Estratégias para adaptar a carteira a um ambiente mais desafiante

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“Fase madura do ciclo”, “ambiente cada vez mais desafiante” e “os retornos esperados nos próximos anos vão ser mais baixos” são algumas das expressões utilizadas por Manuel Arroyo, diretor de vendas e estratégia para Portugal da J.P. Morgan Asset Management, para descrever o contexto económico atual e futuro. De facto, muitos investidores começam a acreditar que o ciclo – um dos mais longos de sempre – está a caminhar para o seu final. Contudo, para o profissional “o importante são os fundamentais”, pelo que as ações mantêm-se como o ativo favorito da entidade, especialmente agora que o mercado proporcionou uma nova oportunidade de entrada a preços menos desajustados dos fundamentais.

Assim, entre as justificações para esta visão está o facto de que “o crescimento, principalmente nos Estados Unidos, deverá continuar durante alguns trimestres”, sendo que “os resultados empresariais deverão crescer cerca de 10% nos EUA e as valorizações não parecem excessivas, em particular depois da recente correção dos mercados”, explica o especialista. Mas há uma outra razão: “tudo indica que a Fed vai continuar a subir as taxas, o que torna as obrigações pouco atrativas”, acrescenta Manuel Arroyo, concluindo que “parece lógico pensar que as ações continuarão a ser o ativo com melhor desempenho”.

Não obstante, reconhece que, ainda que existe espaço para o mercado crescer, “é importante começar a pensar de que forma podemos adaptar as carteiras a um ambiente cada vez mais difícil”. E este ambiente mais difícil significa que nos próximos anos “a rentabilidade de todos os ativos será mais baixa e a volatilidade mais alta, com os rácios de sharpe a cair”, detalha.

Manuel Arroyo defende, portanto, que estratégias de retorno absoluto, estratégias com baixa correlação com ativos tradicionais ou estratégias que permitem participar num mercado ainda positivo, mas com menos risco são aquelas que permitem que as carteiras estejam mais bem posicionadas para fazer face a todos estes desafios – mais volatilidade, outras possíveis correções nos mercados e maior incerteza.

Três estratégias para o contexto atual

Se as ações são o ativo favorito da entidade, os Estados Unidos surgem como o mercado no qual estão mais positivos. Sobre o mercado europeu, Manuel Arroyo destaca que adotaram uma posição de subponderação numa perspetiva de relative value: “Queremos ter menos risco direcional nas carteiras e temos um nível de convicção mais alto relativamente ao comportamento do mercado norte-americano”, justifica.

Assim, o fundo JPMorgan Funds – America Equity é uma das apostas da JP Morgan, este que é um produto cuja gestão é feita por duas equipas diferentes, combinando o estilo value e o estilo growth. “O fundo é gerido por um portfolio manager de estilo value e outro de estilo growth, que elegem as suas empresas favoritas (entre 10 a 20 nomes)”, resume o especialista. A carteira apresenta, assim, uma composição bastante concentrada, onde o sector tecnológico surge com maior preponderância do lado do estilo growth; já o estilo value é composto, na sua maioria, por nomes dos sectores financeiros, utilities e consumer stapples.

Ainda no segmento acionista o profissional destaca outra das apostas para o contexto atual, o JPMorgan – US Opportunistic Long-Short Equity Fund. O mercado acionista norte-americano é o universo de investimento deste produto, sendo que o gestor pode assumir uma net exposure muito baixa. Nos últimos cinco anos a net exposure do fundo tem-se situado entre os 40% e os 60%, “pelo que acreditamos que esta é uma boa opção para quem deseja continuar investido nos mercados mas com muito menos direccionalidade em comparação com um fundo normal”, refere o especialista.

Por último, o JPMorgan Multi-Manager Alternatives é um fundo que Manuel Arroyo acredita ser interessante para os investidores que procuram um fundo que ofereça “retornos positivos, mas com uma correlação nula com as obrigações e muito baixa com as ações”. A gestão deste produto tem, por outro lado, um ponto bastante característico: é delegada a gestão de partes da carteira a hedge funds. “Os gestores elegem os melhores hedge funds de cada uma das estratégias, concedendo-lhes um mandato de gestão”, explica o profissional, referindo que atualmente trabalham com dez hedge funds, investindo em estratégias long/short equity, merger arbitrage, relative value, crédito e macro. Estas alocações, por sua vez, não são alocações permanentes, podendo variar de peso. “Podemos, inclusive, sair ou contratar novos hedge funds em função das oportunidades que encontremos”, acrescenta Manuel Arroyo. Outro dos pontos interessantes, na opinião do especialista, é o facto de que, por default, este ser um fundo que vai evoluir à margem das ações e das obrigações: “O fundo tem um beta de zero – o beta face ao índice Barclays Global Aggregate Bond é de -0,06%, sendo que face ao índice MSCI World Index é de 0,20%”, explica.