Nestes dias em que o Coronavírus é o tema quente do momento, Portugal foi aos mercados para um leilão de dívida a cinco e a 10 anos. Nas obrigações a cinco anos, a yield fixou-se nos -0,059% e a procura superou a oferta 1,63 vezes. O montante alcançou os 681 milhões de euros. No que concerne as obrigações a 10 anos, a yield não ultrapassou os -0,426%, a oferta superou 1,53 vezes a oferta e o montante chegou aos 500 milhões.
Filipe Silva, diretor da gestão de ativos do Banco Carregosa, comenta que “Portugal emitiu dívida a 5 anos e 10 anos com yields ligeiramente acima do que seria esperado na semana passada e no caso da emissão a 10 anos, acima do último leilão comparável (0,33%). As emissões tiveram uma yield a 5 anos de 0,059% e a 10 anos de 0,426%.”. Segundo o especialista, esta ligeira subida está intimamente ligada ao impacto que o Covid-19 tem tido nos mercados financeiros a nível global.
“A incerteza e o medo vieram abalar de uma forma generalizada a confiança dos investidores e colocar em causa a recuperação económica que os países estavam a ter. O alastrar do vírus da China para outros países estava de certa forma menosprezada pelo mercado, mas quando essa percepção mudou, muitos investidores optaram por desinvestir ou realocar o risco que têm nas suas carteiras”, explica Filipe Silva.
Nas palavras do profissional, “se por um lado os países core assistem a mínimos históricos nas suas taxas de longo prazo, com o bund a fazer um mínimo de -0,90% e os EUA 0,3% já os países da periferia assistiram a um alargar do seu spread, com as taxas a subirem. Os bancos centrais e governos, têm estado a anunciar estímulos monetários e fiscais para ajudar ao abrandamento que iremos ter”.
No caso de Portugal, apesar da ligeira subida, a dívida ainda está a ser emitida com taxas historicamente baixas. “Se a percepção de risco para a nossa economia não mudar drasticamente, esta deverá ser a tendência para os próximos tempos”, refere Filipe Silva.