Entrevista exclusiva a Kunal Kapoor, próximo CEO da Morningstar.
Registe-se em FundsPeople, a comunidade de mais de 200.000 profissionais do mundo da gestão de ativos e património. Desfrute de todos os nossos serviços exclusivos: newsletter matinal, alertas com notícias de última hora, biblioteca de revistas, especiais e livros.
Para aceder a este conteúdo
Kunal Kapoor será o próximo CEO da Morningstar a partir do dia 1 de janeiro, e vai suceder a Joe Mansueto, fundador da empresa, que irá permanecer como Executive Chairman e presidente do conselho de administração.
Kapoor é um veterano na Morningstar, onde começou a trabalhar em 1997 como analista de dados, tendo já desempenhado cargos como o de diretor de análise de fundos, diretor de estratégias de negócio para operações internacionais e diretor de investimento da Morningstar Investment Services, entre outros, antes de ser nomeado presidente em outubro de 2015, numa posição recém-criada.
Kunal Kapoor recebeu recentemente a Funds People nos escritórios centrais da Morningstar em Chicago, onde partilhou algumas das suas ideias e objetivos para os próximos anos.
Tendo em conta que ocupou a posição de diretor de análise de fundos, as primeiras reflexões de Kunal Kapoor foram sobre a evolução da análise nas últimas décadas e em como se foi transformando. Na sua opinião existiram “muitas mudanças e para melhor. No início apenas se tinha em conta o comportamento do fundo, mas foram-se incrementando mais factores. A análise das comissões foi outro dos passos fundamentais, para se chegar a uma análise mais qualitativa, tanto de gestores como das empresas em que trabalham, e isso é muito positivo”. Para Kapoor, o foco que deveria predominar na mente de qualquer investidor ou aforrador, assim como dos consultores, “é se o fundo é adequado para a carteira, em função dos objetivos que têm. É importante fazer questões como: “Para que quero esta carteira? Quais os meus objetivo? É para a reforma? Para pagar a universidade dos meus filhos?”. Esse deve ser o passo seguinte na análise”. Num ambiente em que a informação é muito mais acessível, até para os clientes de retalho, a chave, na sua opinião, não é andar atrás dos rendimentos, “mas fazer análises diferentes, considerar se não é o momento de entrar nalgumas categorias que podem sofrer mais, tentar mudar a nossa mentalidade, e ir mais além do que as rendibilidades históricas”.
Como CEO in pectore de uma empresa que cresceu muito nos últimos anos, e que ampliou as suas atividades como provedor de dados a outras atividades como o aconselhamento ou gestão de carteiras, Kapoor considera que “fundamentalmente, a Morningstar vai continuar a ser uma empresa que fornece os dados, sempre com grande suporte tecnológico. Mas queremos oferecer mais do que dados, tratando-se de combinar essa informação com uma visão sobre a mesma e com uma apresentação simples, que pode ser compreendida imediatamente”. Para conseguir esses objetivos, Kapoor assinala que irão continuar a investir muito em tecnologia relacionada com dados e análise, e que os esforços adicionais irão, também, ser dirigidos à análise de carteiras. De momento, não está em cima da mesa converter-se numa plataforma, mas “participamos na gestão de fundos e carteiras, temos uma unidade de gestão”, refere Kapoor.
Em relação aos dados, o seu tratamento e apresentação, e tendo em conta a proliferação das Fintech, o próximo CEO da Morningstar considera que “muitos projetos falharam, mas o importante é que estão a existir mudanças em muitas coisas relacionadas com a gestão e a apresentação de dados, no qual podem ter muita influência na forma como as empresas e os bancos mais convencionais fazem as coisas, pelo que pode ser muito positivo. Essas empresas vão ter de fazer um esforço para se renovarem”.
Outra clara tendência nos últimos anos, remete para o avanço imparável da gestão passiva sobre a gestão ativa. Sobre este assunto, Kunal Kapoor refere que “na realidade, estamos num debate sobre os fundos com altos custos face aos de baixo custo, e creio que muitos de elevado custo irão desaparecer. Também o avanço da gestão passiva, em combinação com os roboadvisors, pode levar a grandes mudanças nos modelos de distribuição. Mudanças como as que já estão a ocorrer em muitas partes da Europa com a proibição das retrocessões, algo que Kapoor considera como “positivo para os investidores, porque significa que a transparência está a ganhar e no longo prazo isso trará benefícios, mesmo que muitas empresas tenham que mudar a sua forma de operar”. Sobre se a proliferação de ETFs pode esconder riscos latentes, acredita que estes estarão sobretudo nos que operam em pequenos segmentos de mercado ou estejam alavancados.
Relativamente à estratégia que a Morningstar vai seguir nos próximos anos, Kunal Kapoor não tem dúvidas: “o mais importante é que queremos continuar a apoiar e servir os investidores”. Com este objetivo em mente, assinala três áreas que na sua opinião são muito importantes: “queremos oferecer mais ajuda aos investidores com as suas carteiras, dar mais informação sobre os multiativos e sobre como utilizam derivados e ajudá-los a navegar no universo regulatório”. Sobre se esta estratégia representará novas aquisições, Kapoor considera que “há muitas oportunidades, mesmo que de momento nos centremos nos mercados desenvolvidos”.