Os ativos reais como resposta à turbulência no setor acionista

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Créditos: Simon Williams (Unsplash)

No último pequeno-almoço organizado pela Nordea Asset Management, foram discutidas expectativas de inflação, probabilidades de recessão, como a crise energética pode impactar a economia e que ativos podem representar uma boa oportunidade de investimento nas circunstâncias atuais.

Johannes Haubrich, diretor da equipa de Gestão de Produto da Nordea AM, sugeriu que os ativos reais são a melhor oportunidade no mercado acionista. “Penso que os investimentos no mercado acionista passam agora mais do que nunca pelos ativos reais, desde os setores das utilites, infraestruturas e transportes, passando pelo setor imobiliário cotado menos cíclico, como centros de dados, por exemplo”, comenta Johannes Haubrich.

Historicamente, estes ativos comportam-se melhor do que o restante mercado acionista no tipo de momento de mercado que vivemos. O diretor destaca que “estes tendem-se a comportar melhor em três dos quatro clássicos ciclos económicos”.

Os ativos reais reúnem três características que, na opinião do especialista, os põe na frente da corrida: não são correlacionadas com os ciclos inflacionários, gerem um retorno historicamente mais constante que o mercado acionista e estão, neste momento, subvalorizados.

O diretor da equipa de Gestão de Produto avança com a explicação: “Os ativos reais têm contratos de longo prazo e a capacidade de passar a inflação para o consumidor. De facto, os ativos reais tendem a conseguir uma outperformance superior quando os níveis de inflação estão acima da barreira definida pelos bancos centrais”.

No que concerne a estabilidade dos retornos, a equipa da Nordea deixa o outlook: “Estimamos que em 2022 e em 2023, os ativos reais vão apresentar ganhos superiores aos restantes do mercado”. Esta previsão baseia-se na constante robustez dos resultados apresentados por este tipo de empresa.

Foi levantada a questão: então, por que não investir nos ativos reais não cotados? Johannes Haubrich responde: “Existem dois motivos principais. Por um lado, temos o desconto que os ativos mobiliário cotados apresentam face a ativos semelhantes não cotados, que pode chegar até 30%. Do outro lado, existe muito dinheiro parado no mercado privado porque os gestores destes fundos não conseguem encontrar oportunidades de investimento”

Os ativos reais como mote da sustentabilidade

Por fim, fazendo jus à filosofia da entidade gestora, discutiu-se de que forma os critérios de sustentabilidade podiam entrar neste tipo de ativos. “Quando investimos numa empresa que opera com ativos reais, pensamos no horizonte temporal de duas, três décadas e não dois, três anos”, atira o especialista. 

Este acredita que esta indústria terá um papel importante na extinção da dependência energética na Europa, através da aceleração do processo de transmissão para fontes de energias alternativas. Comenta: “Pensamos, por exemplo, em cidades inteligentes sustentáveis”. A entidade gestora alia esta filosofia com a expectativa de retornos positivos, seguindo a lógica de se “uma empresa conta com um elevado nível de eficiência energética, também terá menos custos com a energia”.

A título de conclusão, Johannes Haubrich atira: “Apesar de poder não ser o tema principal no ambiente de mercado que vivemos, é importante continuar a falar em investimentos sustentáveis”. A entidade gestora acredita que os ativos reais têm o potencial de alinhar retornos e a preocupação com um futuro sustentável.