A gestão ativa de ações funcionou melhor do que a de obrigações em 2020

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Photo by Amadej Tauses on Unsplash

A alta volatilidade e a ampla dispersão que se viram nos mercados num ano marcado pela pandemia como foi 2020 foram uma boa oportunidade para os gestores de fundos ativos demonstrassem que são capazes de superar os seus índices de referência. E assim o fizeram, segundo o barómetro Active-Passive que publicou recentemente a Lyxor ETF Research.

Neste relatório analisa-se a rentabilidade de 13.000 fundos ativos domiciliados na UE (que representam 2,3 biliões de euros em ativos) em relação aos seus índices de referência associados. E a conclusão é clara: a maioria dos gestores ativos superaram os seus índices de referência na maioria das categorias, pelo menos nas que se refere a ações.

O maior rácio de sucesso ficou em fundos de ações large cap da Europa com um estilo value já que o número foi de 91%. A melhor percentagem esteve, como vem sendo habitual, nas estratégias do mercado americano já que nas categorias US Large Cap Blen e Large Cap Growth o número foi de apenas 26 e 16%, respetivamente. 

“Num contexto mundial sem precedentes que representou um desafio extraordinário para os gestores ativos, é justo dizer que, em geral, em 2020 muitos gestores de ações ativos cumpriram o seu tradicional objetivo de proteger as carteiras face às fortes turbulências do mercado”, afirma Vincent Denoiseux, responsável de ETF Research and Solutions na Lyxor Asset Management.

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Não obstante, a fotografia em prazos mais longos não é tão positiva. Como recorda Denoiseux, quando se analisa a rentabilidade acrescentada além de 2020 vê-se que, por exemplo, só 12% dos fundos ativos Word Large Caps tiveram melhores resultados do que os seus índices em 2019 e 2020.

Em obrigações foi mais complicado

Também não é tão positiva a foto que deixa a comparação dos fundos de obrigações. As medidas anunciadas pelos bancos centrais e governos para enfrentar a crise económica provocada pela COVID-19 impactaram muito positivamente nos mercados de obrigações ao gerar tantas dispersões como se viram nas ações, o que acrescentou valor aos gestores ativos.

Em concreto, os melhores números foram registados nos fundos de obrigações emergentes em divisa forte, com um rácio de sucesso de 69%. Enquanto isso, os fundos ligados à inflação na Europa tiveram o pior resultado: só 7% conseguiram melhores resultados do que os seus índices de referência. “Os gestores de obrigações emergentes são os que mais rentabilidade acrescentaram aos índices. Beneficiaram de bom market timing e também um bom stock picking já que em média estiveram 2% do que os seus índices de referência”, aponta Jean-Baptiste Berthon, Senior Cross-Asset Strategist na Lyxor AM.

O previsível é que esta dificuldade em conseguir rendimentos melhores que os índices de referência se estenda também em 2021. Berthon explica porquê: “Os gestores terão de lutar para ter portefólios mais protegidos e diversificados, mas terão menos ferramentas para o conseguir”. Já para não falar que, além disso, enfrentam riscos que podem mudar a perspetivas de rentabilidades em muito pouco tempo.

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O alfa do ESG

Onde houve maior coerência foi no universo dos fundos ESG. Este tipo de estratégias não só conseguiram angariar a maioria das subscrições em 2020, mas também foram sustentados pelos seus bons retornos nas estratégias de investimento mais comuns. Na verdade, os fundos ESG superaram os seus equivalentes não ESG no ano passado. O seu retorno excedente foi de 1,4% em média em comparação com a média dos seus homólogos.

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