A crise do coronavírus mudou, em alguns casos de forma radical, a composição das carteiras dos investidores, já que foram muitos que perante a forte queda que se viu nos mercados no primeiro trimestre do ano optaram por reduzir risco nas suas carteiras, aumentando a liquidez, com a esperança de ver estes surtos verdes que agora começam a chegar. Os family office são alguns desses investidores que após a crise do primeiro trimestre optaram por reequilibrar as suas carteiras para as adaptar a esse novo contexto que deixou o COVID-19.
Essa é pelo menos uma das conclusões que deixa um relatório global sobre family offices que publicou recentemente o banco UBS a partir da informação que compilaram 121 sociedades de investimento familiar cujo património médio é de 1.600 milhões de dólares, no qual detalha como estas navegaram na tempestade dos mercados financeiros.
De facto, apesar de no fim de 2019, 69% destes family offices afirmarem não ter planos para mudar a alocação dos seus ativos, a forte crise derivada da pandemia levou a que 55% optasse finalmente por reequilibrar as suas carteiras entre março e maio com um objetivo de longo prazo, e 15% a pensar de forma mais tática a curto prazo. Além disso, o estudo refere que 45% das sociedades aproveitaram para rever os seus procedimentos de gestão de risco.
Analisando a forma como levaram a cabo este reequilíbrio chega-se à segunda conclusão. Num contexto de taxas de juro a 0%, que dificulta ainda mais as probabilidades de alcançar rentabilidades atrativas em obrigações e também em ações, os ativos estrela foram os alternativos. De facto, no total investem 35% em ativos alternativos, com especial preferência por private equity e pelo setor imobiliário. Um número superior aos 29% que destinam às ações, 17% às obrigações e 13% à liquidez, esta última em máximos.
Segundo explicam no relatório, “três quartos (73%) dos que investem esperam olhar para o setor privado de investimento para obter maiores rendimentos que o público”. Este número é de março de 2020, já que em maio caiu para 51%, o que indica um corte nas expectativas de rentabilidade esperadas também para esta tipologia de ativos.
Em todo o caso, no momento de investir em private equity, o veículo favorito dos que investem é o fundo de investimento, seguido do investimento direto, enquanto os setores que despertam as maiores paixões são por esta ordem as tecnologias da informação, a saúde e setor imobiliário.
Cresce o interesse pelo ISR, mas não muito
No relatório também se dedica um capítulo específico ao interesse que desperta o investimento com critérios ESG. Apesar deste interesse ter aumentado no caso dos family offices, ainda são mais os que não o situam em primeiro lugar na sua lista de prioridades no momento de compor a sua carteira. “Ao avaliar os investimentos de impacto, 43% dos family offices ainda priorizam a rentabilidade do investimento”, afirmam. Um pouco mais de um quinto (22%) colocam o retorno social em investimentos nos seus três principais indicadores de rendimento, enquanto 12% refere a importância que dão ao impacto ambiental.