A gestão de risco é central no negócio de uma seguradora. Não só o risco relativo ao dia-a-dia ou dos investimentos dos seus clientes, mas também de um volume significativo de investimentos financeiros que compõe os seus balanços. As próprias imposições regulatórias obrigam a que as seguradoras mantenham uma quantidade significativa de ativos em balanço, para fazer face aos riscos assumidos, mas também que a gestão do risco seja central nesses investimentos.

Não será de estranhar que quando olhamos para a alocação global das carteiras estas tenham uma preponderância significativa de títulos de rendimento fixo. Não é de estranhar também que dada a dimensão e abrangência do negócio segurador, estas entidades como um todo representem o maior segmento investidor institucional no nosso país. São 51,38 mil milhões de euros de ativos de investimento que preenchem os balanços das seguradoras.

As unidades de participação de fundos de investimento, apesar de não serem o veículo preferido de exposição a ativos de risco - representam apenas 14% do total - amontoam a um valor absoluto relevante: 7,1 mil milhões de euros. Um cliente interessante para as gestoras de fundos mobiliários nacionais e internacionais.

Adicionalmente, vemos nos dados da APFIPP que as seguradoras são o principal cliente das entidades gestoras de patrimónios nacionais, com mais de 22,10 mil milhões de euros geridos por estas entidades nacionais.

Desta forma, e para dar uma noção da dimensão de cada companhia seguradora no que à carteira de investimentos diz respeito, compilamos e divulgamos para cada entidade os números de final de 2020 relativamente ao total de ativos e a quantos desses ativos são representados por fundos de investimentos. Adicionalmente, compilamos qualquer informação e referência que possa elucidar sobre quais as entidades gestoras e provedores de serviços às quais as companhias recorrem na gestão do seu património.

Foram consideradas as maiores companhias seguradoras em território português em termos de carteira de investimentos e com base em dados da ASF. Foram consideradas as informações dos respetivos relatórios e contas de 2020 e dos relatórios sobre a solvência e situação financeira. Diferenças entre as metodologias de reporte e informação disponível poderão fazer com que alguns números não sejam diretamente comparáveis, mas não de uma forma material.

Aegon Vida e Não Vida

• Companhias detidas em 51% pela Aegon Spain e pela Santander Totta Seguros.

• As companhias adquirem os serviços de gestão da carteira de investimentos à Aegon Administracion y Servicios AIE.

• A Aegon Administracion y Servicios AIE executa as transações, determina e analisa indicadores de controlo e monitorização, que são reportados regularmente à companhia.

Ageas Portugal

• Grupo segurador detido em 49% pelo Banco Comercial Português. 

• Do grupo, a Ocidental Vida tem uma carteira de investimentos na ordem dos 10.147,22 milhões de euros, 2.794,19 milhões de euros em fundos de investimento

• A Ageas Vida tem uma carteira de investimentos na ordem dos 937,1 milhões de euros, 30,45 milhões de euros em fundos de investimento

• A Ageas Seguros tem uma carteira de investimentos na ordem dos 576,05 milhões de euros, 16,43 milhões de euros em fundos de investimento

• A Ocidental seguros tem uma carteira de investimentos na ordem dos 218,76 milhões de euros, 9,51 milhões de euros em fundos de investimento

• A Médis tem uma carteira de investimentos na ordem dos 105,13 milhões de euros, 6,74 milhões de euros em fundos de investimento

• Até julho de 2021, as carteiras de investimento dos grupo eram geridas pela BMO GAM em Portugal. A BMO Global Asset Management confirmou recentemente que a Ageas – o seu cliente em Portugal – comunicou a sua intenção de passar a executar internamente a gestão de ativos das diversas soluções de investimento do grupo em Portugal, com efeito a 1 de julho de 2021.

• Este movimento inclui também os ativos da Ageas Pensões. 

Allianz Portugal

• Companhia detida em 35% pelo BPI. 

• Os serviços de investimento são proporcionados por entidades do Grupo Allianz e pelo Banco BPI.

• No campo ISR e ESG, reporta no mais recente Relatório & Contas a seleção de um novo fundo ligado à sustentabilidade na gama de oferta Unit Linked do produto Allianz Investimento. 

• Foram reportados, em 2020, 3,02 milhões de euros com custos relacionados com investimentos. 

CA Vida e CA Seguros

• Seguradoras do Grupo Crédito Agrícola.

• As carteiras de títulos são geridas na sua totalidade pela CA Gest (parte do mesmo grupo económico).

• Da CA Seguros, indicam que a parceria com a CA Gest para gestão dos seus ativos financeiros, tem vindo a ser executada de acordo com os princípios claramente definidos, evitando a especulação de curto prazo e privilegiando uma estratégia de buy-and-hold tendencialmente conservadora, que assegura uma exposição mitigada ao risco de mercado, na sua componente de flutuação de valores dos ativos financeiros.

• A CA Vida tem 1.217,21 milhões de euros na sua carteira de investimentos, sendo que 24,02 milhões de euros estão investidos em fundos de investimento.

