos”, explicou.