Amundi Global Multi Asset Conservative: um fundo misto sem restrições baseado em quatro pilares

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Enrico Bovalini. Créditos: Cedida (Amundi)

O Amundi Global Multi Asset Conservative é um fundo misto da Amundi com Rating FundsPeople+ em 2023 cujo objetivo é maximizar os retornos da carteira num horizonte de investimento recomendado de quatro anos, com um perfil de risco conservador, utilizando um orçamento médio de volatilidade de 5% a 7%. São as informações presentes no prospecto. A filosofia de investimento com que Francesco Sandrini e Enrico Bovalini gerem o produto baseia-se em quatro pilares.

Em primeiro lugar, a alocação de ativos ideal não é estática. “É ativa, o que proporciona a capacidade de gerar alfa ao procurar ineficiências do mercado entre classes de ativos através de uma análise fundamental e técnica sólida, com uma abordagem multicenário”, explica Enrico Bovalini à FundsPeople.

Em segundo lugar, consideram que se pode conseguir uma diversificação eficaz através de uma combinação de estratégias de investimento pouco correlacionadas. “As estratégias construídas com base em fontes independentes de geração de ideias em diferentes horizontes temporais, conjuntos de competências e classes de ativos desempenham um papel fundamental na diversificação geral do risco”, afirma o cogestor.

Em terceiro lugar, baseia-se na manutenção de uma mentalidade independente e de uma estrutura de colaboração, o que “favorece uma abordagem construtiva para uma melhor produção de ideias, evitando o pensamento consensual enquanto aproveitam os recursos globais da Amundi”. E, por último, na gestão de riscos. “É a pedra angular. A capacidade de calibrar e medir adequadamente os riscos tem como resultado uma melhor gestão da carteira e um perfil equilibrado com um nível de risco geral mais baixo”, sublinha.

Estilo de investimento e processo

O estilo de investimento deste produto pode ser descrito como de retorno total. “É um fundo de gestão ativa e agnóstico face ao benchmark. A direção long only do mercado, a principal fonte de rendimento, representa a nossa visão macro top-down do mundo, capturando o nosso cenário central de elevada convicção. Fazemo-lo combinando uma alocação de ativos top-down com uma seleção de ações bottom-up”.

A alocação de ativos do fundo inclui um processo de três passos que tem em conta uma alocação de ativos a médio prazo determinada pela Alocação Dinâmica de Ativos (DAA); uma alocação a mais curto prazo conduzida pela Alocação Tática de Ativos (TAA); e um processo de orçamento de riscos, que aloca eficazmente o risco entre as estratégias.

“Utilizamos no fundo um orçamento de risco com uma abordagem sem restrições para posicionar a carteira na melhor alocação possível através do ciclo económico, de lucros e de alavancagem, sob a forma de Alocação Dinâmica de Ativos que considera um horizonte a médio prazo. Estabelecemos ponderações dinâmicas de alocação para formar a nossa alocação de ativos e regional, com uma abordagem cíclica de alocação de ativos, de natureza dinâmica”, indica Enrico Bovalini.

Atualizam as ponderações da alocação dinâmica de ativos trimestralmente, se houver alterações nas suas previsões de classes de ativos. Embora estas ponderações se otimizem utilizando um modelo quantitativo, os gestores determinam o resultado em função do seu critério qualitativo do contexto de mercado.

Para potenciar ainda mais o alfa, o fundo também aproveita as condições do mercado em horizontes temporais mais curtos, onde as condições económicas prevalecentes podem favorecer certas classes de ativos em detrimento de outras com valorizações de mercado divergentes face ao seu valor justo a longo prazo.

“A nossa alocação de ativos é ajustada taticamente através da Alocação Tática de Ativos (TAA), implementada para beneficiar de oportunidades de investimento a mais curto prazo. A TAA é formalmente revista mensalmente para incorporar as decisões da estratégia macro, baseada na nossa abordagem de quatro pilares de investimento, dentro do nosso próprio quadro de orçamento de riscos. Depois, alocamos o risco a três estratégias de geração de alfa (estratégia macro, estratégia satélite e de seleção de ações), bem como a estratégias de cobertura macro, cujo objetivo é mitigar o risco”, assinala o cogestor da estratégia.

