O Chart of the Week desta semana analisa a relação entre o consumo alimentar e a produção de alimentos numa perspetiva de longo prazo. Que mudanças terão que ocorrer? Um contributo de Rita González, partner na Baluarte.
(O Chart of the Week desta semana é da autoria de Rita González, partner da Baluarte)
É conhecido o desafio da aproximação a uma era em que haverá mais pessoas do que alimentos. Espera-se que até 2050 a população mundial supere os 9 mil milhões, prevendo-se que, até essa altura, seja necessário aumentar a produção de alimentos em mais de 70%. O ano de 2050 é frequentemente referido pelos cientistas como a data limite em que o mundo ficará em deficit alimentar. As estatísticas base desta referência são, contudo, suportadas por métricas de massa, toneladas, que ignoram o valor nutricional dos alimentos. Sara Menker, fundadora e CEO da Grow Intelligence, apresenta uma nova e perturbadora perspectiva, em função do valor calórico dos alimentos: “Até 2027 o mundo poderá enfrentar um deficit de 214 Biliões (Triliões) de calorias”.
Por outras palavras, em menos de uma década poderemos não ter comida suficiente para alimentar o planeta. O crescimento económico e demográfico de regiões como a China, India e África comprometem de forma decisiva as estatísticas mais otimistas. Estima-se que até 2027 estas regiões representarão mais de metade da população mundial, apresentando uma vertiginosa e agravada tendência para o aumento das importações liquidas de alimentos. Nos últimos anos, a China tem vindo a adicionar alimentos calóricos à sua dieta, com especial destaque para a carne vermelha.
De acordo com as previsões apresentadas por Menker, em 2027, mesmo que todos os países da Europa e das Américas exportem a totalidade dos seus excedentes para a China, India e África, não será suficiente para cobrir as necessidades das suas populações. Nessa altura, o deficit de calorias será equivalente 379 mil milhões de “Big Macs”, um número largamente superior a todos os hambúrgueres que a MacDonald’s produziu desde a sua existência. Com um curriculum no universo financeiro, Sara Menker defende que ainda é possível evitar esta crise. A transformação da industria agrícola, a alteração dos padrões de consumo, a diminuição do desperdício, a melhoria de infraestruturas e o aumento da rendibilidade do sector agrícola, são enunciados como factores chave.