A Vanguard voltou a reduzir novamente o preço dos seus ETF, mas na indústria de fundos cotados, onde as comissões são já muito reduzidas e o cliente cada vez mais sofisticado, jogar com o TER começa a perder efeito.
A guerra de preços que vive a indústria da gestão passiva não cessa. A Vanguard voltar a dar um golpe ao reduzir novamente o preço dos seus ETF. As descidas foram aplicadas nos Estados Unidos sobre estratégias que, já por si, contavam com comissões muito reduzidas, pelo que os cortes foram de um ou dois pontos base. A margem para jogar com o TER é cada vez mais reduzida.
Apesar de ser evidente que os gastos totais mais baixos indubitavelmente derivam em rentabilidades líquidas mais elevadas para o investidor final, isso não significa necessariamente que os ETF com TER mais baixo sejam os que vão oferecer um retorno mais alto. No mundo dos ETF, o TER é um fator, mas não é o único a ter em conta.
Se, por exemplo, analisar o comportamento dos ETF sobre o S&P 500 na última metade do ano, pode-se observar que não existe uma relação direta entre o TER e a rentabilidade. Não se pode aplicar a norma de que um produto venha a ter um melhor comportamento relativo que outro só por apresentar um rácio de gastos totais inferior. Isto é demonstrado pelo facto de os três ETF com um TER mais elevado serem, precisamente, os que melhores resultados obtiveram nos últimos cinco anos.
Além do TER, no momento de decidir qual é o produto mais adequado para uma carteira, no mundo dos ETF entram em cena outra série de fatores mais relevantes que as equipas de seleção destes produtos, cada vez mais profissionalizados, conhecem muito bem. Fatores como são o tipo de réplica que aplica, o tracking difference ou a retenção fiscal dos dividendos.
O TER é um elemento mais que as equipas de seleção acrescentam à análise, mas não um rácio que por si só serve para filtrar um produto. Isto faz com que jogar com o que possa ser visto por parte dos clientes como uma manobra de distração que subestima a sua capacidade analítica, levante dúvidas sobre a sua transparência. A guerra dos preços nos mundos dos ETF está a perder cada vez mais sentido.