As perspectivas são positivas e a tendência de recuperação das economias desenvolvidas - EUA, Europa, Japão - aparece nos vários relatórios económicos desde a segunda metade do ano passado. Embora as taxas de crescimento previstas sejam modestas e os ventos contrários permaneçam no horizonte, a recém-formada equipa de Cross Asset Research do Espírito Santo Investment Bank acredita que a atual fase de ajustamento macroeconómico tem maior consistência. Justificam-no com os melhores resultados apresentados pelas grandes empresas, a contínua recapitalização do sector bancário e alguma recuperação no emprego e no que toca à concessão de crédito ao consumo nos mercados desenvolvidos.
Neste sentido, a diferenciação do risco e a redistribuição do investimento por diferentes classes de ativos é fator chave para tirar proveito deste cenário de recuperação.
Os pesos da balança
E, na balança da recuperação estão, naturalmente, diferentes pesos. Por um lado, os EUA continuam o motor da mesma, uma vez que, os 4% previstos de crescimento do PIB global, segundo Carlos Andrade, economista-chefe do Espírito Santo Investment Bank, estão centrados nesta grande economia. Por outro lado, o peso pesado dos emergentes tende a deixar os investidores e analistas mais reticentes. Os fundamentais menos positivos com saldos das balança correntes dos famosos fragile five parecem travar a robustez do crescimento global. Todavia, a esperança entre os emergentes é depositada na China e na Rússia como forma de evitar um cenário mais negativo entre estas economias.
Como compor a carteira? q.b. de cada geografia
A equipa de Cross Asset Research apresenta os cenários base a ter em conta em várias regiões numa perspectiva de radiografar o mundo antes de definir uma correta alocação de ativos que deverá primar pela diferenciação do risco. Os Estados Unidos deverão crescer, segundo estimam, 2,8% este ano, em parte devido à recuperação do sector do emprego e desalavancagem do sector privado. Na Zona Euro a recuperação é ainda frágil e acarreta diferentes riscos, dizem os especialistas que consideram que o Banco Central Europeu deverá manter a sua atual política monetária de suporte às economias da região. Entre elas Portugal e Espanha onde é expectável um crescimento do PIB de 1,1% e 0,7% em 2014, respetivamente. No nosso país, sublinham, que para isso é necessário que se mantenha o crescimento das exportações e a recuperação da procura interna. No país vizinho, o cenário tem vindo a ser conduzido pela forte procura externa, daí que registem o segundo trimestre consecutivo de crescimento.
Entre os emergentes, no Espírito Santo Investment Bank esperam que no balanço do ano passado, a economia brasileira registe um crescimento de 2,3%, penalizada pela subida da Selic e a dinâmica da inflação. Para Índia, as expectativas são de estabilização dos fundamentais e uma maior organização de áreas que causavam grande preocupação, prevendo-se um crescimento do PIB na ordem dos 4,6% no final de 2014. No gigante chinês, a liquidez é o centro das atenções este ano, após um mês de Janeiro em que os dados da atividade económica se mostraram menos positivos. Finalmente, e perante a diminuição geral do apetite por emergentes, a Turquia sairá prejudicada, muito possivelmente, com um crescimento de 3,2% este ano, dois pontos base abaixo das estimativas de 2013 e devido, também, ao cenário de altas taxas de juro.
(Na foto: Sandra Utsumi e José Martins Soares, respectivamente Head of Strategy e Chief Strategist no Espirito Santo Investment Bank)