BMO Global AM: “Assim que o FOMC comece a subir as taxas, é provável que os mercados comecem a luta”

Steven_Bell
Cedida

Concordante com outras entidades, a BMO Global Asset Management (antiga F&C Investments) também acredita que a próxima metade do ano vai ficar marcada pelo julgamento de quando é que o FOMC vai aumentar as taxas. “As tensões já estão muito elevadas, com cada informação económica ou discurso de membros da FOMC a ser escrutinado pelo seu impacto na provável data da primeira subida. Até lá, o modo ‘risk on’ permance como sendo um tema em destaque”, refere Steven Bell, economista chefe da BMO Global Asset Management. “Assim que o FOMC comece a subir as taxas, é provável que os mercados comecem a luta”, assegura o especialista.

As surpresas são, por definição, inesperadas, recorda Steven Bell, que enumera alguns dos eventos que são passíveis de acontecer “mas que não estão incluídos atualmente no radar das pessoas”. O primeiro deles seria “um grande volte-face no crescimento da China, com a recuperação do mercado imobiliário e fortes gastos de consumo”. Surpreendente, seria também, diz, “um aumento da inflação na Alemanha”, ou “uma recuperação ainda mais forte do crescimento norte-americano, incluindo um novo ‘boom’ imobiliário”.

Resto da Europa sem motivos para preocupação

Quanto às principais regiões, o profissional salienta que apesar dos problemas da Grécia, o resto da Europa ocidental continua a desfrutar de uma significativa recuperação, “conduzida pelos países da periferia, que estão a emergir de uma grande crise”. Fora da Alemanha lembra que existe uma “grande folga económica e, por isso, não existe razão para que a recuperação económica não continue por mais anos”. Quanto aos EUA, “estão no trilho para arrancar com uma recuperação no crescimento, com os consumidores, negócios e governo a gastarem mais”. Embora a subida das taxas possa ser “um duro golpe” para os mercados financeiros, no entender de Steven Bell é improvável que ponha em causa “uma recuperação que tem sido sustentada”.

Finalmente, relativamente ao Japão, considera que os novos desenvolvimentos serão de cariz financeiro. “As empresas estão a tornar-se mais ‘shareholder friendly’, e as reformas provenientes da política das três setas do Primeiro Ministro Abe estão prestes a atingir os seus objetivos”, entende, referindo que “a economia deverá melhorar gradualmente”.

À Funds People o profissional deixou também considerações sobre o posicionamento das carteiras para o segundo semestre do ano. “Na minha própria carteira estou a sobreponderar ações, nomeadamente japonesas, e a optar por posições curtas em obrigações governamentais e em moedas dos EUA e do Reino Unido, bem como no euro”, referiu. Por outro lado, admite estar a posicionar os portfólios para um “estreitamento dos spreads das obrigações na periferia europeia”.

Resumindo, o profissional acrescenta que estamos “no meio de uma recuperação económica global, com baixa inflação”. “A economia Goldilocks parece pronta para estar connosco por mais algum tempo”, reitera.