As seis alternativas da Europa se se suspender o fornecimento de gás russo

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Créditos: Martin Adams (Unsplash)

A guerra na Ucrânia está a causar uma escalada de tensão entre a Rússia e o Ocidente. As sanções anunciadas contra o presidente russo Vladimir Putin e a economia do seu país, podem desencadear uma crise energética no continente devido à dependência da Europa do gás russo. Neste momento, este cenário não está descartado.

Como explica John Plassard, especialista em investimentos da Mirabaud Equity Research, entre as maiores economias da Europa, a Alemanha importa cerca de metade do seu gás da Rússia, enquanto a França recebe apenas um quarto, de acordo com os dados mais recentes da Agência da União Europeia para a Cooperação dos Reguladores em Energia.

A Noruega é a principal fonte de gás francês, com 35%. A Itália também estaria entre as mais afetadas, com 46% de dependência do gás russo. O Reino Unido está numa posição diferente, obtendo metade dos seus fornecimentos de gás de fontes domésticas e importando principalmente da Noruega e do Qatar.

Alguns pequenos países europeus dependem exclusivamente do gás russo, como a Macedônia do Norte, Bósnia e Herzegovina e Moldávia. A dependência também ultrapassa 90% do fornecimento de gás na Finlândia e Letônia e 89% na Sérvia.

As seis alternativas que a Europa tem se o fornecimento de gás russo for cortado, As seis alternativas que a Europa tem se o fornecimento de gás russo for cortado

No que se refere a Portugal, dados da Direção Geral de Energia e Geologia (DGEG) mostram uma dependência do gás russo inferior a 10% em 2020 e a 2% em 2019 , com alternativas de fornecimento por via marítima e por gasoduto, com origem no norte de África.

Mas… existem alternativas ao gás russo? “É claro que existem alternativas ao gás russo, mas são caras, não atendem às metas de CO2, estão estagnadas ou não são eficientes o suficiente”, diz Plassard. E… quais seriam essas alternativas especificamente?

Recorrer a outros países de leste

“Vários países que dependem quase completamente da Rússia para energia têm planos de construir pequenos terminais de gás natural liquefeito. Entre eles estão Estónia, Letónia, Lituânia e Polónia”, revela o especialista.

Recorrer ao Chipre

De acordo com Plassard, a Europa pode eventualmente recorrer a uma fonte maior e mais próxima. Quase 1.000 milhões de metros cúbicos de gás, ou pouco mais de dois anos de consumo europeu, foram descobertos em águas israelitas e cipriotas. Os planos de exportação ainda estão nos estágios iniciais e a instabilidade na região não está a ajudar, mas os esforços estão a aumentar para trazer este gás para a UE e transformar Chipre num país produtor”.

Recorrer ao gás de xisto

Também há esperança para o gás de xisto, que vem sendo explorado com algum sucesso nos Estados Unidos. “No entanto, por razões geológicas, os custos de exploração são mais elevados do que nos EUA. Politicamente, a França, Bulgária e Alemanha, onde a exploração parou, também se opõem por razões ambientais”, recorda o especialista Mirabaud.

Recorrer a energias alternativas

“No que diz respeito às energias alternativas, os esforços até agora pouco fizeram para aumentar a segurança energética, então esta é uma esperança no médio-longo prazo”, diz.

Recorrer ao carvão

O carvão, grande poluidor, não é muito compatível com as metas de redução das emissões de gases de efeito estufa. No entanto, Plassard ressalta que ainda é uma fonte de energia muito importante em alguns países, como a Alemanha.

Recorrer à energia nuclear

Quanto à energia nuclear, o especialista destaca que o encerramento programado na Alemanha foi um duro golpe para as perspetivas de desenvolvimento desta energia difícil de classificar (sem emissões de CO2, mas é difícil ou quase impossível renovar o urânio).