A vertente estratégica inerente à gestão de risco Os acontecimentos ocorridos após o início da crise financeira justificam a crescente importância de uma efetiva análise de risco, para compreensão de toda a atual envolvente. O elemento comum a muitos destes eventos foi o seu factor surpresa pois traduziram-se em cenários que até então eram completamente […]
A vertente estratégica inerente à gestão de risco
Os acontecimentos ocorridos após o início da crise financeira justificam a crescente importância de uma efetiva análise de risco, para compreensão de toda a atual envolvente. O elemento comum a muitos destes eventos foi o seu factor surpresa pois traduziram-se em cenários que até então eram completamente impensáveis. Apesar de frequentemente os decisores, nos diferentes níveis de atuação, nos prometerem estabilidade, a realidade é que a nossa natureza humana incorpora a incerteza como uma característica própria.
Face a esta realidade, importa voltarmo-nos a centrar em torno do binómio risco versus retorno: qual a dimensão da perda máxima potencial no caso de uma decisão errada? - ao invés, apenas da pergunta, qual a probabilidade e o ganho associado no caso de estarmos certos? Esta renovada perspectiva impõe-se hoje para todos os agentes económicos que dependam de actividades associadas ao mercado de capitais. A título ilustrativo, consideremos o exemplo de uma empresa, a partir da comparação entre os riscos que controla e os que defronta. A análise da demonstração de resultados possibilita concluir que esta apenas possui o domínio do risco específico inerente à sua capacidade de gestão operacional e estratégica. Em contrapartida, a empresa encontra-se exposta a vários fatores de perturbação, os quais não controla minimamente, mais concretamente: o risco soberano, o do custo das matérias-primas, o risco associado ao valor dos ativos imobiliários, o de taxa de juro, o risco de crédito e, por fim, o fiscal. Assim, esta análise sugere a necessidade do reforço da vertente estratégica da empresa, bem como a importância da diversificação de mercados como forma de mitigar o nível de risco específico. No entanto, indicia igualmente a necessidade de um conhecimento aprofundado por parte dos gestores dos outros riscos a que a empresa está exposta. Dado que tanto as instituições financeiras como os investidores financiam, directa ou indirectamente, as empresas, também estes deverão estar a par de todas as possíveis fontes de incerteza inerentes aos seus ativos.
Figura 1 – Principais riscos associados à atividade bancária.
Atendendo a todo este contexto de profundas alterações, as universidades devem igualmente desempenhar o seu papel, de forma a irem ao encontro das necessidades de formação do próprio mercado. A iniciativa lançada pela Católica-Executive Education no ano de 2012, e repetida este ano, do programa Fixed Income Profiles and Strategies insere-se dentro desta linha de atuação. O curso procura o regresso aos princípios de modelização e quantificação de risco para os instrumentos associados à desempenho do mercado obrigacionista.
Pretende-se que os participantes adquiram um conjunto de conhecimentos teóricos relativos aos diferentes payouts oferecidos por esta classe de ativos bem como uma experiência prática no processo de formação das decisões de investimento. Neste sentido, após cada sessão teórica os participantes serão desafiados a modelizar os respectivos instrumentos financeiros e, partindo deste processo, a implementar uma estratégica de trading com um limite máximo para perdas (valor previamente definido pela metodologia de Value-at-Risk). As sessões tenderão a ocorrer numa base mensal (dois dias por mês – Sexta-feira e Sábado) entre Abril e Junho de 2014. A sessão final ocorrerá no final de Junho tendo por objetivo a avaliação do desempenho das diferentes estratégias de trading de cada participante.
Figura 2 - Evolução do desempenho financeiro de uma das estratégias de trading implementadas pelos participantes ao longo da 2ª edição do programa.