Global Outlook 2024 da Mirabaud Asset Management

Elena Villalba
Elena Villalba. Créditos: Cedida (Mirabaud AM)

TRIBUNA de Elena Villalba, diretora-geral para Espanha, Portugal e América Latina na Mirabaud AM. Comentário patrocinado pela Mirabaud AM.

No ano passado previmos, no nosso Global Outlook, que se abriria uma nova Era no contexto socioeconómico e geopolítico, marcante para os próximos anos. E assim foi. 2023 foi um digno sucessor do seu antecessor, um ano vertiginoso e de grande incerteza para os mercados, em que a inflação e as taxas de juro se estabeleceram e em que se confirmou o grande valor da gestão ativa para a adaptação às circunstâncias em mudança.

Ainda que nos encontremos num cenário complexo, vemos grandes oportunidades para 2024 em todas as tipologias de ativos. Conhecer as expetativas, os nichos de investimento e os elementos que irão determinar o ritmo dos mercados será a chave para aproveitá-las.

Obrigações: o momento de entrada será determinante

Quando às obrigações, Andrew Lake, responsável da área, considera que 2024 vai oferecer oportunidades em todo o universo destes ativos, graças aos esperados efeitos de um contexto económico em desaceleração, acompanhados por uma inflação mais baixa e cortes de taxas. O momento oportuno será fundamental, embora espere rentabilidades totais positivas na maioria das classes de subativos, ainda que em diferentes escalas.

Em termos macroeconómicos, Lake considera que a inflação americana vai cair rapidamente dos máximos alcançados em 2023, situando-se entre 2,5% e 3%, ou seja, ligeiramente acima do objetivo de 2%. Portanto, parece inevitável que, em 2024, se deem descidas de taxas, levadas a cabo pela Reserva Federal, mas seguidas de perto pelo Reino Unido e pela Europa, à medida que avançamos para um contexto económico muito mais lento. Isto, por sua vez, deverá reduzir a incerteza geral, que tem sido o motor dos mercados este ano.

Lake prevê que, quando se der a desaceleração económica e as taxas iniciarem a trajetória descendente, o risco vai comportar-se melhor. O nosso objetivo para os spreads das obrigações high yield situa-se nos 500 pontos-base, um nível que indica uma clara oportunidade de compra. Posteriormente, à medida que as taxas se forem reduzindo para estimular o crescimento, esperamos que o crédito de menor qualidade comece a comportar-se melhor.

Em relação às obrigações convertíveis, Nicolas Cremieux, gestor principal do Mirabaud Sustainable Convertibles Global, vê uma grande oportunidade nas novas emissões, já que chegam ao mercado com um desconto em relação ao seu valor justo teórico e provêm de empresas financeiramente mais sólidas e bem estabelecidas (a percentagem atual de classificações investment grade dentro da emissão global é três vezes maior que a média de 10 anos), que costumam ter um risco creditício menor.

O gestor observa também que as fusões e aquisições, que já foram um tema interessante em 2023, vão continuar a ser muito relevantes em 2024. Espera que a atividade que beneficia os emitentes de obrigações convertíveis continue sólida, já que as taxas de juro mais altas não dissuadiram as grandes empresas de crescer externamente. É importante recordar que os detentores de obrigações convertíveis costumam beneficiar de distintas formas de proteção face a  aquisições mediante um ajuste temporário aquando da descida do preço de conversão ou uma possível amortização antecipada ao par.

Por outro lado, à medida que o refinanciamento se torna num problema mais urgente, prevemos que as empresas vão recorrer cada vez mais às obrigações convertíveis como via de financiamento, que oferece um potencial de revalorização dos fundos próprios face a cupões mais baixos (entre 300 a 600 pontos-base em função da classificação), ao mesmo tempo que poderão voltar a comprar convertíveis destacadas que negociam com desconto sobre o par para otimizar os seus balanços. Além do seu efeito sobre as novas emissões, esta situação também deverá favorecer as valorizações, já que estas compras se realizam com um prémio relativo aos preços de mercado.

Até 2022 e 2023, as convertíveis sofreram a série de saídas líquidas negativas mais longa da história. Mas o mercado está a mudar. À medida que se recupera a emissão e a convexidade volta, 1,17 vezes mais ascendentes que descendentes nos valores subjacentes das convertíveis captadas até à data este ano, e com a maior proteção contra o carry e o downside dos últimos anos, as convertíveis apresentam os indicadores mais atrativos desde a crise financeira mundial. Esperamos ver uma inflexão positiva nos fluxos ao longo de 2024.

Na perspetiva dos países emergentes, para Daniel Moreno, responsável da área de Dívida de Mercados Emergentes Globais, a chave está no seguimento das taxas de juro básicas dos EUA, que se encontram agora nos seus níveis mais altos dos últimos 15 anos, o que aumenta a probabilidade de haver uma rentabilidade das obrigações em alta, incluindo todos os segmentos do universo de dívida de mercados emergentes (ME). Embora seja previsível que se mantenha a incerteza quanto às perspetivas de crescimento e inflação, a previsão da equipa de Daniel Moreno é que as obrigações dos mercados emergentes obtenham melhores resultados graças aos elevados níveis de receitas e às perspetivas favoráveis das taxas e do dólar americano.

