Na primeira edição da Funds Talks, Kasia Kiladis, da Fidelity International defendeu os argumentos em prol do investimento ‘value’, veiculado pelo fundo gerido por Angel Agudo, o FF America Fund.
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Kasia Kiladis, diretora de investimentos na Fidelity International fez parte de um grupo de profissionais que no passado dia 8 de maio participou na primeira edição do evento Funds Talks, promovido pela Funds People. Perante uma plateia com mais de uma centena de pessoas, a responsável pelo segmento de fundos de ações norte-americanas na entidade gestora que representa foi entrevistada por um conhecido selecionador de fundos do mercado nacional, Ricardo Líbano, da IM Gestão de Ativos, numa conversa em que defendeu os argumentos em prol do investimento ‘value’, veiculado pelo fundo gerido por Angel Agudo, o FF America Fund, fundo Blockbuster Funds People.
Tendências estruturais
“Acredito que se verificam tendências estruturais muito fortes nos Estados Unidos que vão beneficiar os mercados no imediato, mas também no longo-prazo”, comentou Kasia Kiladis referindo-se em específico às políticas fiscais expansivas do Presidente Trump. “As reformas fiscais são multi-facetadas. No imediato, as descidas de impostos impactam os resultados e isso justifica o porquê de tantas revisões em alta das estimativas de resultados. Contudo, a verdade é que esta será uma tendência de longo-prazo, e desde que as empresas mantenham poder de fixação de preços e um crescimento das receitas ao longo do tempo, este efeito positivo não se vai esgotar agora. Será um fenómeno de longo-prazo”.
E para a Diretora de Investimentos da Fidelity as empresas estão a dar bom uso a esse ‘bónus’ fiscal. “Estão a reinvestir nos seus negócios. Finalmente, ao fim de muitos anos, vemos uma subida do ‘capex’ nos EUA e isto é muito importante para impulsionar o crescimento dos resultados no longo-prazo. Um crescimento de resultados sustentável”, acrescentou.
Growth vs Value
Para Kasia Kiladis há um certo número de factores que tem dirigido a outperformance do estilo growth. “Historicamente, o crescimento da economia nos EUA esteve bastante acima do atual. 3% é de algum modo impressionante, mas está muito longe do que se atingiu em tempos. E quando estamos num ambiente de baixo crescimento, o investidor procura growth e não value e essa procura tem premiado o primeiro segmento. As valuations elevadas resultam de uma convicção de que as empresas poderão crescer o suficiente para justificar os prémios pagos, e o que vemos nos EUA é um efeito de ‘the winner takes it all’”, comenta a especialista. Porém, Angel Agudo e a sua equipa têm outra abordagem ao mercado. Uma abordagem de valor. “E o que procuram os investidores ‘value’? Procuram valuations baixas. Empresas que operam em contextos mais desafiantes e que demoram o seu tempo a resolver as suas ineficiências. Vemos agora um contexto muito positivo em termos económicos. Depois de um período em que as FAANG tomaram a liderança do mercado, acredito que os riscos nestes títulos se tornaram significativos. Por outro lado, empresas industriais, ou em outros segmentos de mercado penalizados pelos menores custos laborais na China – que já não se verificam com igual amplitude - enfrentam agora um ambiente económico muito positivo e o segmento value poderá regressar à liderança”, explica Kasia Kiladis.
Posicionamento
“O posicionamento da carteira do fundo não é resultado daqueles que achamos que serão os desfechos políticos ou da nossa opinião acerca do sentido das taxas de juro. Cada uma das posições, isso sim, é selecionada com base nos seus méritos. Olhando para o mercado em geral é fácil concluir que está caro. Mas se olharmos para os diferentes sectores e respetivos fundamentais, para os cash-flows e margens, encontramos muitas oportunidades”, comenta a diretora de investimentos. Assim, o gestor do fundo tem encontrado oportunidades no sector financeiro, por exemplo, “não só em bancos, mas em empresas seguradoras e financeiras diversificadas. O sector de materiais é outro segmento importante que tem mostrado uma performance medíocre apenas porque não tem estado em foco”, descreve. No entanto, a carteira tem também nomes em diversas áreas de negócio como a tecnologia, consumo básico ou saúde, entre outros, resultado do processo bottom-up que caracteriza a abordagem do fundo.
“Depois de um longo período de liderança do growth, o regresso da volatilidade e um ambiente mais normalizado de política monetária poderá ter impacto nessa liderança. Uma gestão muito ativa e uma seleção minuciosa dos valores é a estratégia para capitalizar na eventual outperformance do value”, termina.