Dos investidores institucionais que atuam no meio nacional, as seguradoras tomam uma posição de relevo. Segundo dados da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões, só em 2019 o valor dos investimentos líquidos afetos ao conjunto destas entidades atingiu os 51,6 mil milhões de euros. Deste montante, 48,7 mil milhões (94%) correspondem ao balanço de 41 seguradoras portuguesas a operar em solo nacional.
Uma parte significativa destes ativos são geridos por entidades bancárias. Os números de março de 2020 divulgados pela APFIPP mostram que cerca de 22,75 mil milhões de euros dos ativos das seguradoras estão sob a alçada das entidades gestoras de patrimónios nacionais. Este número será bastante mais significativo, considerando que uma parcela relevante estará sob um formato de consultoria para investimento ou semelhante. Isto fica evidente na variação verificada no primeiro trimestre nos montantes sob gestão discricionária do mercado, que se reduziram por via do "levantamento parcial de um cliente institucional de grande dimensão" no universo da Caixa Gestão de Ativos, segundo a APFIPP.
Em termos da contribuição de entidades individuais para este total, a seguradora que se destaca é a Fidelidade, ao registar o maior nível de investimento líquido em 2019. Os 15,9 mil milhões de euros aplicados representam 31% do total investido pelas seguradoras portuguesas. Segue-se a Ocidental Vida com 11,4 mil milhões (22,1% do total), a GamaLife (anteriormente denominada por GNB Vida, a seguradora do ramo vida vendida recentemente pelo Grupo NovoBanco) com 5,1 mil milhões (9,9%) e a BPI Vida e Pensões com 4,7 mil milhões (9,1%). Em conjunto, estas quatro entidades representam mais de 70% do investimento líquido total das seguradoras em 2019.
Entidade | Provisões técnicas brutas (EUR) | Investimentos líquidos (EUR) |
Fidelidade | 13,334,627,000 | 15,987,513,000 |
Ocidental Vida | 10,827,854,000 | 11,402,612,000 |
GamaLife | 4,599,712,000 | 5,128,511,000 |
BPI Vida e Pensões | 4,552,238,000 | 4,720,376,000 |
Seguradoras Unidas | 1,906,894,000 | 1,772,800,000 |
Zurich Vida | 1,241,749,000 | 1,315,332,000 |
Allianz | 1,049,212,000 | 1,168,675,000 |
Ageas Vida | 824,558,000 | 982,241,000 |
Crédito Agrícola Vida | 783,157,000 | 947,569,000 |
Ageas | 587,164,000 | 676,789,000 |
Santander Totta Vida | 4,181,191,000 | 603,428,000 |
Lusitania | 355,323,000 | 459,343,000 |
Una Seguros de Vida | 358,315,000 | 438,124,000 |
Generali Vida | 407,736,000 | 428,062,000 |
Mapfre Vida | 283,677,000 | 332,648,000 |
Real Vida Seguros | 255,216,000 | 285,856,000 |
Ocidental | 199,632,000 | 284,332,000 |
Victoria Vida | 200,919,000 | 228,159,000 |
Generali | 174,346,000 | 203,330,000 |
Mapfre Seguros Gerais | 136,215,000 | 197,458,000 |
Crédito Agrícola Seguros | 145,627,000 | 191,829,000 |
Multicare | 88,717,000 | 157,224,000 |
Médis | 75,447,000 | 143,910,000 |
Cosec | 57,085,000 | 103,238,000 |
Victoria | 81,483,000 | 100,688,000 |
Caravela | 61,395,000 | 75,778,000 |
Aegon Santander Vida | 67,168,000 | 72,002,000 |
Via Directa | 46,579,000 | 71,713,000 |
Fidelidade Assistência | 13,323,000 | 58,030,000 |
Lusitania Vida | 676,505,000 | 52,860,000 |
Aegon Santander | 13,479,000 | 37,445,000 |
Mútua dos Pescadores | 19,890,000 | 36,937,000 |
Una Seguros | 28,195,000 | 34,587,000 |
Abarca | 14,319,000 | 20,052,000 |
Companhia Portuguesa de Resseguros | 4,041,000 | 15,059,000 |
Popular | 4,364,000 | 14,569,000 |
RNA Seguros de Assistência | 2,523,000 | 8,901,000 |
ACP-Mobilidade | 884,000 | 4,901,000 |
Planicare | 57,000 | 4,485,000 |
GNB Seguros | 84,307,000 | 2,812,000 |
Mapfre Assistência | 10,737,000 | 0 |
Conjunto do mercado | 50,214,860,000 | 51,618,475,000 |
Mercado sob controlo da ASF | 47,745,125,000 | 48,770,177,000 |
Dívida Pública, a predileta
Analisando as aplicações das seguradoras em termos da classe de ativos em que investem, reparamos numa tendência a favor dos títulos de rendimento fixo e baixa volatilidade. De forma consistente através dos vários ramos, os títulos de Dívida Pública levam a maior fatia da alocação da carteira de investimentos. Seguem-se as obrigações de entidades privadas e papel comercial (predominantes nos ramos vida e não vida) e as ações e títulos de participação. Ainda este ano, a FundsPeople publicou uma análise integral à alocação de ativos das seguradas nos últimos anos, nas quais se já dava conta desta tendência por instrumentos de rendimento fixo.