Após a redução no rating da Moody’s é a vez do S&P avaliar a qualidade creditícia do país. Chegará a meio do duelo entre Itália e a Europa sobre os orçamentos.
Preveem-se dias decisivos para o futuro de Itália nos mercados. Especialmente para a dívida do país. Esta sexta-feira será a vez da Standard&Poor’s de finalizar o seu novo rating para a Itália e fá-lo-á em pleno debate entre o governo e a Comissão Europeia sobre aos orçamentos.
Na passada sexta-feira, a agência Moody’s ofereceu um prenúncio do que poderia estar para vir. Reduziu um escalão do seu rating, para Baa3 com uma perspetiva estável. “Citaram a fragilidade significativa na robustez fiscal do país, tendo em conta que o governo populista quer aumentar o gasto nos próximos três anos”, resumem Dario Messi e Erini Tsekeridou, analistas de obrigações da Julius Baer. Além disso, a agência americana teme relativamente ao impacto negativo que o atraso ou a reversão das reformas fiscais e económicas poderá ter no crescimento. Segundo explicam os analistas, a perspetiva estável corresponde ao facto de o país ainda manter os critérios necessários para obter um rating Baa3, por ser uma economia grande e diversificada e uma sólida posição externa, com excedentes por conta corrente e uma elevada riqueza das famílias.
E os especialistas preveem uma resposta semelhante por parte da S&Ps esta sexta-feira, dia 26, como defende Adnrea Iannelli, diretor de investimentos em obrigações da Fidelity. A sua resposta é tão esperada que poderia até provocar um momento de alívio. Mas este não durará muito se o governo mantiver o tom agressivo dos seus comentários, segundo Iannelli. “Uma redução da classificação para o nível high yield terá um efeito devastador, tanto para os mercados como para a economia europeia. Embora essa situação não seja nem a nossa hipótese de trabalho nem o consenso de mercado, este poderá começar a ser descontado, atendendo a gravidade das suas possíveis consequências”, explica.
Posto isto, na opinião dos analistas da Julius Baer, os spreads da dívida italiana a 10 anos mantêm-se nos 300 pontos base e isto é um reflexo dos riscos significativos que o mercado interpreta. “O rating da Moody’s deverá acalmar os receios de que a dívida italiana entre no escalão de obrigação de muito baixa classificação creditícia”, defende.
Em contrapartida, o especialista da Fidelity adotará uma postura mais alerta. Porque embora tenha havido um contágio muito suave nos restantes mercados de dívida pública periférica e mínimo na dívida corporativa italiana, não tem de se ficar complacente. “Se os rendimentos dos BTP continuarem a aumentar, outras classes de ativos europeias ver-se-ão afetadas. Os mercados de dívida corporativa já mostraram a sua capacidade para agir como refúgio em períodos de elevada volatilidade dos BTP, mas continua a ser crucial ser seletivo”, defende.