"As ações e obrigações emergentes estão a tornar-se numa parte estrutural das carteiras”

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Cedida

O primeiro ano de Nabil El-Asmar Delgado no comando do escritório ibérico da Vontobel AM pode ser classificado como um sucesso. A sucursal duplicou o seu património no último ano: dos 1.300 milhões que geriam em 2018 para os 2.400 milhões em ativos no fecho de 2019. Mas longe de se identificar como um dos pontos-chave do auge, El-Asmar prefere falar do esforço e das bases construídas pela equipa. “Estamos há oito anos na Península Ibérica. Quando o dinheiro entra, é graças a um trabalho prévio”, insiste.

A equipa a que se refere é composta por quatro membros: Ricardo Comín, diretor comercial, Elena Nieto de Magriña, executiva de contas sénior, e Gonzalo Díez de León e Natalia Ortega como apoio a vendas. É uma composição que se mantém desde que no fim de 2018 tomou as rédeas da Vontobel na Península Ibérica após a nomeação de José Luis Ezcurra como responsável de distribuição da empresa suíça para os Estados Unidos offshore e América Latina.

“Para atacar o mercado ibérico basta três bons vendas”, defende, no sentido em que a particularidade deste mercado é que as decisões sobre os fluxos do património em fundos está concentrado em poucos atores financeiros. Por isso, a gestora, atualmente, opta por centrar os seus esforços comerciais no segmento wholesale ibérico. “É muito importante que os recursos estejam alinhados com a estratégia de negócio”, insiste.

Ainda assim, não pode negar que a realidade é que lhes correu muito bem o último ano. El-Asmar atribui esse forte volume de entradas ao facto de já terem quatro ou cinco produtos no radar de grandes clientes, produtos pelos quais o interesse se cristalizou ao ter alcançado um volume de ativos adequado às exigências dos clientes locais. Além disso, está satisfeito com a diversificação, já que os fluxos não se concentraram numa estratégia, mas em cinco fundos muito diversos. “Pediram-nos um pouco de tudo: crédito com investment grade, obrigações flexíveis, obrigações emergentes, ações emergentes e ações norte-americanas”, enumera.

Assim, em Portugal conta já com sete fundos com Selo Funds People em 2020: Vontobel Fund - US Equity, o Vontobel Fund - EUR Corporate Bond Mid Yield, o Vontobel Fund - Emerging Markets Debt, o Vontobel Fund - TwentyFour Strategic Income Fund, o Vontobel mtx Sustainable Emerging Markets Leaders, o Vontobel Fund - TwentyFour Absolute Return Credit e o Vontobel Fund - Global Equity.

Têm em comum que são produtos de alta convicção, com um elevado tracking error. “São estratégias orientadas para a geração de valor. A Vontobel acredita firmemente na gestão ativa”, sublinha o especialista. E a esta filosofia o diretor atribui a forte procura do ano passado. “Porque são carteiras de convicção, que dão ao gestor liberdade real para tentar gerar alfa”, refere.

Movimentos nas carteiras do mercado ibérico

El-Asmar notou uma transformação na procura de produtos do cliente ibérico. Em obrigações, destaca duas tendências: a duração e as obrigações emergentes. A respeito da primeira, Mondher Bettaieb, diretor de crédito corporativo e um dos seus gestores mais relevantes, há muito tempo que insiste que não é preciso ter medo da duração e que as taxas vão continuar baixas durante muito tempo. E agora, no fim, está a ver-se essa rotação de produtos de curto prazo para durações mais longas.

“Se há algo a ganhar em obrigações está fora das estratégias short term”, sentencia El-Asmar. E isso está em linha com o segundo ponto. Pouco a pouco as obrigações emergentes estão a consolidar-se como uma posição estrutural das carteiras. O que durante tantos anos foi uma aposta tática pelo risco, agora vai adquirindo uma importância fixa. “Notamos entradas, mas sobretudo interesse em falar da classe de ativos”, avalia o especialista.

Nessa linha movem-se também as mudanças que nota em ações. As ações de países emergentes também se estão a tornar um ativo estrutural nas carteiras dos fundos na Península Ibérica. Também destaca o auge do investimento sustentável e dos temáticos. Curiosamente, as ações americanas continuam a ser uma aposta fixa, mas está a transformar-se. “Estão à procura de ações americanas, mas de empresas de alta qualidade, e de menos beta ou menos direcionabilidade”, analisa El-Asmar.