A equipa de Research do BiG analisou as principais tendências para a evolução dos mercados financeiros nos próximos três meses, relativamente ao mercado de dívida, ao mercado acionista e outras classes de ativos. Abaixo, revelamos-lhe quais as suas conclusões.
Mercado de Dívida
Começando com o mercado de dívida core, a análise da equipa de Research do BiG revela que a inclinação das curvas soberanas registou um aplanamento generalizado desde o início do ano. “A curva norte-americana, medida pelo spread 10-2 yr ficou ainda mais plana no seguimento do sell-off de fevereiro e pelo pick-up mais acentuado recente das taxas de juro de curto prazo”, afirma a equipa.
É sabido que a crise política italiana perturbou o comportamento do mercado europeu, e a análise do BiG não poderia deixar de referir isso mesmo: “O recente stress de mercado sobre Obrigações Italianas acarretou um efeito, naturalmente, negativo sobre o índice accionista de referência”.
Portugal e Espanha também foram apanhados nessa vaga de oscilações, tendo sido mitigados nos spreads.
Relativamente ao mercado de dívida corporate, de acordo com a análise, o spread de crédito de empresas de rating elevado continua a níveis abaixo da média dos últimos anos, tanto nos EUA como na Europa.
Mercado Acionista
Avaliação vs Performance – EUA
“A maioria dos sectores do mercado acionista norte-americano encontra-se a prémio, face à mediana dos últimos 5 anos”, remata o relatório. De acordo com o mesmo, os setores em destaque são o industrial, cuidados de saúde e básicos de consumo.
Avaliação vs Performance – Europa
Relativamente ao bloco europeu, os setores de telecoms e utilities continuam a apresentar múltiplos de PER com o maior desconto face à mediana, “sendo penalizados pela superior alavancagem dos seus balanços”. Os setores destacados pela equipa de análise são o industrial, cuidados de saúde, básicos de consumo e consumo discricionário.
Seguidamente, o relatório revela algumas projeções em relação ao desempenho do mercado acionista norte-americano que foi negativo. Considera três grandes riscos para o 3º trimestre: as tensões geopolíticas, a política monetária e a guerra comercial.
No entanto, o desempenho do mercado europeu no 1º trimestre, nas palavras da equipa, foi marcado pela volatilidade. Para o próximo trimestre, estará dependente da Itália, da apreciação do euro e da guerra comercial.
Momentum Setorial - EUA
Neste segmento, o relatório da equipa de Research do BiG analisou a relação entre os setores mais cíclicos/defensivos e o mercado ao longo do atual bull market. Uma das suas conclusões foi que o setor tecnológico é o que mais está a dar que falar, com uma "expansão substancial de receitas e lucros" e proporcionando retornos interessantes em 2017 e durante o primeiro trimestre de 2018. No entanto, o sector poderá continuar ainda a conduzir o mercado.
Relativamente ao setor industrial, este teve um crescimento saudável de receitas (+5,01%) e lucros (8,69%) em 2017. Contudo, de acordo com o relatório, não conseguiu superar máximos face ao índice S&P 500.
Passando para o setor financeiro, também este registou uma performance negativa YTD, apesar do aumento das yields de dívida soberana e dos resultados globalmente positivos no 1º trimestre de 2018.
Embora as receitas e os lucros tenham registado um crescimento positivo em 2017 e no 1º trimestre de 2018, “o rácio entre o setor de utilities e o S&P 500 exibe um comportamento clássico de um bull market”, afirma a equipa.
Seguidamente, o setor de telecomunicações encontra-se em queda desde meados de 2016, revela o relatório, apresentando uma menor atratividade. Também o interesse dos investidores por este setor já se torna escasso.
Já no setor de cuidados de saúde, foi possível observar a pressão exercida nas margens operacionais, não só pela introdução dos medicamentos genéricos (menores preços), “mas também pelos maiores investimentos em R&D, assim como o aumento da atividade de fusões e aquisições, a fim de criar e/ou capturar novas patentes”, revela a análise.
Outro fator que fez com que as quedas acelerassem foi o rácio entre o setor de bens e serviços de consumo essencial, perante sucessivos máximos históricos. O rácio encontra-se agora em mínimos deste bull market, mais de três desvios-padrão abaixo da média.
Momentum Setorial – Europa
Outras Classes de Ativos
A equipa de Research do BiG revela também, na sua análise, a força que o USD está a ter. Refere-se, assim, ao ISM Non-Manufacturing PMI, que assinalou em maio, o 100º mês consecutivo de crescimento da atividade económica não manufatureira, alcançando os 58,6.
Fazendo uma comparação com a robustez do euro com a força do USD, o relatório revela que, existem condições para uma boa apreciação do Euro em 2017, "devido à eleição do presidente Macron, a evolução surpreendentemente positiva dos agregados macroeconómicos e a antecipação do fim dos estímulos não-convencionais (QE) do BCE".
A equipa prevê, ainda, que o "crescente risco político e o abrandamento económico europeu não criam muito espaço para uma subida das yields core, antevendo-se um alargamento do spread". Assim, só com um agravamento das tensões comerciais poderá permitir uma maior valorização para o euro e prevê-se que o par encerre o trimestre dentro do intervalo 1,13-1,18, conclui.
Commodities
Já no departamento dos metais preciosos, a análise revela que existe falta de procura de ouro, que tem penalizado o perfil de refúgio do metal, a par com a valorização do USD e a subida das yields.
A equipa prevê, ainda, que "se os riscos geopolíticos se sobrepuserem e gerarem aumentos de volatilidade, estimam que o ouro valorize, para o fim do trimestre, em USD 1240-75/onça".
Posicionamento
A equipa conclui o seu relatório com o posicionamento dos mercados de dívida e acionista e com o posicionamento dos setores e indústria da Europa.
No mercado acionista a Europa encontra-se posicionada ligeiramente positiva, assim como as ações defensivas (Europa). Os restantes países (EUA, Portugal e emergentes) e estilos (cíclicas, large caps e small caps) encontram-se neutrais.
Relativamente ao mercado acionista, o cenário é diferente. Nas dívidas soberanas, encontram-se neutros nas obrigações governamentais norte-americanas a 10 anos e negativos nas bunds a 10 anos. No entanto, nas dívidas soberanas dos países periféricos da Europa encontram-se ligeiramente positivos. Nas dívidas corporate o segmento Investment Grade dos EUA é o único em que se mantêm posicionados neutralmente, enquanto no Investment Grade Europeu encontram-se ligeiramente negativos. Estão igualmente negativos em high yield Europeu e high yield dos EUA.
Passando para os setores e indústrias da Europa, a análise revela que no geral trata-se de um cenário relativamente positivo, onde o setor industrial, o setor de consumo básico e o da saúde encontram-se positivamente posicionados. Nos restantes mantêm-se neutrais ou ligeiramente negativos.