Na opinião de André Braz, da área de gestão discricionária de carteiras da entidade, o cenário europeu constitui, no novo ano, uma incerteza, com o euro a sair penalizado face a outras moedas.
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No já esperado desafiante ano de 2015, na opinião de André Braz, da Santander AM Portugal, a grande incógnita que o novo ano apresenta é “como é que o programa de Quantitative Easing promovido pelo BCE irá interagir com a expectável inversão de política monetária da Reserva Federal norte-americana”. Referindo que até agora o consenso de mercado tem sido quase unânime “em identificar os EUA e o Japão como principais beneficiários dos estímulos monetários implementados”, o profissional lembra que, no entanto, estas medidas “foram sempre acompanhadas por programas de quantitative easing que, aumentando o balanço dos bancos centrais, desvalorizaram as respetivas divisas e permitiram “exportar” a deflação de preços”.
A política de taxas de juro próximas de zero que a maioria dos bancos centrais das economias desenvolvidas estão a implementar, “reflete a tentativa de reflação de preços e estimulo económico levada a cabo após crise de crédito de 2008”. Contudo, na perspetiva da entidade “poder-se-á argumentar que o seu impacto, ou capacidade de aproveitamento, será tão material quanto menor for o nível de endividamento e de capacidade instalada da economia onde é implementada”.
Valorização do dólar
Passando em revista o desempenho de cada uma das economias em 2015, e começando pelos EUA, André Braz refere que os “indicadores de crescimento económico norte-americanos têm-se mostrado resilientes, perspetivando uma saudável taxa de expansão no último trimestre de 2014 e no ano de 2015”. Ainda que o momentum macro desta economia já possa ter “ultrapassado” o seu pico, “a abrangência de ganhos na área produtiva e laboral demonstra a solidez do progresso macro norte-americano”. Na perspetiva da entidade “o diferencial da evolução da política monetária, a queda do deficit da balança comercial e as perspetivas de crescimento futuras, continuarão a beneficiar o dólar norte-americano face ao euro e iene”.
A incerteza europeia
Relativamente à Europa, André Braz entende que o cenário é mais difuso, tornando-se difícil traçar previsões para o novo ano. Salienta que acontecimentos como “a volatilidade dos dados macro nos últimos meses, influenciada pelo impacto do conflito ucraniano na confiança dos empresários alemães” são factores de grande incerteza. Assinala, ainda assim, que “o consenso de mercado aponta para uma estabilização e melhoria dos indicadores nos próximos trimestres, mas não se poderá excluir a continuação da incerteza em termos de tendências macro”. Face a moedas como o dólar, a libra e o franco suíço, o euro continuará a sair penalizado, refere, como consequência “da elevada expectativa do mercado na implementação de um programa de compra de dívida pública”.
No que diz respeito ao Japão, “com o sucesso da política monetária levada a cabo pelo Banco Central, questionado pelo mercado, a expansão do mesmo no mês de Novembro e o aumento da alocação a ações por parte do Fundo de Pensões do Governo (GPIF) irá beneficiar a performance dos ativos japoneses”. O novo ano em termos macro, na opinião do Santander AM Portugal, será marcado “pelo adiamento da subida do imposto sobre o consumo e o desfecho das eleições antecipadas”.
China dependente de estímulos
Também na China existe alguma componente de incerteza para o novo ano, com a evolução “macro em 2015 a depender dos estímulos pontuais implementados pelo Governo”. André Braz sublinha que “a estratégia do Governo de rebalanceamento económico, de exportadora líquida para uma economia baseada no consumo interno, continuará a abrandar o nível de crescimento do PIB”.
Gestão ativa do risco e flexibilidade
Tendo em conta as perspetivas referidas, a gestora, no novo ano, focar-se-á no “potencial aumento da volatilidade nas diversas classes de ativos”. André Braz explica que “o posicionamento do Santander AM Portugal centrar-se-á na gestão ativa do risco total dos portfólios geridos, com o sucesso na implementação de ideias táticas e flexíveis a ser a chave para o sucesso nos próximos 12 meses”. Como asset allocation base definem “a sobreponderação em crédito e ações de mercados desenvolvidos, bem como, a visão negativa em taxas core”.
Para o próximo ano, para além das nuances já assinaladas, a Santander AM Portugal nomeia “o impacto da potencial subida de taxas de juro diretoras norte-americanas nos mercados de dívida e crédito, o risco de estagflação na Zona Euro e, finalmente, o impacto da valorização do dólar nos ativos emergentes emitidos em hard currency”, como principais pontos a analisar com maior cuidado em 2015.