A Amundi também utiliza um quadro de orçamento de riscos próprio, que representa a componente central do seu processo de investimento e o método através do qual alocam o risco entre gestores multiativos especializados.

“O orçamento de risco ajuda-nos a compreender em que medida cada estratégia de geração de alfa contribui para o risco geral da carteira e se este risco pode ser reduzido através da combinação de estratégias não correlacionadas ou com baixa correlação entre si para conseguir a diversificação de riscos. O orçamento de risco também facilita a gestão eficiente da carteira através da gestão disciplinada do drawdown e da posição. Esta independência na tomada de riscos estabelece as bases para uma diversificação eficaz”, explica Enrico Bovalini. 

Posicionamento atual em obrigações

Normalmente, gerem a duração da carteira num intervalo entre dois e sete anos. “Tendo em conta as condições económicas e as nossas expetativas, no ano passado aproveitamos para aumentar progressivamente o posicionamento em duração da carteira, partindo de um mínimo de dois anos e aumentando a duração até um nível próximo dos 4,5 anos, que mantivemos, em geral, este ano, com uma yield total da carteira de 4,5% (no fim de fevereiro de 2023). Aumentamos principalmente a exposição a obrigações do Tesouro dos EUA, acrescentando exposição a níveis em que, na nossa opinião, o mercado tinha descontado agressivamente as expetativas de subidas de taxas”.

Agora, com sinais de abrandamento da inflação e uma possível desaceleração do ritmo de subida de taxas, a sua exposição a duração está posicionada para beneficiar de um contexto de yields reais mais baixas. “Com o BCE a iniciar mais tarde o seu ciclo de endurecimento e no meio de condições económicas mais débeis, continuamos a manter uma exposição a duração mais limitada nos mercados periféricos europeus, com preferência pela dívida italiana, onde, de uma perspetiva fundamental, não vemos nenhuma alteração”. Também têm estado ligeiramente positivos em dívida de mercados emergentes, uma vez que viram a maioria dos seus bancos centrais completar o seu ciclo de subidas no ano passado, oferecendo também níveis atrativos de carry.

Quanto ao seu posicionamento em crédito, adotaram, em geral, uma postura mais conservadora, com um menor nível de duração de spreads ao longo do último ano. Mantêm um viés para o crédito com investment grade e reduziram ainda mais a exposição a high yield, baseando-se tanto nas fracas perspetivas económicas, como também numa perspetiva de valorização recente.

Posicionamento atual em ações

Um dos ajustes mais significativos tem ocorrido na sua alocação de ações, onde, em geral, reduziram a exposição desde o início deste ano, adotando uma posição estruturalmente mais prudente. “De uma perspetiva regional, a maior parte da redução que realizamos recentemente foi na nossa exposição às ações norte-americanas, devido às expetativas de uns lucros empresariais mais fracos que, na nossa opinião, não foram totalmente descontados nos atuais níveis de valorização”.

Na Europa, começaram a ser mais construtivos com uma revisão das expetativas macroeconómicas. “Assistimos recentemente a vários acontecimento positivos que consideramos serem um catalisador positivo para as ações europeias. Como, por exemplo, a queda dos preços do gás natural, a reabertura da China e o atual nível de valorizações, cuja combinação constitui um argumento de apoio. Neste contexto, continuamos focados em ser seletivos e, dentro da nossa estratégia de seleção, temos realizado ajustes, por exemplo, nos EUA, reduzindo a exposição a setores defensivos caros e saturados dentro dos farmacêuticos e dos produtos básicos, acrescentando semicondutores subvalorizados, empresas expostas à China e defensivos mais baratos no setor da comunicação”.

Dentro do mercado europeu, continuaram a aumentar nos setores discricionário, básico e financeiro, que esperam que beneficiem da recuperação da China, impulsionada mais pela procura dos consumidores do que pela despesa em infraestruturas. “Reduzimos recentemente a nossa sobreponderação em energia após o seu bom comportamento e continuamos subponderados em materiais e indústrias na Europa. Relativamente à reabertura da China, também aumentamos a exposição a ações de mercados emergentes. Temos sido táticos na nossa exposição a matérias-primas na carteira, mantendo um bom nível de exposição ao ouro como cobertura contra o contexto inflacionista e maior volatilidade a nível macro; enquanto mantemos, por agora, uma exposição muito menor ao petróleo”, conclui.