A arte de investir no setor da biotecnologia

Andy Acker_Janus
Andy Acker. Créditos: Cedida (Janus Henderson)

Durante grande parte da última década, o setor biotecnológico parecia uma aposta praticamente infalível no mercado, visível através da acentuada curva ascendente do S&P Biotechnology Select Industry Index. O rally no setor foi ainda mais acelerado durante a pandemia graças aos avanços na tecnologia RNA utilizada nas vacinas bem sucedidas contra a COVID. 

Mas desde o início de 2021, o setor tem estado num bear market que dura já há três anos consecutivos. Não obstante, há fundos na categoria que conseguiram desligar-se da correção e encontrar valor na indústria. É o caso do Janus Henderson Horizon Biotechnology Fund, gerido pela equipa por detrás do conhecido Janus Henderson Global Life Sciences Fund

Desde o seu lançamento em 2018, o fundo tem beneficiado do rally no setor, mas o que é quase mais importante, agora que os ventos sopram na direção oposta, é que o fundo continua a conseguir gerar retornos positivos. Em euros, fechou todos os anos no verde nos últimos cinco anos, apesar das quedas do índice. Assim, situa-se no primeiro percentil da sua categoria a três anos e obteve o Rating FundsPeople 2023 devido à consistência dos seus retornos a longo prazo. 

A realidade de investir em biotecnologia

O que camuflou durante muitos anos a tendência crescente do setor foi a dificuldade de investir em biotecnologia. Investir em empresas com potencial para mudar o panorama da medicina através de novos produtos. É assim que Andy Acker, cogestor, define a filosofia do Janus Henderson Horizon Biotechnology Fund. Mas da teoria à prática há um meticuloso processo de análise da viabilidade dos novos projetos que chegam ao mercado

“Investir em biotecnologia é investir no setor menos eficiente de todo o mercado”, afirma Andy Acker. Segundo os seus cálculos, todos os anos, a diferença entre a rentabilidade dos vencedores e dos perdedores do setor é superior a 17 vezes. Ou seja, enquanto algumas ações disparam 100% numa questão de dias, outras fracassam e perdem a maioria da sua cotação. "É um setor que tende a ter desenlaces extremos", reconhece o gestor. 

A regra 90-90

O profissional e a sua equipa descrevem-no como a regra 90-90. Começando pela fase clínica, apenas um em cada 10 novos medicamentos selecionados para desenvolvimento é bem-sucedido. Mesmo para os que chegam à fase três, a última antes da aprovação, a taxa de sucesso sobe apenas para 50%. “Se olharmos para as médias da indústria, é essencialmente como atirar uma moeda ao ar”, afirma Andy Acker. 

Mas há também o risco comercial de que um novo medicamento não seja realmente um sucesso. Segundo cálculos de Andy Acker, o mercado engana-se 90% das vezes nas suas estimativas de sucesso comercial no lançamento de novos produtos. Para a equipa gestora, há três fatores que influenciam o resultado comercial: médicos, pacientes e agentes pagadores. “Há um elemento de lealdade no setor. Um médico só mudará o medicamento que prescreve se vir realmente uma melhoria substancial na nova proposta”, conta o gestor.

Depois, está a experiência do paciente, que também tem de se aperceber de um valor acrescentado elevado. E, por último: qual a dimensão do mercado potencialmente afetado? É um medicamento acessível? Os pacientes podem consegui-lo com facilidade?

A importância da experiência

Daí a importância do processo e da equipa por detrás do fundo. E para construir a carteira do Janus Henderson Horizon Biotechnology Fund os gestores estão essencialmente a fazer a sua própria previsão da viabilidade de um novo medicamento a nível molecular. Por detrás desse processo de investimento há uma equipa de nove profissionais, quatro especializados no setor biotecnológico, três com doutoramentos e um médico de profissão. Além disso, os mais de 100 anos de experiência conjunta da equipa permite-lhes desenvolver um modelo estatístico próprio que aplicam a novos medicamentos. “Não pretendemos ser perfeitos, mas pelo menos tentamos subir as probabilidades de sucesso para 70%, o que pode ter um impacto significativo nos resultados a longo prazo”, reconhece. 

Precisamente porque investem em empresas com resultados tão binários, o fundo também conta com uma camada de gestão de risco. Nenhuma posição que enfrente riscos substanciais de queda pesa mais de 2% da carteira para evitar grandes enviesamentos para eventos negativos. Além disso, o fundo não só investe em empresas com produtos em fase de desenvolvimento, como mantém uma carteira equilibrada com empresas biofarmacêuticas numa fase mais madura. “Na realidade, se olharmos para as primeiras posições do fundo, predominam esses nomes mais conhecidos, empresas com uma geração estável de lucros ou empresas mais resilientes que equilibram os outros nomes mais pequenos e menos líquidos”, explica Andy Acker.