Evolução da política monetária, nomeadamente nos Estados Unidos, com discussão sobre estímulo à economia tem impactado os juros da dívida também de outros países.
O IGCP colocou ontem 1.500 milhões de euros em bilhetes do Tesouro, a seis e a 18 meses, operação em que Portugal pagou taxas mais elevadas, em linha com a evolução no mercado secundário de várias dívidas soberanas, referem participantes no mercado.
"As taxas subiram, como se previa pelo comportamento do mercado secundário", refere Filipe Silva, director da gestão de activos do Banco Carregosa.
Na emissão a seis meses foram colocados 450 milhões de euros, a uma taxa de 1,04% (0,811% em Maio), com a procura a superar em 2,5 vezes a oferta; já na de 18 meses, o IGCP colocu 1.050 milhões de euros, a uma taxa de 1,603% (1,506% em Março), tendo a procura sido o dobro da oferta.
Apesar deste aumento, "não se poderá dizer que foi uma má operação, uma vez que a subida das taxas reflete o aumento das 'yields' das OT’s o que, por sua vez acompanhou a subida de outras obrigações europeias e principalmente dos da periferia", sublinha João Zorro, gestor de obrigações na ESAF.
O movimento de subida que tem vindo a verificar-se nas taxas das dívidas soberanas, incluindo a alemã, "deve-se essencialmente aos rumores sobre o fim das medidas de estímulo à economia dos bancos centrais de todo o mundo, refere Filipe Silva, e "não se trata de uma comportamento específico da dívida portuguesa".
Neste âmbito, João Zorro considera que o enquadramento da evolução das taxas de juro "irá também sofrer influências da discussão acerca da política monetária nos EUA, que terá reflexo sobre o ambiente de risco nos mercados financeiros”, refere em comentário à Funds People Portugal.