O gestor do GS Eurozone Equity Income, que este ano conta com Rating FundsPeople, explica a idiossincrasia de uma estratégia com a qual, nos últimos três anos, se conseguiu proteger em períodos de queda do mercado e subir mais do que o benchmark em fases de recuperação.
O GS Eurozone Equity Income, um fundo de ações europeias que, nos últimos anos, se destacou pelos seus bons resultados, é gerido por Nicholas Simar e Robert Davis. Trabalham juntos desde junho de 2018, mas foi depois do surto da pandemia da COVID que o produto demonstrou a sua grande resistência, tanto em mercados em alta como em baixa.
Em 2021, gerou uma rentabilidade líquida de 27,4%, mais 5,3 pontos do que o MSCI EMU Index; em 2022, perdeu 5,7%, quando o índice perdeu 12,4%. E no ano passado, ganhou mais 84 pontos em relação ao benchmark. Conseguiram-no com uma carteira concentrada, na qual têm atualmente 35 títulos, e muito equilibrada a nível setorial. “A nossa abordagem é apostar em empresas de quality value, evitando os segmentos value de maior risco”.
Tal o afirma Nicholas simar, explicando aos seus clientes o posicionamento atual de uma estratégia com uma clara abordagem para o dividendo. Atualmente, a rentabilidade por dividendo média da carteira é 4,3%, face aos 3,5% do índice. Mas o pay-out das empresas não é, de forma alguma, o rácio mais relevante no seu processo de análise e seleção do universo de investimento.
“No momento de analisar as empresas, o verdadeiramente importante não é o dividendo que a empresa paga em termos absolutos, mas sim a sustentabilidade desses pagamentos, para o qual é fundamental entender a evolução dos fluxos de caixa líquidos. É preciso prestar atenção à valorização, mas também à qualidade da empresa. Ser meticuloso nesse processo de filtragem do universo e seleção de títulos é crucial”, defende.
Por esse motivo, o cogestor da estratégia considera que a gestão ativa tem uma clara vantagem face à indexada. O contexto muda e, consequentemente, o posicionamento também. Atualmente, no seu conjunto, o beta da carteira está abaixo de um (0,9). “Encontramo-nos na fase final do ciclo. É o momento certo para apostar em empresas de qualidade com fluxos de caixa líquidos sólidos. Não há necessidade de sermos agressivos à procura de deep value”.
Em média, uma empresa costuma permanecer na carteira do GS Eurozone Equity Income durante dois anos. Atualmente, as principais posições são multinacionais como a Total Energies, Vinci, Enel, Deutsche Telekom, Iberdrola ou a AXA. “Em relação ao benchmark, sobreponderamos utilities (com um peso de 5,3% face ao índice), energia (+3,9%) e consumo básico (3,2%), destacando a subponderação ao consumo cíclico (-9,9%)”, revela.
Na sua opinião, o timing é bom para investir. “A bolsa europeia negocia a mínimos face à dos EUA. A economia parece estar a debilitar-se, mas o volume de poupança continua elevado, o consumo resiste e a inflação tende a baixar. O nosso posicionamento é defensivo porque o mercado prevê cinco ou seis descidas de taxas para este ano. E é possível que isto acabe por não acontecer e seja uma deceção”, conclui o gestor da Goldman Sachs AM.