O trinómio retorno, risco e impacto floresce em Portugal pelas mãos da BPI Gestão de Ativos. Conheça com mais detalhe os novos e primeiros fundos artigo 9.º lançados por uma entidade gestora portuguesa.
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A BPI Gestão de Activos lançou recentemente a próxima geração de produtos: cinco fundos (um de ações, um de obrigações e três multiativos) que fazem investimentos sustentáveis, com objetivos de natureza ambiental. O foco é tirar partido das oportunidades existentes, como a possibilidade de impulsionar a transição climática, sendo que a integração de fatores ESG era já uma questão transversal a toda a oferta de fundos da BPI Gestão de Ativos.
Na verdade, esta é a primeira entidade gestora portuguesa a concretizar a criação de fundos com objetivos de investimentos sustentáveis, classificados como artigo 9.º ao abrigo da SFDR. Tudo isto procurando não sacrificar o potencial de retorno e com uma gestão de risco adequada aos diferentes perfis. A curiosidade por parte da indústria nacional de gestão de ativos é grande, e a FundsPeople falou com a equipa envolvida na gestão destes fundos (equipa completa na fotografia).
Um deles é Luís Alvarenga, o responsável da equipa, que começou desde logo por clarificar que este é um marco importante no longo caminho que a casa gestora já percorreu na sustentabilidade. “Todo o tema da sustentabilidade tem sido um processo bastante gradual, com a adesão a diversas iniciativas, como o United Nations Principles for Responsible Investments e o Global Compact, e com o aprofundar do nosso conhecimento na área”, começou por comentar. Tudo isto, claro, foi feito juntamente com um investimento muito relevante em matéria de serviços, aplicações e informação. “Este é o início dos fundos BPI Impacto Clima, mas foi um processo de vários anos a dedicar tempo, recursos e a criar competências nestas matérias”, conta Luís Alvarenga.
A construção das carteiras
Uma das grandes questões é saber como é que a entidade mede o impacto dos seus investimentos. A este respeito, Sofia Jesus esclareceu que são dois os pilares de investimento sustentável nos quais se baseiam. O primeiro passa pela identificação dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, SDGs na sigla anglo-saxónica) mais relevantes ligados diretamente à temática do clima “que, por sua vez, é uma abordagem clara, fácil de comunicar, e que procura resolver os maiores desafios de sustentabilidade da atualidade”, afirma. “Procurámos perceber se uma empresa estava alinhada com um ODS específico, e como é que esse ODS impactava o clima. Tirámos partido do framework já bastante organizado dos ODS, com métricas e objetivos já definidos”, esclareceu. O segundo pilar é da componente de obrigações, onde diz que reconheceram “a existência de standards já definidos e validados pelo mercado, como é o caso das green bonds. Estes são os dois pilares que nos permitem aferir o impacto ligado ao tema do clima”.
A profissional acrescentou também que é precisamente a componente ambiental que tem vindo a ganhar mais destaque dentro dos fatores ESG. “É onde existe mais informação e onde as variáveis de gestão têm sido mais trabalhadas. É neste contexto que, como investidores, podemos identificar que existem riscos e oportunidades nas empresas que estão melhor posicionadas nesta temática”, afirma. Contudo, não descura a importância dos fatores sociais e de governance, que também fazem parte das preocupações dos gestores destes fundos.
Nas fases iniciais do desenho da estratégia, a restrição e limitação do universo de investimento era uma das preocupações, conta Sofia Jesus. No entanto, o universo de investimento permanece suficientemente amplo. “Quando selecionamos empresas alinhadas com objetivos de desenvolvimento sustentável relacionados com a ação climática, existem muitos setores e muitas geografias à disposição”, defendeu.
Rentabilidade e impactos positivos na sustentabilidade
O responsável pela gestão do BPI Impacto Clima – Ações, Rui Araújo, procurou sublinhar que, apesar de este ser um produto artigo 9.º, as preocupações e as métricas financeiras nas empresas não foram comprometidas. “É a conjugação das preocupações relacionadas com o clima e a análise financeira que resulta numa avaliação que identifica as empresas mais atrativas e enquadradas no objetivo do fundo”, conta o profissional.
Segundo Rui Araújo, o universo de investimento é de cerca de 700 empresas, “estas empresas trabalham e comunicam muita informação ligada a matérias de sustentabilidade, o que nos permite monitorizar e trabalhar várias variáveis de gestão”, acrescentou.
“O resultado de todo este processo é uma carteira diversificada, com exposição a praticamente todos os setores e geografias, e que permite ao cliente ter exposição a empresas alinhadas e comprometidas com ODSs relacionados com a ação climática”, afirmou Rui Araújo. Refere que, para além de empresas no setor das energias renováveis, “fazem parte do portefólio empresas menos óbvias no que toca ao seu contributo para um objetivo de natureza ambiental, que não se destacam por fornecerem uma solução climática, mas porque a empresa se alinha na sua atividade com ODS relacionados com a ação climática”.
Obrigações verdes para todos os gostos
Mas não é só no fundo de ações que a carteira é bastante diversificada e equilibrada. Houve também essa preocupação na construção do BPI Impacto Clima – Obrigações, cuja gestão está a cargo de Duarte Rodrigues, e que conta com um universo bastante lato de emissões, aplicando sempre os objetivos de sustentabilidade e os critérios financeiros para a construção da carteira.
No que toca ao portefólio, “uma parte significativa da carteira é composta por corporate investment grade, mas há também alguma exposição a governos e, oportunisticamente, a corporate high yield. É uma carteira iminentemente composta por títulos em euros, bastante diversificada a níveis setorial e geográfico, e construída com base em indicadores de impacto”, apresenta o profissional.
“No que toca ao investimento responsável, por um lado investimos nos emitentes que estão alinhados com os ODS e, por outro, em ESG bonds, ou seja, obrigações cujo objetivo é financiar projetos de impacto ambiental positivo", explicou Duarte Rodrigues. De facto, o gestor contou que as ESG bonds são uma componente muito importante da carteira e que juntamente com os emitentes alinhados com os ODS, representam a totalidade dos investimentos. Estes “são instrumentos em que mais facilmente se pode medir o impacto da atividade das empresas ao nível ambiental”, destacou.
E, por fim, os perfilados
Chegando aos fundos perfilados, Luís Alvarenga explicou que os três produtos têm como base os títulos já investidos nas carteiras de ações e obrigações, ou seja, no BPI Impacto Clima – Ações e no BPI Impacto Clima – Obrigações. “Em termos de asset allocation vamos ter a abordagem que sempre tivemos. Ou seja, guidelines vindos dos nossos comités de investimento, sempre dentro das restrições de cada produto, enquadrados com a tomada de risco dos perfis destes fundos, e sempre alinhados com os objetivos de sustentabilidade”, concluiu.