Pascal Riegis (Oddo BHF AM): “As small caps europeias já previram uma recessão”

Pascal Riegis (Oddo BHF AM)
Pascal Riegis. Créditos: Cedida (Oddo BHF AM)

O Oddo BHF Avenir Europe é um dos fundos de referência para investir em small e mid caps europeias. O produto, que este ano conta com Rating FundsPeople, é gerido por Pascal Riegis, que acaba de estar na Península Ibérica para dizer aos seus clientes que as empresas europeias de pequena e média capitalização estão atualmente a negociar a múltiplos atrativos. “Movimentavam-se com um PER entre dois e três vezes superior ao segmento das large caps, mas, após a correção, estão ao mesmo nível. O mercado previu uma recessão. Não sabemos se já está tudo descontado ou não. Tudo dependerá da profundidade da mesma”, afirma numa entrevista com a FundsPeople

Pascal Riegis e os três gestores a cargo desta estratégia da Oddo BHF Asset Management sempre apostaram numa carteira com um beta próximo de um e concentrada, com 40 a 60 empresas. Atualmente, tem 42, com o Top 10 a representar 45% do total. “No máximo, o peso de uma ação na carteira não pode ultrapassar os 6%. É o limite que estabelecemos. Quando a convicção numa ideia é muito forte, podemos entrar no seu capital com uma posição de 5%. Onde não impomos nenhum tipo de restrição é a nível setorial, onde podemos circular livremente”, explica. Acabam por não investir em petrolíferas, empresas de materiais, seguradoras, empresas de construção ou companhias aéreas.

A sua grande aposta

Hoje, a sua maior aposta está no setor industrial, ao qual atribui quase 45% dos pouco mais de 1.400 milhões de euros atualmente geridos pelo fundo. É a sua grande sobreponderação, uma vez que o peso deste setor no índice é de 27%. “Os últimos movimentos realizados na carteira estiveram orientados, precisamente, para a incorporação de um par de novos nomes deste setor”, revela. Também mantém uma aposta clara nas empresas vinculadas ao setor da saúde (27% da carteira) e ao tecnológico (16%). “Do ponto de vista da valorização, é onde encontro as melhores oportunidades de investimento”, reconhece. Para as identificar, um rácio muito importante para a equipa é a análise dos descontos dos fluxos de caixa das empresas.

“É algo a que damos grande importância. Reunimo-nos com a administração das empresas e tentamos entender todo o seu negócio. As empresas em que investimos são globais e, para cada uma, fazemos projeções sobre o seu comportamento no melhor e pior cenário. Em 98% dos casos, as decisões são tomadas pelos quatro gestores em consenso. Nos 2% dos casos em que não há unanimidade e é preciso tomar uma decisão, eu assumo a responsabilidade”, explica. Na realidade, este é o último passo do seu processo de investimento. A primeira baseia-se num filtro quantitativo que aplicam a um universo formado por 2.000 empresas cotadas com uma capitalização entre os 150 e os 10.000 milhões. 

Filtro quantitativo

Neste processo de análise quantitativa estudam, entre outros fatores, quais são as empresas com alcance internacional, bem como as que contam com fluxos de caixa positivos e estáveis ao longo do tempo. É uma operação que lhes permite retirar diretamente do universo cerca de 1.700 empresas. A partir daí, iniciam a análise fundamental das restantes 300 ações, na qual analisam a consistência da empresa, as suas vantagens competitivas, a qualidade da sua equipa de gestão, se aplica critérios ESG… “O nosso objetivo é ter uma carteira equilibrada entre empresas cíclicas e defensivas de forma a mitigar o risco, tentando escolher as melhores em cada uma delas”, sublinha o gestor da Oddo BHF AM. 

Quando investem numa ação, fazem-no com um horizonte mínimo de investimento de três anos. Mas a realidade é que seis das 10 empresas que figuram o Top 10 fazem parte da carteira há mais de cinco anos. Em algumas delas, como a Icon, a Safran e a BioMerieux, investem há mais de uma década. “Só vendemos se a empresa tiver alcançado o seu preço-alvo ou se tivermos cometido um erro”, revela. No último ano, o fundo tem-se destacado devido a resultados excecionais em termos de rentabilidade. Segundo dados da Morningstar, nos últimos 12 meses conseguiu gerar um retorno de 16,1%, batendo a média da categoria em 10,8 pontos e o índice de referência MSCI Europe SMID Net Return em quatro pontos. Em 2023, mantém-se no primeiro decil.