Dan Carter, gestor do fundo Jupiter Japan Select, explica como está a construir a carteira para ganhar exposição a uma melhoria da eficiência da produtividade das empresas japonesas.
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Correm tempos interessantes para os investidores no mercado de ações japonesas. “O setor empresarial japonês está a experienciar um renascimento cada vez mais destacado”, conta Dan Carter, gestor do Jupiter Japan Select. A rentabilidade das empresas japonesas tem vindo a aumentar ao longo de vários anos, uma vez que têm de distribuir a mão de obra de forma mais eficaz devido à diminuição da população em idade ativa, embora as margens de lucro se mantenham mais baixas do que em muitos outros mercados importantes.
Além disso, também cresceu a pressão sobre as empresas japonesas para reestruturarem as suas operações, de modo a aumentar a rentabilidade global. Algo muito positivo para os acionistas. “A produtividade do capital também tem de aumentar, o que depende não só dos lucros, como também de como se aloca esse capital”, insiste Carter. Historicamente, as empresas japonesas pagaram demasiado pouco aos acionistas e mantiveram demasiado dinheiro no banco. Isto está a começar a mudar sob a pressão dos acionistas e das instituições financeiras japonesas, como a Bolsa de Tóquio. “Como resultado, as empresas japonesas estão mais rentáveis e mais generosas com os acionistas do que nunca”, deteta o gestor.
Também existe a esperança de que a inflação no Japão, que, atualmente, está elevada e tem perspetivas de se manter num nível positivo saudável, estimule os investidores nacionais a alocar mais investimento às ações nacionais. Atualmente, as alocações de ativos das famílias são muito baixas em ações, mas as propriedades de proteção face à inflação das ações deverão tornar-se mais atrativas e começar a atrair capital.
Posicionamento para a mudança no Japão
Para o Jupiter Japan Select, o cenário atual levou-os a querer estar positivamente expostos ao impulso do mercado para uma maior eficiência do trabalho e do capital. Uma forma de fazê-lo é tomando participações em empresas que estão a ajudar o Japão, que tem uma cultura laboral surpreendentemente antiquada, a digitalizar-se, como a NRI, WingArc1st e a Simplex, ou a subcontratar, como a TechnoPro ou a Prestige International.
Também têm posições em empresas que prometem reestruturar os seus negócios para aumentar a produtividade e os lucros: o conglomerado da TI NEC está em vias de reestruturar o seu negócio para aumentar os lucros, e empresas como a empresa química Asahi Kasei parecem dispostas a reestruturar drasticamente os seus negócios em benefício da empresa e dos seus acionistas.
Core-growth e dividendos premium
O Jupiter Japan Select tem um estilo de dividendos premium e core-growth aplicado às ações japonesas. Esse posicionamento core, explica Carter, é o que explica a performance mais suave em comparação com outros fundos, que tendem a ter caraterísticas growth ou value mais extremas.
O gestor evita cair nesses dois posicionamentos extremos. Por um lado, porque os fundos centrados em value conseguem comprar títulos aparentemente baratos, mas que, sem um catalisador claro, se podem tornar em armadilhas, refletindo lentamente, ou nunca, o seu verdadeiro valor. E, por outro lado, os investidores growth têm um problema diferente: fazem bem em procurar empresas em crescimento, mas depois pagam demasiado pelos títulos. “Ao combinar uma rentabilidade superior com um crescimento superior, acreditamos ter um maior grau de disciplina de valorização do que muitos gestores de crescimento, e uma ideia mais clara dos catalisadores de investimento do que a maioria dos gestores de valor”.
“O mercado japonês é muito ineficiente em comparação com outros mercados desenvolvidos, e, ao compor um fundo, que é, ao mesmo tempo, gerador de maiores receitas e de crescimento mais rápido, podemos ter a certeza de que estamos posicionados em bolsas de ineficiência que oferecem oportunidades de investimento”, defende.
O que esperar do Jupiter Japan Select
Assim, dado o prémio de crescimento (growth premium) do fundo, o Jupiter Japan Select tende a ter melhor desempenho quando o growth é um fator favorável. O fundo costuma estar sobreponderado em títulos nacionais, pelo que beneficia relativamente de um iene mais forte. As empresas de média e pequena capitalização estão também sobreponderadas, pelo que, quando os títulos de pequena capitalização sobem, tal beneficia a rentabilidade.
Em contrapartida, quando os títulos de maior peso e crescimento mais lento lideram o mercado, a rentabilidade do fundo vê-se prejudicada. O fundo também tem uma subponderação estrutural em produtos básicos, especialmente recursos básicos, pelo que, quando estas empresas recuperam devido a lucros inesperados resultantes do aumento dos preços das matérias-primas, isto prejudica a rentabilidade relativa.
O fundo está bastante concentrado, com cerca 40 posições, o que significa que a seleção de títulos é o fator mais determinante da rentabilidade do investimento. As posições individuais mais rentáveis a médio prazo costumam encontrar-se no setor tecnológico, opina o gestor, no qual as preocupações cíclicas podem proporcionar excelentes pontos de entrada para os vencedores a longo prazo, como a antiga Lasertec e a atual Socionext.