Jan-Christoph Herbst veio a Lisboa explicar porque é que a MainFirst põe em segundo plano os dados económicos no seu processo de investimento.
“As tendências estruturais são mais importantes do que a economia.” É por esta máxima que se regem as equipas gestoras de dois dos principais fundos da MainFirst, uma entidade gestora multi-boutique fundada em 2001 e representada em Portugal pela Capital Strategies Partners. Falamos especificamente das estratégias MainFirst Global Equities e MainFirst Absolute Return Multi-Asset, as quais se suportam na identificação de tendências disruptivas de longo prazo para a seleção dos melhores títulos para capitalizar nessas tendências.
Jan-Christoph Herbst, portfolio manager na entidade, deslocou-se a Lisboa para explicar o porquê desta abordagem iniciando a sua apresentação com uma questão: “Serão os dados económicos realmente importantes e úteis no processo de investimento?”
No que refere à evolução do PIB e o seu impacto nos mercados, a resposta, para Jan-Christoph Herbst, é não. “Seria de esperar, em teoria, que quanto melhor estivesse a economia melhores estariam os mercados de ações, mas o que vemos, na realidade, é que não acontece assim. Pelo contrário. Verificamos que em muitos dos períodos que seguem leituras negativas ao nível do produto o mercado de ações apresenta uma boa performance”, expõe.
“Já no que se refere à inflação, seria de esperar que este pudesse ser um indicador de sobreaquecimento da economia, mas o que observamos é que na última década este indicador de subida de preços se mantém em níveis muito baixos, independentemente do ponto em que nos encontramos no ciclo de mercado. Inclusive, se olharmos para períodos mais longos, não encontramos qualquer relação que guie o processo de investimento”, explica o profissional da MainFirst.
Por outro lado, Jan-Christoph Herbst destaca indicadores que são, isso sim, reflexo de mudanças estruturais nas empresas. “O que os dados nos mostram é que as empresas têm aproveitado todas as oportunidades para substituir o trabalho humano por robots. Isto é especialmente visível na produção industrial. A adoção de novas tecnologias tem acontecido a um ritmo cada vez mais acentuado e estas têm, de facto, impactado largamente o comportamento dos mercados. E se é tão difícil identificar oportunidades através de pressupostos económicos, decidimos fazer o nosso trabalho identificando as mudanças estruturais que impactam a humanidade”, explica.
Para o especialista não é preciso ser-se um especialista industrial ou um cientista para identificar essas mudanças estruturais. “Elas são visíveis, ou até óbvias, no nosso dia-a-dia e estas tendências estruturais são independentes do comportamento da economia”. Adicionalmente, o profissional destaca as naturais barreiras à entrada que resultam nas indústrias que capitalizam nestas tendência. “Empresas como a Amazon e Facebook operam com margens muito reduzidas, mas em virtude da sua dimensão mantêm os seus concorrentes à distância”, afirma.
Desta abordagem resulta o investimento em empresas concentradas ou com uma forte ligação a tendências estruturais. Inteligência artificial, robotização, marketing digital, comércio digital, bens de luxo, marcas com uma penetração global ou pagamentos digitais são apenas alguns dos temas que mais têm contribuído para a boa performance dos fundos. Por outro lado, bancos, seguradoras, utilities e empresas petrolíferas são excluídas do processo pelo seu caráter maduro e pouco disruptivo. Com um horizonte de investimento de cinco anos ou mais o enfoque está então muito bem definido na resposta a duas questões. “Que empresas terão a maior capitalização de mercado em 2025? Que empresas apresentam o maior crescimento potencial até 2025? A nossa seleção de ações foca em empresas com um crescimento de receitas e resultados superior a 20% por ano, porque acreditamos que o valor deverá acompanhar”, conclui.