Klaus Kaldemorgen e Henning Potstada explicam numa entrevista à Funds People as mudanças realizadas na carteira e o posicionamento atual.
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Mais ações e menos obrigações em carteira. Essa é a estratégia que estão a seguir Klaus Kaldemorgen e o cogestor da estratégia, Henning Potstada, no DWS Concept Kaldemorgen, um fundo que ao longo dos anos tem ostentado o Selo Funds People. Este ano o fundo conseguiu a dupla classificação de Favorito dos Analistas e Blockbuster. As perspetivas macro dos gestores são semelhantes às expostas pela DWS. “Os riscos que existem não são pequenos, começando pelas eleições nos Estados Unidos cujos resultados se apresenta incerto. Não obstante, na minha opinião, o mais é que estamos num contexto de crescimento económico modesto, mas estável, no qual os bancos centrais estão a aplicar uma política monetária acomodatícia, que apoia a liquidez e serve de suporte aos mercados financeiros”, afirma Kaldemorgen.
Isto faz com que a sua visão sobre os ativos de risco seja muito positiva, especialmente sobre as ações. “Se não houver surpresas, 2020 deverá ser outro ano razoavelmente bom para as ações, onde não espero lucros de duplo dígito como os registadas em 2019, mas subidas elevadas de um dígito”, indica. No último ano a exposição ao mercado de ações foi aumentado, ao passar de 32% até 50% atualmente, o nível mais alto que teve o fundo na sua história. “As ações são agora mais atrativas do que qualquer outra classe de ativos”, sublinha. A sua aposta nas ações é repartida principalmente em duas áreas geográficas: Europa e Estados Unidos.
Na Europa, a aposta de Kaldemorgen e Potstada centra-se basicamente em empresas que negoceiam a um preço atrativo, pagam um dividendo sustentável e apresentam uma baixa volatilidade como, por exemplo, as que se podem encontrar na indústria farmacêutica. Nos Estados Unidos, pelo contrário, a sua estratégia centra-se em empresas mais ligadas ao crescimento. Também têm 4% em valores asiáticos. Neste caso, trata-se de empresas que se veem muito beneficiadas pelo aumento do consumo, a grande história que vive a região. Quase todos são valores de grande capitalização, já que 97% da parte investida em ações está em large caps. Em média, o crescimento dos lucros das empresas que têm em carteira está em torno dos 5%.
A valorização é importante. Quando uma empresa das que Kaldemorgen classifica como “valores a manter em carteira para sempre pela sua solvência e sustentabilidade de dividendo” experimenta um rally bolsista que dispara o seu PER, reduzem a exposição. Em valores que o gestor define como “negócios aborrecidos, mas muito sólidos” que sofrem contratempos pontuais que os fazem cair em bolsa, aproveitam esses pontos de entrada para construir posições. Mas uma valorização atrativa não é garantia de que uma empresa venha a entrar na sua carteira. “Existem negócios pouco rentáveis que negoceiam muito baratos. Também é o caso do sector energético, onde decidimos reduzir posições dado que estas empresas estão a perder fluxos ao não entrar no radar do ISR”.
No que diz respeito às obrigações, o que procuram principalmente no mercado são ativos muito líquidos que apresentem uma baixa correlação com as ações. “Na dívida pública, investimos em segmentos de mercados onde possamos encontrar yield como, por exemplo, as obrigações do Tesouro dos Estados Unidos a 10 anos. Nesta parte não nos importa assumir duração. Também gostamos da dívida emergente em divisa estrangeira (hard currency) de países como o México, a Turquia, o Brasil ou o Omã. Em obrigações soberanas emitidas em moeda local, a nossa principal aposta é a Rússia. Não temos dívida periférica europeia e temos reduzido para metade a nossa exposição a obrigações corporativas, cujo peso em carteira passou no último ano de 27% para 13%. O risco neste segmento de mercado é muito elevado. Dessa percentagem, dois terços correspondem a high yield e um terço à dívida com investment grade”, revela.
Quanto às coberturas que mantêm em carteira, destacam fundamentalmente os derivados sobre os índices genéricos como o DAX ou o S&P 500, e também as coberturas sobre a libra esterlina. Também é significativa a exposição ao ouro, um dos ativos que historicamente fizeram parte da carteira do DWS Concept Kaldemorgen. Atualmente, a exposição ao metal é de 7%. “Não espero da matéria-prima o mesmo comportamento registado no ano passado, mas mantenho-a porque é um grande estabilizador para a carteira. Contribui para mitigar o risco”. Por último estão os 10% que tem em liquidez, principalmente ativos do mercado monetário e divisas. “O que tentamos é que estas posições não nos custem dinheiro. O contexto atual não o torna fácil”, conclui.