Carlos Bastardo, no seu habitual artigo de opinião, faz uma análise dos valores dos PMI europeus, que se veem prejudicados. Saiba porquê.
Ainda não foi em novembro que vimos uma recuperação dos PMI’s da indústria na Europa: o indicador da zona euro caiu para 51,8 quando por exemplo há 3 anos atrás estava em 53,2.
O indicador alemão está no nível mais baixo de há 31 meses, 51,8 quando no final do ano passado estava nos 63,3.
A Itália já está na zona com problemas de crescimento, pois o indicador pelo segundo mês consecutivo ficou abaixo de 50 (49,2 em outubro e 48,6 em novembro). O governo dos extremos (esquerda e direita) não convence ninguém, especialmente os empresários italianos. De facto, os partidos radicais e populistas europeus não inspiram confiança aos agentes económicos.
O único país da zona euro que escapa a esta descida é a Irlanda, cujo indicador está nos 55,4 em novembro, subindo 0,5 pontos face ao valor de outubro, embora abaixo do valor de dezembro de 2017 (59,1).
A França, segundo potência económica da zona euro, está apenas 0,8 pontos acima de 50. A crescente radicalização de algumas forças e de alguns anarquistas que só querem confusão, tem tido reflexos negativos na confiança económica. Há uns anos, quando o governo de então subiu a idade da reforma de 60 para 62 anos, foi muito complicado. Agora com a subida dos combustíveis, foi o que se viu. Se os franceses tivessem um preço dos combustíveis e uma carga fiscal sobre os mesmos como existe em Portugal, como seria? É caso para dizer que os franceses estão mal habituados!...
Por sua vez, o PMI da indústria inglesa subiu de 51,1 em outubro para 53,1 em novembro. O acordo do Brexit alcançado com a União Europeia foi a principal causa desta subida. Contudo, o mais difícil ainda está para vir: a aprovação do parlamento inglês e que já foi adiado para meados de janeiro de 2019 e os efeitos económicos do Brexit.
Nos EUA a situação é diferente. O PMI de novembro ficou nos 55,3 quando em dezembro de 2017 estava nos 55,1. Ou seja, uma performance estável ao contrário da zona euro e dos seus principais motores económicos.
O panorama de fraqueza ou sem grandes perspetivas acontece também na Ásia. O PMI da indústria chinesa estava no final de novembro nos 50,2 (51,5 em dezembro de 2017), o da Coreia do Sul estava nos 48,6 (vindo de 51 em outubro), o de Taiwan nos 48,4 e o do Japão nos 52,2 (52,9 em outubro).
Notícias positivas na Rússia e no Brasil. O PMI da indústria russa que estava nos 48,1 em julho, fechou novembro nos 52,6. No Brasil, a derrota estrondosa do PT e a eleição de Bolsonaro tiveram efeitos positivos, com o PMI a subir de 50,9 em setembro para 52,7 em novembro.
Genericamente, vemos duas velocidades bastante distintas entre os EUA e a Europa, o que não é novidade, mas que é um problema para quem investe em ativos financeiros de risco europeus. E 2018 não vai deixar saudades!
Os empresários europeus estão preocupados com o rumo da economia e com os efeitos negativos que alguns acontecimentos poderão ter na coesão europeia.
As reformas na Europa com vista a um maior federalismo têm que avançar mais vincadamente e os resultados positivos das mesmas têm que ser rápidos sob pena de, caso não aconteçam, vermos cada vez mais brechas no edifício europeu.
Desejo a todos um Feliz Natal e um 2019 com saúde e sucesso pessoal.