Começa a ser um consenso que o ano de 2015 representa um desafio para a indústria de gestão de ativos... por vários motivos. A menos de um mês de 2015 começar oficialmente, a UBS Global Global AM apresenta perspetivas de como investir em 2015, debruçando-se especificamente sobre quais são os cinco temas de investimento que vão ser decisivos nos próximos doze meses.
1. Ação dos bancos centrais: “A grande divergência”
Devido aos diferentes outlooks para as economias e aos esforços de desalavancagem, atualmente os vários países encontram-se em diferentes pontos do ciclo económico. Na perspetiva da entidade existem três grupos distintos de bancos centrais: os “tighteners”, os “holders” e os “looseners”. Olhando para a Fed, que se inclui no primeiro grupo, da UBS esperaram que esta vá “aumentar as taxas de juro brevemente mesmo que alguns dos indicadores económicos não estejam nos níveis ideais”. Para além disso, da entidade acreditam que a Reserva Federal continue “vaga em termos de comunicação em 2015, não fazendo depender a subida das taxas de nenhum tipo de dados económicos”. Neste contexto, esperam que o crédito europeu beneficie da política acomodatícia do BCE, enquanto ao nível das moedas, veem uma valorização do dólar, enquanto o euro progredirá em caminho contrário. Tanto para a área das obrigações, como para os mercados cambiais, esta divergência da política dos bancos centrais pode provocar uma maior volatilidade.
2. A grande rotação: Apenas uma ilusão?
A casa sempre pôs em causa a noção de grande rotação para as ações que era preconizada por muitos em 2014. Na perspetiva da UBS, o ano que agora termina caraterizou-se, sim, por “um continuado excesso de liquidez filtrada por praticamente todas as classes de ativos”, não tendo havido nenhuma “reposição definitiva nos portfólios, de obrigações em detrimento das ações”. A justificar o contexto de yields baixas por mais tempo, dizem, pode estar por exemplo “o envelhecimento da população que afecta a maioria dos países desenvolvidos”. Ainda que existam muitos países desenvolvidos com tendências “sãs” em termos demográficos, muitos deles não têm uma cultura de investimento em ações. Assim, a procura por “estratégias mais flexíveis nas obrigações”, será um investimento cuja atratividade esperam que cresça.
3. Reestruturação da Zona Euro: o “homem doente” da Europa
O paciente “Europa” conseguiu sobreviver e chegar às portas de 2015 “intacto”. No entanto da gestora referem que “existem partes da Zona Euro que se assemelham a doentes que dizem querer ficar bons mas continuam obesos e a não deixar de fumar”. “Os níveis de dívida soberana continuam elevados e a crescer, as taxas de crescimento rondam zero, e alguns países continuam a sofrer com a inflexibilidade dos mercados e a elevada corrupção”, escrevem. Para 2015, entendem que os investidores da Zona Euro se vão focar mais no “crescimento e nos lucros das empresas, em detrimento do risco da dívida soberana”. Depois do “exame” feito recentemente à banca europeia, “os investidores estão com esperança de que os recentes sinais de recuperação se traduzam num sinal efetivo de melhoria das condições dos empréstimos e um aumento dos mesmos”.
4. Desalavancagem: passar a barreira
Atualmente com as yields das obrigações em níveis tão baixos e os bancos centrais ainda com políticas bastante acomodatícias, o crescimento dos níveis de dívida ainda não se traduziram num crescimento efetivo nos gastos com juros. “O nível de endividamento total, que agrega as famílias, as empresas não-financeiras e a dívida governamental, é maior do que nos níveis pré-crise, apesar da desalavancagem a que se assiste ao nível das famílias”, apontam. Nos últimos anos, talvez o rápido crescimento do crédito tenha sido mais surpreendente na China. Referem que esta escala de aumento, “possivelmente conduziu a uma má alocação dos recursos”. Ou seja, “os retornos provenientes destes investimentos podem não ser grandes o suficiente para pagar a dívida e os encargos”. Este impacto, entendem, pode mesmo “bater à porta” dos países que beneficiaram do crescimento da China.
5. Evolução energética: areias movediças
A BP prevê que até 2035 o consumo mundial de energia tenha aumentado 32%. Em 2018, por seu lado, o carvão pode tornar-se o combustível mais consumido, “devido ao seu papel na geração de energia, em economias tão intensivas a este nível como são a China, Índia e o sudeste asiático”. Para 2015, a UBS acredita que os “baixos preços do gás natural oferecem uma vantagem competitiva que pode impulsionar a produção industrial norte-americana”, e deste modo, também a balança comercial do país irá beneficiar, suportando o dólar.