O próximo ano poderá ser de novo favorável às ações, tendo em conta a previsão de crescimento que o Deutsche AWM tem para a economia. Henning Potstada, senior portfolio manager do fundo DWS Concept Kaldemorgen, deixa-nos a visão da casa germânica.
Com um novo ano à porta, começam a ser traçadas as primeiras visões das casas internacionais em termos económicos. Foi precisamente esse o mote para a visita de Henning Potstada (na foto) , senior portfolio manager do fundo DWS Concept Kaldemorgen, do Deutsche AWM, numa recente passagem por Lisboa.
Em entrevista à Funds People, o especialista mostrou-se otimista num crescimento transversal durante 2015. “Atualmente vislumbramos um crescimento estável na economia a nível mundial, que continuará a ser conduzido pelos EUA, que têm vindo a apresentar uma progressão de 3%. Também a Europa, depois dos problemas que enfrentou durante este ano, tem vindo a recuperar”.
Sobre a China, ainda que muitos discutam quanto é que o país tem crescido, Henning Potstada reforça que será um valor próximo de 7%, o que configura “um crescimento considerável”. No Japão, a situação define-se com um ponto de interrogação: “que resultados vão sair da política Abenomics ou qual o impacto das medidas levadas a cabo pelo governo?”. Contudo, da gestora, acreditam que depois da recessão dos dois últimos trimestres, a economia nipónica vai encarrilhar no trilho do crescimento.
Divergências face ao ciclo económico anterior
Mas há uma advertência a fazer: apesar de preverem um crescimento económico estável a nível global, historicamente, e comparando com o último ciclo económico, esse incremento da economia é mais fraco. “Existe uma divergência no crescimento da Zona Euro e no dos EUA, face ao ciclo anterior, mas também ao nível do próprio ciclo de crédito. Consideramos que este é muito importante para estimular a economia e, no caso norte-americano, há que sublinhar que o pico do crédito se situa bastante abaixo do último ciclo económico”. Estas divergências que o profissional assinala são, todavia, estimulantes para certos ativos. “Este tipo de contexto é favorável aos ativos de maior risco, já que existe uma duração longa em todo o ciclo: ou seja, um crescimento lento mas ao mesmo tempo estável, que favorece os mercados acionistas, tendencialmente mais avessos à volatilidade”, entende.
Porém as divergências perspetivadas pelo profissional não se ficam por aqui. Também nas políticas económicas preconizadas pelos Bancos Centrais vão existir disparidades que podem já ser antecipadas. “Do lado da Fed vamos começar a assistir a um maior “apertar” das condições monetárias; isto ao mesmo tempo que o BCE e o Banco do Japão, pelo contrário, estão a entrar numa fase de flexibilização das condições monetárias”, resume. Este “quadro” é, na opinião do profissional, benéfico para o dólar. “Existe também uma divergência nos spreads das yields. Por exemplo uma obrigação a 2 anos da Zona Euro está com yields próximas de zero; já nos EUA estas aproximam-se de metade de 1%. Com o mercado a antecipar a subida das taxas por parte da Fed nos próximos tempos, consideramos que as yields podem aumentar e, com isso, fortalecer o dólar no ano que vem”.
Fundo Multi-Asset: o melhor de dois mundos
No cenário que se avizinha, na perspetiva do Deutsche AWM o investidor vai procurar uma solução de investimento que prime pelo “conforto”. “Especialmente no lado das obrigações há que reiterar que já não existem muitos títulos atrativos quando se procura rendimento. No entanto, ainda que 2015 possa ser um ano positivo para as ações, estas continuam a ser demasiado voláteis para alguns investidores. Por isso, para este tipo de pessoas, os fundos multi-asset oferecem uma possibilidade de zona de conforto”, diz. No fundo DWS Concept Kaldemorgen, o que fazem é precisamente “combinar as yields provenientes de várias áreas com estratégias de controlo de risco, de forma a manter uma volatilidade baixa, e ainda assim oferecer ao investidor uma yield atrativa que já não se encontra de forma simples no mercado de obrigações”, finaliza.