A Fed decide se soube ou não as taxas
Hoje é o dia D, todos os olhos vão estar na decisão do FOMC.
Neste momento as probabilidades de uma subida são pequenas, situam-se perto dos 30%, mas qualquer coisa pode acontecer.
O dilema da Reserva Federal não é fácil de resolver.
Se manter as taxas baixas durante muito tempo contribui para o surgimento de bolhas nos mais diversos mercados, subir as taxas antes de tempo pode colocar em causa a recuperação global.
Embora a economia Americana tenha dado vários sinais de força, a recente turbulência nos mercados financeiros com destaque para as dúvidas lançadas sobre a evolução da economia Chinesa e o facto de a inflação se manter persistentemente baixa, complica o cenário e induz dúvidas sobre o comportamento a esperar pelo Fed.
A presidente Janet Yellen tem repetido insistentemente que a política monetária a seguir está muito dependente dos dados macro e das condições de mercado e o facto das probabilidades de uma subida serem somente de perto de 30% pode também contribuir para que o Fed não suba taxas já. O Fed sente-se confortável com pelo menos 50% dos analistas a apontarem para uma subida, coisa que não acontece neste momento.
O mandato do Fed visa promover o emprego e a estabilidade dos preços. No primeiro caso o trabalho está feito, com o mercado de trabalho a apresentar números bem interessantes (desemprego a 5.1%), o segundo caso afigura-se como mais difícil de alcançar. O IPC de agosto situa-se nos 0.2% a/a e -0.1% m/m, a inflação subjacente saiu ligeiramenta abaixo das expectativas, nos 1.8% aa com os analistas a apontarem para os 1.9%.
Acredito num adiar da subida das taxas, sendo possível que anuncie até a data concreta da subida, o que poderá permitir ao mercado ajustar-se ao novo cenário.
Num mercado claramente marcado pela reunião do Fed, destaco ainda a descida de rating da dívida soberana do Japão, de AA- para A+ por parte da Standard & Poors. A agência afirma que as " Abenomics" não serão capazes de reanimar a economia nos próximos dois ou três anos.
(Imagem: Fernando Bryan Frizzarin, Flickr, Creative Commons)