Uma das surpresas que pode surgir em 2024 no âmbito das obrigações é que ocorra uma aceleração da inflação ou que esta se assente firmemente acima de 3%. Esta situação iria gerar um cenário macroeconómico marcado por mais subidas de taxas no horizonte e um amplo sentimento de aversão ao risco. Mesmo nestas circunstâncias, as quais não prevemos, os instrumentos de alto carry, como as obrigações globais investment grade e as obrigações globais high yield e de alta qualidade, deverão continuar a oferecer rentabilidades positivas.

No outro extremo do espetro, se os EUA, a Europa ou o Reino Unido entrarem numa recessão mais profunda do que o previsto, as obrigações de qualidade, como a dívida pública mundial, vão continuar a oferecer uma alta rentabilidade.

Em última instância, quer se dê uma aterragem suave, quer a economia se dirija a um extremo ou outro, há possibilidades de que os mercados de obrigações ofereçam um potencial de rentabilidade atrativo em 2024.

Ações: de olho nos resultados empresariais

No bloco de ações, a perspetiva de Anu Narula, diretor de Ações Globais, centra-se no tailwind  que as temáticas geraram nas ações.

Para o gestor, a oportunidade encontra-se na desconexão entre os resultados empresariais e as expetativas de crescimento do mercado. Há empresas em todo o panorama de ações mundiais que não sofreram reduções de lucros, mas o mercado prevê que o seu crescimento abrande consideravelmente. Acreditamos que muitos destes nomes tenham mais fatores estruturais do que cíclicos, mesmo que haja algum elemento de ciclicidade nos seus modelos, o que significa que poderão surpreender pela positiva ao longo do ano.

Concretamente, Anu assinala quatro temas com grande potencial: externalização, saúde e bem-estar, automatização e Inteligência Artificial (IA).

O tema do consumidor millennial continua a concentrar empresas que mantêm um bom ritmo de crescimento e que oferecem uma revalorização interessante. O tema da externalização vai continuar a beneficiar do impulso dos EUA do pacote de estímulos de 1,2 biliões de dólares, recolhido na Lei de Infraestruturas. Já se alocaram 300.000 milhões de dólares, que deverão servir de apoio a muitas empresas industriais e da construção, bem como às que prestam serviços de assessoria para estes projetos. No início do ano já se registavam ganhos em valores que operam nestas áreas, uma tendência que se consolidou e que, previsivelmente, irá aumentar na segunda metade de 2024.

Por outro lado, a equipa de Anu prevê que o tema de saúde e bem-estar mantenha a sua tendência de subida, sobretudo nos tratamentos relacionados com a diabetes e a obesidade.

Outro tema que merece atenção é o da automatização. Do ponto de vista do gestor, os níveis de stock normalizaram-se, e encontramo-nos próximos do final do ciclo, pelo que o mercado deverá olhar para a frente e avaliar se estas empresas se encontram numa boa posição para enfrentar o ciclo seguinte.

Por último, no setor da Inteligência Artificial, esperamos ver uma maior divergência entre vencedores e vencidos no ano que vem, já que o retorno vai favorecer as empresas que são realmente ganhadoras.

Numa perspetiva regional, Hywel Franklin, responsável de Ações Europeias, confirma que, para 20244, veremos um bom número de empresas a um preço de recessão, ainda que algumas já estejam nesta situação há anos, e é agora que têm o potencial de acelerar. Para além destas pequenas questões, vislumbra-se um grande potencial entre as empresas que caíram 50% ou mais desde os seus máximos anteriores, bem como vários nomes que estiveram num processo de desvalorização ao longo do ano, mas que agora poderão voltar a negociar se recuperarem o crescimento e resultados mais estáveis relativamente às expetativas.

As oportunidades estarão, portanto, nas mãos dos corajosos que não tiverem medo de adotar uma visão a mais longo prazo e que naveguem através da volatilidade potencial até a um contexto mais normalizado para a atividade empresarial. Mesmo num cenário de enfraquecimento do crescimento no início do próximo ano, o mais provável é que, no final de 2024, tenhamos superado esta situação e que as valorizações comecem a refletir os retornos potenciais de 2025.

O nosso especialista em ações suíças, Daniele Scilingo, vê notáveis oportunidades em valores que apresentam qualidades compostas distintas. Na estratégia de investimento em empresas de pequena e média capitalização suíça, contempla aquelas que combinam uma elevada rentabilidade do capital investido, com moats defendíveis, com perspetivas de crescimento atrativas e uma gestão inteligente. O gestor recorda que uma abordagem disciplinada com uma bússola que aponte para os valores compostos a preços razoáveis deverá guiar-nos através das possíveis tormentas e realçar oportunidades de investimento atrativas.

Quanto às Ações dos Mercados Emergentes, Charles Walsh, responsável da área, aponta que 2024 poderá oferecer muito do que se previu, mas que não se materializou, em 2023. Há 12 meses, a recuperação impulsionada pela China foi rapidamente descontada pelo mercado, apenas para se desfazer quando o ritmo da recuperação não cumpriu as expetativas. Mas agora existem mais fatores para que este cenário ocorra. Dirigimo-nos a um contexto global de taxas mais baixas, um dólar americano mais fraco, mas a um emprego sólido e um consumidor global forte. A isto acrescenta-se: stocks a normalizar, um ciclo de substituição tecnológica e o começo de um novo ciclo de resultados empresariais. Em conjunto, 2024 poderá surpreender-nos muito pela positiva.


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