• A CA Seguros tem 200,048 milhões de euros na sua carteira de investimentos, sendo que 13,53 milhões de euros estão investidos em fundos de investimento.

• Do montante investido em fundos de investimento, mais de dois quintos (10,09 milhões de euros na Carteira da CA Vida e 4,21 milhões na carteira da CA Seguros) estão investidos no CA Património Crescente, fundo imobiliário gerido pela Square Asset Management.

Caravela Seguros

• Companhia que opera no ramo não vida em território nacional.

• A gestão dos ativos financeiros é executada em parceria com a OFI Asset Management.

Cosec

• A COSEC - Companhia de Seguro de Créditos é uma companhia especializada no seguro de crédito e caução detida em partes iguais pelo Banco BPI e pela Euler Hermes.

• A Companhia indica que, na gestão dos investimentos, a exposição ao mercado acionista é efetuada através de fundos de investimento. 

• Os fundos de investimento em balanço distribuem-se em 7,2 milhões de euros em fundos de investimento imobiliários, 5,9 milhões de euros em fundos de ações e cerca de 2,7 milhões em fundos de obrigações. Estes veículos são, essencialmente, ETF e fundos indexados.

• Em 2020, foram pagos 121,19 mil euros em comissões de gestão de ativos ao Grupo BPI.

GamaLife

• Seguradora vida que fazia parte do universo Novo Banco até 2019. Nesse ano foi alienada a  totalidade do capital a fundos de investimentos assessorados pela APAX Partners LLP. 

• Sobre a gestão de investimentos, a GamaLife indica que tem atualmente em regime de subcontratação a gestão financeira dos diferentes fundos autónomos com as seguintes entidades: GNB – Sociedade de Gestão de Patrimónios, Haitong Bank e Banco BEST.

• Relativamente às carteiras Unit Linked, a GamaLife indica que “contratou um conjunto de gestores para a gestão adequada das suas carteiras de acordo com as políticas de investimento definidas”. Os acordos com estes gestores são renovados anualmente, podendo ser cancelados com pré-aviso de 3 meses. 

• As carteiras não Unit Linked são geridas diretamente pela companhia.

Generali

• Integra as marcas Tranquilidade, Açoreana e AdvanceCare (Seguradoras Unidas) adquiridas ao fundo norte-americano Apollo.

• No seguimento desta aquisição, a companhia afirma que reduziu significativamente os investimentos sob gestão da Apollo, mantendo apenas sob sua alçada a gestão de Private Debt Loans até à maturidade dos respetivos empréstimos. 

• No seguimento da aquisição de uma carteira à GamaLife, a Generali reporta ativos geridos operacionalmente pela GamaLife respeitantes a contratos de investimento Unit Linked comercializados pela Generali.

• A seguradora reporta uma estratégia de investimentos conservadora e focalizada sobretudo em ativos de rendimento fixo quer através de investimentos diretos, quer através de fundos de investimentos.

Santander Seguros

• Grupo segurador do Grupo Santander composto pela empresa matriz Santander Totta Seguros – Companhia de Seguros e com participações na Aegon Santander Vida e Aegon Santander Não Vida, ambas detidas a 49,00% e na Mapfre Santander, detida a 49,99%.

• Existe um mandato de gestão de investimentos atribuído à Santander Asset Management que executa as transações, determina e analisa e reporta regularmente à seguradora indicadores de controlo e monitorização. 

• A responsabilidade pela atividade, a análise e revisão de estratégias é da Santander Totta Seguros.

• A referida política incorpora um mandato de gestão de investimentos atribuído à entidade Santander Asset Management que executa as transações, determina e analisa e reporta regularmente à aociedade indicadores de controlo e monitorização. A responsabilidade pela atividade, a análise e revisão de estratégias é da Santander Totta Seguros.

• A entidade gestora SAM indica que é responsável pela gestão de produtos da seguradora Santander Seguros, nomeadamente quatro produtos Unit-linked.

Victoria

• A VICTORIA é uma empresa do Grupo Segurador SMA com sede social em Paris, França.

• A gestão de investimentos é efetuada através de mandato celebrado com a empresa SMA Vie.

• Além de operar nos segmentos vida e não vida, a entidade tem licença de gestão de fundos de pensões.

• Os ativos sob gestão nos fundos de pensões geridos pela entidade gestora do grupo, ascendiam a 163 milhões de euros em 2020.

• Dados da APFIPP mostram que 80% das carteiras dos fundos de pensões estão alocadas a fundos de terceiros.

Zurich Vida

• A gestão de investimentos é assegurada ao nível próprio, ou seja, pelo grupo Zurich.

• Sobre a gestão de investimento, a Zurich Vida indica que, "com o objetivo de maximizar o desempenho das suas Carteiras de Investimentos, a Zurich Vida, aufere determinados serviços, relacionados com a análise e avaliação das rentabilidades e riscos a estas associadas, assim como o aconselhamento tático e estratégico relativamente às estruturas que as mesmas deverão apresentar."

• Em 2020, foram gastos 1,81 milhões de euros de comissões e outros custos da gestão dos investimentos.