As três áreas-chave para o crescimento de ativos nos mercados privados

Créditos: Paul Skorupskas (Unsplash)

Crescer no segmento dos mercados privados tornou-se uma verdadeira obsessão para muitas gestoras. No entanto, não será fácil para as empresas fazê-lo se não se adaptarem adequadamente às áreas-chave que irão ditar o seu crescimento. A Boston Consulting Group vê potencial para as gestoras crescerem nos mercados privados, especialmente aquelas que compitam mais eficazmente em três áreas-chave: prestar apoio ao mundo do retalho, a utilização de dados e fontes de análise para melhorar a tomada de decisões, e uma correta e verdadeira integração dos critérios ESG nos processos de gestão e reporting. “Cada uma destas áreas-chave merece muita atenção”, destacam.

Apostar no mercado de retalho

A consultora considera que é provável que a próxima grande onda venha dos investidores de retalho, que, na sua maioria, têm ficado à margem da expansão dos mercados privados. “Para ter uma ideia da magnitude desta base de potenciais investidores, basta referir que os investidores de retalho nos EUA detêm aproximadamente 50% do total do património em todas as classes de ativos do mercado público, mas apenas 10% dos ativos do mercado privado”, explicam.

Segundo os dados da Boston Consulting Group, em média, os investidores de retalho têm atualmente entre 1% a 5% da alocação total da sua carteira em mercados privados. Por outro lado, a alocação dos investidores institucionais está entre os 10% e 15%. “Mesmo um pequeno aumento percentual na alocação de investidores de retalho poderá ter um impacto substancial”, destaca a empresa de consultoria. 

Obter uma vantagem através de dados e análises

Durante a próxima década, o ritmo a que as gestoras adotarem os dados avançados e capacidades analíticas contribuirá em grande medida para determinar quem serão os líderes da indústria. A Boston Consulting Group considera que estas capacidades irão ser fundamentais para o abastecimento, due diligence, gestão de carteiras, controlo de riscos e as restantes componentes da cadeia de valor. “E as capacidades de investigação avançada são particularmente valiosas nos mercados privados”, sublinham.

Ao contrário dos mercados públicos, onde há abundância de dados quase em tempo real e que rapidamente se refletem no preço, os mercados privados têm uma lacuna de informação estrutural que, na sua opinião, deve ser colmatada. “Para as empresas que aproveitam ao máximo os dados e as capacidades analíticas, descobrimos que cerca de 20% do sucesso provém dos dados e da tecnologia. E cerca de 80% provém da gestão da mudança. Isto não significa que os dados e a tecnologia sejam fáceis. Não são. Mas o desafio crítico é aplicar estas capacidades no centro do processo de tomada de decisões de investimento”.

Sustentabilidade verdadeiramente integrada no processo

Os vencedores nos mercados privados irão ter em conta a sustentabilidade, particularmente no que diz respeito ao clima, no processo de investimento. E terão a capacidade de explicar aos seus parceiros e aos reguladores como integraram a sustentabilidade, desde o processo de gestão do investimento até à apresentação do relatório.

“É provável que os gestores menos capazes se vejam apanhados na crescente revolta contra as empresas que praticam greenwashing de forma a exagerar o impacto dos seus benefícios ESG. Num estudo recente que realizamos, observamos que um terço das gestoras americanas informaram que tinham perdido ou arriscavam-se a perder mais de 20% dos mandatos institucionais devido a capacidades ESG inadequadas”, advertem.

Conforme o indicado pela consultora, os atores do mercado privado, com os seus períodos de investimento mais longos e com posições de controlo, estão particularmente bem posicionados para impulsionar uma mudança sustentável. Por exemplo, exigindo diversidade nos conselhos de administração, associando linhas de capital a métricas de sustentabilidade ou elaborando uma estratégia ESG para transformar o negócio. “Para além de ser a atitude correta, integrar a sustentabilidade faz sentido do ponto de vista financeiro. Os compradores estão cada vez mais dispostos a pagar um prémio por ativos que tenham passado por uma transformação de sustentabilidade”, concluem.